Bolinhos de arroz congelados estão sendo vendidos na loja de conveniência Lawson no Japão antecipando uma crise de logística. Saiba mais.
Onigiri congelado da Lawson para antecipar crise
A empresa pretende reduzir o número de entregas nas lojas se antecipando a crise de mão de obra que o país enfrenta.
Além disso, a solução congelada promete resolver também o problema de desperdício de alimentos. Já na indústria de logística japonesa existem expectativas para que o problema se agrave em 2024.
As entregas serão afetadas pela falta de trabalhadores, além da adequação causada pelas novas regulações feitas ao trabalho dos motoristas de entrega, que entram em vigor a partir de abril do ano que vem.

Por isso, a rede de loja de conveniências japonesas está se antecipando para diminuir a necessidade de frequência de entregas maiores.
Os produtos congelados fazem parte da solução, aos poucos substituindo as entregas diárias de alimentos frescos que eram vendidos nas redes.
De três entregas diárias para uma
Segundo informações da Lawson, as entregas de bolinhos de arroz fresco são feitas três vezes ao dia nas lojas de área urbana.
Com a introdução da linha de congelados, essas entregas serão reduzidas a apenas uma ou menos, segundo as previsões.

Estão sendo vendidos seis tipos de bolinhos de arroz onigiri para as pessoas escolherem: salmão grelhado, arroz cozido com feijão vermelho, gomoku com cinco ingredientes misturados no arroz com e sem frango, com semente de gergelim e salmão e uma última opção com alga marinha wakame.
O preço médio cobrado varia entre 138 a 268 ienes incluindo taxas. Eles podem ser esquentados no micro-ondas da loja e serão uma opção a mais para os consumidores, já que os bolinhos de arroz frescos continuarão sendo vendidos.
Por enquanto, os onigiris congelados estão sendo testados em 21 lojas e se forem aceitos serão colocados em mais lojas a nível nacional em 2025.
Problema na indústria de entregas japonesa

A indústria de entregas no Japão passa por uma crise por falta de trabalhadores. Com longas horas de trabalho, salários baixos e casos de karoshi (morte por excesso de trabalho) a área passa por dificuldades.
Um dos casos que repercutiu na imprensa foi o de um motorista que faleceu de ataque cardíaco aos 52 anos, enquanto dirigia em 2019, segundo reportagem do Mainichi Shimbun.
Segundo o processo movido pela mãe do homem de 76 anos, ele havia feito 159 horas extras mensais nos últimos seis meses anteriores a sua morte. Para se ter ideia, os riscos de óbito por excesso de trabalho chegam ao alerta vermelho quando se chega a 80 horas.
“Problema de 2024” da indústria de logística
O “problema de 2024” é algo esperado pela indústria com regulações legais para impedir que os motoristas façam muitas horas extras.
Apesar da tentativa de proteger os motoristas, isso evidenciará outro problema que é a falta de mão de obra que afetará a logística de entregas.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar, o número de motoristas que sofrem de danos cerebrais e do coração relacionados com excesso de trabalho aumentaram 56% em 2021.
Salário baixo e longas horas de trabalho
Além disso, o número de horas trabalhadas é 20% mais longas em comparação com outras indústrias e o pagamento é 10% mais baixo. Isso perfaz um problema sistêmico.
A nova legislação revisada em 2019 limitando o horário de trabalho anual em 720 horas de horas extras foi estabelecido no Japão. Foi estabelecido um prazo de cinco anos para que as empresas se adequassem. Portanto, este prazo acabará em 2024.
Segundo informações da empresa de logística de Tokyo chamada Nomura Research Institute Ltd. quando 2025 chegar eles não conseguirão entregar 28% de suas entregas programadas e esta porcentagem aumentará a 35% em 2030.
Medidas do governo
Por isso, o governo japonês está organizando contra medidas para reduzir o tempo de espera que os motoristas enfrentam obrigatoriamente nos centros de distribuição para evitar o acúmulo de horas extras na hora de carregar e descarregar os itens.
Ainda segundo o professor da Rikko University, Wakama Shuto, especialista em relações de trabalho, além das melhorias das condições de trabalho, deve haver uma aceitação das empresas e consumidores que as taxas deverão ser elevadas também.
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