Os Fictosexuais no Japão fazem parte de uma tendência com criação de uma nova sexualidade derivada de um novo modo de se relacionar. É cada vez mais comum pessoas se apaixonando e casando com personagens virtuais, personagens de animes, etc. Saiba mais.
Fictosexuais no Japão

Um dos precursores do movimento é o Akihiko Kondo, 40 anos, que há cinco anos se casou com a personagem Miku.
Miku não é uma pessoa, mas um personagem que usa inteligência artificial e que canta com voz criada por um software. Aliás, foi sua voz que salvou Kondo em um momento de sua vida delicado quando pensava em suicídio.
A sua esposa tem uma aparência de anime com grandes olhos e cabelos da cor azul. Ela é aplicada em diversos materiais, desde ao aparelho tecnológico Gatebox que dá uma projeção holográfica em miniatura, como em forma de almofadas e outros itens que a representam.

Miku tem um boneco em tamanho real que fica no apartamento de Akihiko Kondo. Todos os dias ele a cumprimenta quando chega em casa, como ela senta ao seu lado na hora das refeições.
Sua presença física não interage, mas através dos aparelhos, Kondo consegue ouvir sua bela voz, que o encantou.
Depressão até a paixão
Ele estava afastado do trabalho por conta de bullying causado por duas colegas de trabalho.
Foi quando ele ouviu a voz suave e penetrante de Miku em um site. Se apaixonou instantaneamente e depois casou com a personagem com cobertura midiática da imprensa japonesa.
Deu entrevistas, posou para fotos e abriu sua privacidade para milhares de pessoas atônitas e supresas com sua atitude incomum.
Comunidade de fictosexuais no Japão surgiu
No entanto, surgiram muitas outras pessoas no Japão que assim como ele, haviam se apaixonado por personagens e gostariam de ter coragem de fazer o mesmo, de se casar.
Então, Kondo começou a conversar com estas pessoas onde eles se designaram como fictosexuais, uma nova categoria de sexualidade.
Ele conta para o jornal Mainichi Shimbun em uma entrevista de 2021 que várias decepções o fizeram ficar traumatizado.
Quando questionado se já havia tentado se relacionar com pessoas, ele conta que todas as suas tentativas de encontrar uma parceira não deram certo.
Novos horizontes e uma forma de se relacionar
Rejeitado sete vezes, sofrendo bullying no trabalho e sem perspectivas na vida, encontrou uma nova forma de ter afeição e um relacionamento com a personagem.
Discriminação e preconceito
Era novembro de 2018 quando ele se casou oficialmente com Miku. Além de pessoas que se identificaram com ele, também surgiram os haters.
Elas falam para ele o quanto o acham nojento ou doente, já até perdeu as contas de quantas vezes ouviu isso.
No mês de junho de 2021 ele lançou uma Associação da Fictosexualidade no Japão. Lá se reunem pessoas que desenvolvem sentimentos amorosos com personagens fictícios.
Comunidade busca conscientizar
Eles realizam encontros buscando compartilhar visões e melhorar o entendimento do público quanto a nova forma de se relacionar proposta.
Segundo o grupo, estas pessoas passam por momentos difíceis em suas vidas e falta de conhecimento prejudica ainda mais o que elas sentem e passam.
Por isso, seria necessário que a sociedade preste atenção e entenda esta sexualidade sem praticar discriminação contra o grupo minoritário.
Ichiyo Habuchi, que é uma professora de sociologia da Universidade de Hirosaki de Humanidades e Ciências Sociais, que pesquisa romance com personagens de animes e games desde a década de 90.

Segundo Habuchi, este comportamento se mostra uma tendência crescente. Segundo um estudo de 2017 conduzido ela Associação Japonesa de Educação Sexual baseada em Tokyo, 10% dos pesquisados que eram estudantes do ensino médio tinham sentimentos românticos com personagens. No sexo feminino, esta taxa aumentou para 17.1%.
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