A lenda Shita-kiri Suzume (“舌切り雀”, A pardal da língua cortada) é creditada principalmente a um contador de história conhecido apenas como Akamoto durante o período Edo e Sazanami Imaya durante a Restauração Meiji.
Contudo, a história é contada de diferentes formas por outros autores com outros títulos, elementos, mas se assemelham na moral. A lenda é conhecida em todo o Japão e regularmente apresentado nos teatros Noh (能) de todo o país.

Há indícios de histórias similares na cultura dos povos de toda a Ásia, essencialmente a moral. Uma das versões mais antigas da lenda da Shita-kiri Suzume, a pardal da língua cortada encontra-se no Uji Shui Monogatari, (宇治拾遺物語), início do século XIII.
Confira na íntegra a lenda Shita-kiri Suzume, A Pardal da Língua Cortada traduzida do japonês para o inglês por Theodora Ozaki, e do inglês para o português pelo portal Japão Real. Não deixe de conferir outras lendas e temas relacionados.

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Shita-kiri Suzume
Há muito tempo atrás no Japão, vivia um senhor e sua esposa. O velho era uma boa pessoa, de bom coração e trabalhador, a esposa, no entanto, era uma pessoa rabugenta que subtraia a felicidade de sua casa com sua língua afiada.
Ela sempre arranjava alguma coisa para resmungar de manhã até ao anoitecer.
Velho tinha a companhia de pardal
O velho não protestava contra aquele comportamento mal humorado, passava a maior parte do dia trabalhando nos campos, e como não tinha filhos, uma pardal domesticada o fazia companhia e o entretinha. Ele amava aquela pequena ave como se ele fosse sua própria filha.
Quando ele voltava para casa pela noite após um longo dia de trabalho no campo, seu único prazer era a pardal, falar com ela e ensinar um novo truque, truque que ela rapidamente aprendia.
O velho abria sua gaiola, a deixava voando pelo quarto e brincavam juntos. Quando chegava a hora de dormir, ele sempre deixava um pouco de alpiste para sua pequena ave.

Um dia, o velho homem decidiu ir buscar lenha na floresta e a velha mulher foi para casa lavar roupas.
No dia anterior ela tinha preparado pasta de arroz, quando foi procurar, todo o arroz tinha desaparecido, e a tigela que ela encheu na noite anterior estava vazia.
Enquanto ela se perguntava quem poderia ter usado ou roubado sua pasta de arroz, viu a pardal voar para baixo e curvando suas pequenas penas da cabeça, um truque que ela já aprendeu com seu mestre, então a bela ave gorjeou e disse:
– Foi eu quem pegou a pasta de arroz. Pensei que era uma comida que serviram e comi tudo. Peço que me perdoe se fiz algo de errado! Twee, Twee! – disse a ave.
Você deve estar imaginando que após a nobre atitude da pardal faria com que a velha mulher a perdoasse no momento em que ela tivesse pedido com tanta gentileza. Mas não.
A velha mulher sempre detestou aquela pardal, discutia regularmente com o marido por ele manter o que ela chamava de pássaro sujo dentro de casa, dizia que era somente para dar trabalho extra para ela.
Ela sentia deleite a ter algo de fato para reclamar contra a pequena ave. A velha mulher reprendeu e amaldiçoou a pequena pardal por seu mau comportamento.
Não satisfeita com seus abusos e palavras rudes, agarrou a pardal (que batia as asas e se curvava diante da velha mulher) em um ato de raiva, pegou uma tesoura e cortou fora a língua da pobre pardal.
– Imagino que você pegou minha pasta de arroz com essa língua! Agora você verá como é ficar sem ela” – disse a mulher.

E foram com essas palavras cruéis que a velha mulher jogou o pássaro para longe sem se importar o que poderia acontecer, e sem a menor ponta de remorso, era uma mulher desagradável.
Depois de jogar a pardal para longe, a velha mulher preparou um pouco de pasta de arroz resmungando do tempo gasto com aquele problema, e depois de ter engomado todas suas roupas, espalhou-as em tábuas para que secassem no Sol, não utilizava varal de ferro como fazem na Inglaterra.
A volta do velho homem para casa
O velho homem voltou para casa ao anoitecer. Como de costume, antecipava o momento quando chegava ao portão de casa e via sua pequena passarinha voando e cantando para encontra-lo, ouriçar suas penas para demonstrar sua felicidade, e finalmente repousar em seu ombro.
Mas nesta noite o velho ficou muito desapontado, nem mesmo a sombra de sua amada pardal surgiu.
Apertou o passo, tirou seus chinelos de palha e entrou pela varanda. Nenhum sinal da pardal.
Teve então a sensação de que em um de seus ataques destemperados, sua esposa tivesse trancado a pardal na gaiola. Com ansiedade chamou por sua esposa.
– Onde está Suzume San? – perguntou o velho homem.

A princípio, a velha fingiu não saber, mas respondeu:
– Sua pardal? Tenho certeza que não sei. Parando para pensar, não a vi durante toda a tarde. Não ficaria surpresa se aquela ave ingrata tiver voado para longe e te abandonado depois de todos os seus mimos.
O velho não desistiu e perguntava de novo e de novo sobre sua pequena amiga. Por fim, a velha confessou tudo o que aconteceu após o marido não lhe dar paz.
Contou zangadamente que a pardal comeu todo a pasta de arroz que ela tinha preparado para engomar suas roupas, contou que ela confessou o que fez, e que em sua ira, pegou a tesoura e cortou a língua da pardal, e que finalmente que a jogou para fora proibindo-a de retornar aquela casa.
A velha mostrou ao marido o pedaço da língua da pardal e disse:
– Aqui está a língua que cortei! Aquele pássaro terrível, por que comeu toda a minha goma.
– Como você pôde ser tão cruel? – disse o velho. Oh! Como pôde ser tão cruel?
Era a única coisa que conseguia dizer, era um homem gentil demais para punir a megera de sua esposa. O velho ficou profundamente angustiado com o que aconteceu com sua pequena e pobre pardal.
– Perder a língua! Que terrível infortúnio recaiu a minha sobre minha pobre Suzume San! – disse o velho. Ela não poderá mais cantar e deve estar com muita dor pelo corte violento provocado por você! Não há o que ser feito?
O velho derramou muitas lágrimas após sua rabugenta esposa ter ido dormir. Enquanto limpava suas lágrimas com as mangas de seu kimono de algodão, um pensamento iluminado o confortou: sairia para procurar a pardal. Só foi capaz de dormir graças a decisão tomada.
A procura pela pardal

Levantou na manhã seguinte, pouco antes do raiar do Sol, beliscou rapidamente um café da manhã, saiu para procurar a pardal pelas colinas e pela floresta, parava em cada moita de bambu para chorar.
– Onde está minha pardal de língua cortada? Onde? Onde está minha pardal?
O velho não parou para descansar e comer alguma coisa, e conforme o entardecer caia, se viu próximo a um enorme bosque de bambus.
Bosques de bambus são os locais preferidos dos pardais, e no largo do bosque viu sua querida pardal o aguardando e o dando boas-vindas.
O velho mal pôde acreditar em seus olhos, foi tomado por uma grande alegria e correu em direção a pardal.
Ela curvou sua pequena cabeça e realizou o truque ensinado por seu mestre para demonstrar a felicidade que tinha ao ver seu velho amigo novamente, e, felizmente, podia falar como antigamente.
O velho dizia o quanto sentia muito pelo que tinha acontecido, também perguntou sobre sua língua.
Se perguntava como é que ela podia falar tão bem sem ela. A pardal então abriu seu bico o mostrou uma língua nova que crescera no lugar da antiga e implorou para que ele não mais pensasse no que aconteceu, afinal, estava muito bem agora.
O velho percebeu neste momento que sua pardal não era uma ave comum, era um pássaro mágico.
É difícil traduzir em palavras o regozijo do velho homem gentil. Ele esqueceu de todos seus problemas, esqueceu até mesmo do quão cansado se encontrava!

Tinha encontrado sua pardal perdida que, em vez de estar sofrendo com o ferimento em sua língua como ele temia, estava saudável e feliz com uma língua nova, e sem sinais dos mal tratos infligidos por sua esposa. E acima de tudo, era mágica.
Uma linda casa no bosque de bambu
A pardal pediu ao velho amigo que a seguisse, voou e o guiou até uma linda casa no coração do bosque de bambu. O velho ficou completamente atônito com a beleza da casa quando entrou nela.
Feita de madeira branca, seus macios tapetes de cor creme sob o carpete mais elegante que tinha visto, e o zabuton (座布団) que a pardal trouxe para ele sentar era feita do mais fino crepe e seda. Belos vasos e caixas trabalhadas em laca adornavam os tokonoma (床の間) da casa.
A pardal conduziu o velho homem ao lugar de honra, e então, a uma modesta distância tomou seu lugar.
Se curvava polidamente e agradecia por toda a gentileza que o velho amigo demonstrou e ofereceu a ela durante todos esses anos de amizade.
Lady Suzume, como agora passa a ser referida, apresentou toda sua família ao velho. Feito isso, as filhas de Lady Suzume, vestidas com delicados vestidos de crepe, trouxeram um banquete em bandejas à moda antiga com todos os tipos das melhores comidas a ponto de o velho começar a acreditar que estava sonhando.
No meio do jantar, uma das filhas de Lady Suzume performou uma linda dança chamada Suzume-odori, ou Dança dos Pardais, para agradar o convidado.

Foi a primeira vez que o velho vivenciou tamanho prazer. As horas voavam naquele adorável lugar com aqueles pardais mágicos aguardando por ele, banqueteando com ele e dançando para ele.
A volta para casa
Mas a noite chegou e a escuridão o fez lembrar de que ainda tinha um longo caminho a percorrer, precisava pensar em se despedir e voltar para casa.
O velho agradeceu por toda gentileza que recebeu das anfitriãs e pelo esplêndido entretenimento. O velho também implorou para que Lady Suzume aceitasse seu perdão em nome de todo o sofrimento infligido pelas mãos de sua esposa.
Falou sobre seu imenso reconforto e felicidade ao vê-la em tão belo lar. A ansiedade em saber o como ela estava e o que realmente tinha acontecido naquele dia o levou a procura-la.
Agora que ele soube que tudo estava bem, poderia voltar para casa com o coração iluminado. Prometeu que quando ela quisesse vê-lo para qualquer coisa ou qualquer motivo, bastaria chama-lo que ele viria imediatamente.
Lady Suzume suplicou para que ele passasse alguns dias com ela e sua família, mas o velho disse que precisava retornar para sua velha esposa – que provavelmente se zangaria caso ele não voltasse no horário habitual – e para seu trabalho, ademais, por mais que ele quisesse aceitar o pedido, ele não poderia aceitar tal convite tão delicado. Mas agora que ele sabia onde a Lady Suzume morava, viria visita-la sempre que tivesse tempo.
As caixas
Quando Lady Suzume se deu conta que não seria possível persuadir o velho amigo para que ele permanecesse, ela ordenou a seus servos que trouxessem duas caixas, uma grande e outra pequena.
As caixas solicitadas foram postas diante do velho, então Lady Suzume pediu que ele escolhesse a que ele mais gostasse como um presente dela para ele. O velho não foi capaz de recusar um pedido tão gentil e escolheu a caixa pequena, e então disse:
– Estou muito velho para ser capaz de carregar essa caixa grande e pesada. Em sua gentileza em dizer que posso escolher aquela que mais me agrada, escolho a menor, será mais fácil para mim carrega-la.
Então, todos os pardais o ajudaram a colocar a caixa em sua costa e o acompanharam até o portão para vê-lo partir, cumprimentaram-no com muitas reverências dizendo adeus e solicitando que voltasse sempre que pudesse.
Assim, o velho e sua antiga pardal de estimação se separaram com sentimento de felicidade, Lady Suzume não demonstrou nenhuma mágoa pelos infortúnios sofridos pela velha esposa de seu amigo. Em vez disso, ela sentia pena pelo velho que tinha que lidar com isso pelo resto de sua vida.

Quando o velho chegou em casa, encontrou sua esposa mais possessa que o habitual, era tarde da noite e ela tinha aguardado ele por todo aquele tempo.
– Onde esteve até agora? – perguntou a velha esposa com a voz exaltada. Por que voltou tão tarde?
O velho tentou pacificá-la mostrando uma caixa de presentes que ele trouxe de volta com ele, e então contou, contou tudo o que aconteceu e o quão maravilhosamente foi entretido na casa de Lady Suzume.
– Agora vamos ver o que tem dentro da caixa. – disse o velho sem dar templo dela retrucar. Preciso da sua ajuda para abri-la.
Assim, ambos sentaram em frente a caixa e abriram.
Ficaram completamente atônitos ao descobrir que dentro da caixa estava cheia até a borda de moedas de ouro e de prata entre outras pedras preciosas.
Os tapetes da pequena cabana brilhavam à medida que tiravam, uma a uma, as coisas de dentro da caixa. O velho regozijava com a visão da riqueza que agora se encontrava.
O presente de Lady Suzume ultrapassou todas as expectativas, era um presente que permitira que ele abrisse mão do trabalho para viver uma vida mais tranquila e confortável até seus últimos dias.

– Graças a minha pequena pardal! Graças a Lady Suzume. – repetia o velho.
A velha porém, após seus primeiros instantes de surpresa e satisfação com a visão de todo o ouro e prata na sua frente, não foi capaz de refrear a perversa natureza da ganância.
Começou então a repreender o velho por não ter trazido consigo a caixa grande de presente para casa, pois na pureza de seu coração, o velho contou que tinha recusado a caixa grande que Lady Suzume o ofereceu, mas que ele preferiu a pequena que era mais leve e fácil de carregar para casa.
– Seu velho tolo! Porque você não trouxe a maior caixa? Pense no quanto nós perdemos! Poderíamos ter o dobro de prata e ouro. Você é um velho idiota. – gritou a velha e foi dormir com toda a irritação que era capaz de sentir.
O velho desejou não ter dito nada sobre a caixa grande, mas era tarde. A ganância de sua esposa não se contentava com a sorte e boa fortuna que inesperadamente caiu em seu colo e o qual ela não era nem um pouco merecedora, mesmo assim queria mais.
A ganância da esposa do velho
Na manhã seguinte ela disse para o velho descrever o caminho que ele tinha feito até a casa de Lady Suzume.
Ao perceber o que ela tinha em mente, o velho tentou fazê-la desistir, mas foi inútil. Ela não ouviu uma palavra sequer do que o velho tinha dito.
É estranho como a velha não se sentia envergonhada em ir até a casa de Lady Suzume depois de toda a crueldade com que a tratou quando arrancou sua língua em um acesso de raiva.
Mas sua ganância pela caixa grande a fez esquecer todo o resto e não pensou nem por um segundo se Lady Suzume poderia estar irada com ela – como de fato ela estava – e que talvez pudesse puni-la pelo que fez.
Desde o retorno de Lady Suzume para sua casa e a lamentável situação em que foi encontrada, chorando e sangrando pela boca, sua família e conhecidos não falavam de outra coisa se não da crueldade da velha mulher.
– Como pôde? Infligir tão pesada punição por motivo tão irrelevante quanto comer acidentalmente um pouco de pasta de arroz? – indagavam entre si.
Todos os pardais amavam o velho homem que sempre foi tão bom, gentil e paciente apesar de todos os seus problemas, mas a velha eles odiavam, e estavam determinados, se tivessem a oportunidade, puni-la como ela merecia. Não foi preciso esperar muito.
Depois de caminhar por algumas horas, a velha finalmente chegou ao bosque de bambus que descobriu ao obrigar seu marido a descrevê-lo. Parou por um segundo e então resmungou:
– Onde é que aquela pardal de língua cortada vive? Onde é que fica a casa da pardal de língua cortada?
Finalmente ela avistou o beiral da casa surgindo em meio as folhas de bambu. Apressou-se e bateu na porta em alto e bom som.

Quando os servos disseram a Lady Suzume que uma velha senhora estava na porta pedindo para vê-la, Lady Suzume foi tomada pela surpresa de tão inesperada visita considerando tudo o que aconteceu, se perguntava quanto a ousadia da velha senhora em se aventurar a ir até sua casa.
Lady Suzume, no entanto, era uma ave polida, e foi encontrar com a velha relembrando a visitante que agora ela estava diante de uma senhora, uma patroa.
O intento da velha, no entanto, não era gastar tempo com palavras. Foi direto ao ponto, e sem demonstrar qualquer vergonha disse:
– Você não precisa se preocupar em me entreter como fez com o meu velho marido. Vim buscar a caixa que o estúpido do meu marido deixou para trás. Tomarei meu caminho assim que você me der aquela caixa grande que tanto desejo.
Lady Suzume consentiu imediatamente com o pedido da visitante, ordenou que seus servos trouxessem a caixa grande.
De forma abrupta e grosseira, agarrou a caixa grande, colocou-a em sua costa, e sem sequer agradecer a Lady Suzume, pegou o caminho de casa apressadamente.

A caixa era tão grande e pesada que a velha não podia andar muito rápido, tampouco correr por mais que quisesse, estava ansiosa para chegar em casa ver o que tinha dentro daquela caixa, mas foi forçada a parar e descansar no caminho.
Enquanto cambaleava com o peso de sua carga, seu desejo em abrir a caixa se tornou grande demais para oferecer alguma resistência.
Não era mais capaz de esperar, acreditava que aquela caixa enorme deveria estar cheia de ouro, prata e outras joias preciosas, como na caixa pequena que seu marido tinha recebido.
A ganância e o egoísmo dela finalmente assumiram o controle da velha mulher. Colocou a caixa no chão na beira do caminho e cuidadosamente abriu esperando se vangloriar com sua riqueza.
O que ela viu, no entanto, a deixou tão aterrorizada que ela quase perdeu seus sentidos. Assim que ela levantou a tampa da caixa demônios tenebrosos saíram, a rodearam como se tivessem a intenção de matar a velha mulher.
Nem em seus sonhos mais terríveis poderia imaginar criaturas tão horrendas como as que continham na tão cobiçada caixa.
Um demônio com um olho gigante em sua testa veio em sua direção e a encarou, monstros com bocas enormes e escancaradas como se fossem devora-la, uma cobra gigantesca enrolada sibilou contra ela, e um sapo gigante saltava e coaxava.

A velha nunca esteve tão aterrorizada na vida, correu de lá o mais rápido que suas pernas bambas puderam, feliz por ter escapado.
Quando chegou em casa desabou no chão e contou ao marido com lágrima nos olhos o que tinha acabado de acontecer com ela, e o quão perto de morrer nas mãos daqueles demônios da caixa ela esteve. Então a velha mulher começou a culpar a Lady Suzume, mas o velho a interrompeu dizendo:
– Não culpe Lady Suzume, foi sua própria maldade que fez você receber isso. Minha única esperança é que doravante isso te sirva como uma lição.
A velha não disse mais nada, se arrependeu de suas zangas, modos desagradáveis, e a partir daquele dia, foi gradativamente se tornando em uma boa pessoa, seu marido mal podia acreditar que era a mesma pessoa.
Passaram o resto de seus dias juntos e felizes, livres de vontades ou desejos, gastavam cautelosamente o tesouro que o velho recebeu de sua amiga, sua pardal de estimação de língua cortada.

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