O Japão possui o maior número de centenários no mundo, foram contabilizados 90.526 cidadãos nesta faixa etária até setembro de 2022. Mesmo assim, surpreendentemente, uma pesquisa revelou que apenas 22% desejam chegar aos 100 anos no Japão.
A pesquisa foi realizada em âmbito nacional e ouviu mil pessoas entre 20 e 79 anos. Embora a média entre os ouvidos tenha apontado para 22%, que almejam o centenário, há uma diferença significativa na expectativa entre homens e mulheres.

Encomendada pela Japan Hospice Palliative Care Foundation, a pesquisa também apresenta as diferenças que fazem alguns poucos desejarem viver mais de 100 anos e muitos que não veem razão para ir tão longe assim.
Os participantes responderam as perguntas via internet e puderam optar por mais de uma resposta para justificar sua escolha, em ser ou não um centenário no Japão. Continue o artigo e descubra o que os japoneses pensam sobre a longevidade.
Potenciais centenários do Japão
Não deixa de ser espantoso que mesmo com os avanços tecnológicos, isto é, biomedicina, drogas sofisticadas e outros facilitadores da vida humana, apenas 22% dos japoneses queiram tornar-se centenários.
No entanto, ao observar por gênero, as mulheres japonesas têm bem menos interesse na longevidade do que os homens. Apenas 16,5% das entrevistadas disseram querer chegar aos 100 anos, enquanto 27,6% dos homens também pretendem.

As principais razões para os que almejam uma vida longa são aproveitar a vida o máximo de tempo que puderem (68,2%) e aqueles que desejam ver seus filhos e netos amadurecendo (38,6%). Mas esses não são os únicos motivos.
Há os entusiasmados com a evolução e transformação da sociedade (25,2%), os que têm medo de morrer (23,4%), os que não querem morrer (22,3%), quem se preocupam com os parentes (20,9%), quem quer experienciar a vida aos 100 anos (20,1%) e aqueles que desejam cuidar de seu cônjuge nos últimos estágios da vida.
Os japoneses menos entusiasmados com o centenário
O grupo que compõe os japoneses com menos entusiasmo de viver até ou mais de 100 anos é a esmagadora maioria: 84,5% das mulheres e 72,4% dos homens. Este grupo se destaca pelas justificas de questões práticas e materiais.
Para esses 78% que não querem chegar a uma idade tão avançada, 59% das pessoas não querem dar trabalho aos outros e 48,1% disseram que o bem-estar físico, locomoção e dificuldades de saúde são o principal motivo.

Seguido dessas preocupações, a questão financeira é uma questão fundamental para 26,7%. Há também indivíduos que acreditam já ter vivido o suficiente (28,7%) e aqueles que não têm uma razão em particular para continuar vivendo tanto (25,2%).
Em contraste, há pessoas que simplesmente não desejam morrer depois de outros familiares (14,3%) e um pequeno grupo de cerca e 5% que expressaram seus desejos e esperanças de se reencontrarem com amigos e familiares no pós-vida.
Sobre a vida conjugal
Esse é um recorte muito interessante da pesquisa. Os entrevistados foram questionados se gostariam de morrer antes de seus cônjuges. Talvez não seja uma surpresa, em todas as faixas etárias, os homens desejam morrer antes de suas esposas.
O interessante é que observar o movimento que as respostas têm conforme a faixa etária muda. Quanto maior a faixa etária, o desejo dos homens morrerem antes de suas esposas aumenta e o desejo das mulheres de morrer antes de seus maridos diminui.

Entre 20 a 29 anos, 60% das mulheres desejam morrer antes de seus maridos, os homens são 61%. Na faixa etária dos 30 a 39 anos, os homens aumentam para 71%, as mulheres caem para 55%.
Há um aumento na casa dos 40 a 49 anos. O número dos homens se mantém estável e das mulheres aumentam 2 pontos percentuais (57%). Dos 50 aos 59, 79% dos homens desejam morrer antes que suas esposas, mas somente 45% das mulheres estão dispostas a partir primeiro.
As últimas faixas etárias surpreendem. Entre 60 a 69 anos, 96% dos homens querem morrer primeiro, o sentimento é equivalente para apenas 40% das mulheres. Entre 70 e 79 anos, 79% dos homens desejam partir primeiro e somente 27% das mulheres têm o mesmo desejo.
Quem deseja viver mais
A última pergunta para os entrevistados foi inteligente e ousada. Os participantes foram questionados se gostariam de morrer depois de seus cônjuges. Em todas as faixas etárias, as mulheres desejavam viver mais que seus companheiros.
A relação só é semelhante entre 20 a 29 anos, 40% das mulheres responderam que desejam morrer depois de seus cônjuges e 38% dos homens responderam o mesmo. Na faixa dos 30 a 39 anos, 44% desejam viver mais, homens caem para 29%.

Entre mulheres de 40 a 49 anos, 42% desejam viver mais que seus maridos, os homens, 28%. O desejo das mulheres de 50 a 59 em viver mais que seus maridos aumenta para 54%, os homens diminuem para 20%.
Os homens entre 60 a 69 anos que desejam viver mais que suas esposas são o mais baixo da pesquisa: 13%. As mulheres na mesma faixa etária que desejam viver mais que seus maridos são 60%.
Na faixa etária dos 70 a 79 anos, 20% dos homens desejam viver mais que suas esposas e 73% das mulheres desejam viver mais que seus maridos. Também foram colhidas informações sobre as razões que levam a essa vontade.
58,6% dos que gostariam de morrer primeiro que seus cônjuges responderam isso por acreditarem não conseguir suportar o luto da perda. Ao mesmo tempo, 53,6% dos que desejam morrer depois, o disseram por preocupações de como o cônjuge lidaria com o luto.
Ainda entre os que responderam que gostariam de morrer depois de seus cônjuges, 48,1% disseram que gostariam de poder cuidar de seus companheiros ou companheiras nos seus últimos dias de vida.
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Conclusões e reflexões
O resultado da pesquisa conduzida pelo Japan Hospice Palliative Care Foundation revela pontos importantes para explorar a forma como a sociedade japonesa moderna se sente em relação a vida e a perspectiva da longevidade.
Há um grande temor em relação a questões objetivas da vida cotidiana quando se tem idade avançada, mas também há uma parte significativa de pessoas que possivelmente não encontram um sentido para essa possibilidade.

Também há curiosidades como o fato de os homens desejarem mais o centenário do que as mulheres, e ao mesmo tempo, as mulheres desejam viver mais que seus cônjuges. A partir dos resultados, é possível investigar e refletir sobre as grandes questões da sociedade japonesa.
Fato é, que os avanços científicos que permitem o ser humano viver mais ainda não encontrou eco dentro da sociedade japonesa. O que leva os japoneses a não desejarem o centenário? São questões que precisam ser investigadas no espírito social do Japão moderno.
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