Uma nova onda de crimes no Japão com recrutamento online chamada pela imprensa nipônica de Yami Baito, chamou atenção do governo para tomar medidas para acabar com este tipo de ação.
O que é o yami baito?

São as chamadas vagas de emprego temporárias do submundo do crime que era oferecido com promessas de alto pagamento com ação de roubos, entre outros. O atrativo era a atuação freelancer, mas, na verdade, as pessoas não conseguiam se desvincular.
Pessoas atuavam como recrutadores que procuram interessados em aplicar golpes por telefone prometendo riqueza e dinheiro fácil. Os golpes seriam aplicados não apenas no Japão, mas na Ásia, conforme reportado pelos jornalistas que trabalham para o jornal Mainishi Shimbun.
Alguns anúncios prometiam salário mensal entre 1 a 3 milhões de ienes. Em dado momento da conversa, a pessoa que estava recrutando concordou em dar mais informações sob sigilo de anonimato da fonte para o periódico japonês.
Segundo informações, o grupo tinha 20 pessoas divididas de forma hierárquica. Eles contratavam cerca de 30 pessoas por dia para fazer ligações de golpes, roubos, entre outras funções.
Jovens endividados aceitavam
Em sua maioria, aceitavam pessoas jovens na casa dos 20 anos indo até 30 anos, que estavam endividadas ou desejavam fazer grandes quantias em dinheiro.
Pressões e ameaças
No entanto, a maioria era mantida no escuro sem informação dos níveis mais altos da organização criminosa. Além disso, foi relatado que depois que se aceitava fazer parte, era quase impossível sair, pois recebiam pressões e ameaças.
Quem estava fora e aceitava os trabalhos ficava exposto sem nenhum apoio legal, em situações precárias e considerados descartáveis.
Por conta da repercussão os casos estão vindo à tona através da imprensa. Foi relatado pela polícia japonesa que um grupo foi preso e deportado para as Filipinas. Também atuavam pessoas de dentro da cadeia do país.
Além disso, dois japoneses foram deportados das Filipinas para o Japão para serem presos no dia 8 de fevereiro de 2023, conforme reportagem do CBN News.

Situação de vulnerabilidade
Depois que elas praticavam atos ficavam a mercê dos criminosos, se colocando em situação de vulnerabilidade onde elas não viam saída com controle mental, segundo o advogado Mikio Uehara contou a reportagem feita pelo Kyodo News.
A pessoa ficava totalmente exposta onde os criminosos sabiam da vida pessoal, onde morava e familiares.
Segundo dados fornecidos pela polícia uma pessoa assim que foi recrutada, teve que mandar uma foto de sua carteira de motorista pelo Telegram. Depois disso, uma pessoa foi pessoalmente até a sua casa onde recebeu ameaças de que a sua família poderia ser morta.
Uso inapropriado das redes sociais
Além do sistema de fraudes telefônicos, também praticavam roubos e existe uma suspeita de recrutamento online para cometer assassinato em 2020, mas sem ligação com o grupo, mas mostra que as redes sociais estavam começando a ser usadas de forma inapropriada.
Roubo com morte
Em um dos casos, uma mulher de 90 anos foi morta em um roubo na área suburbana de Tokyo. A polícia encontrou um telefone em um carro de aluguel usado para a fuga onde foram achados grupos do Telegram com ação de crimes.
Mais de 50 roubos foram praticados em 2021 e 60 pessoas foram presas no Japão. Os crimes chamaram a atenção da agência nacional de polícia e em maio eles introduziram um meio investigativo que usa Inteligência Artificial para identificar os suspeitos.
Aumento de criminalidade no Japão é o maior em 20 anos
Os dados de 2022 mostraram que houve um aumento recorde de criminalidade que bateu taxas que não eram vistas nos últimos 20 anos com 601,331 incidentes apenas em 2021, segundo dados divulgados pela polícia japonesa e divulgado pelo Kyodo News.
Houve um aumento de 13.7% nos casos de fraudes em comparação com o ano anterior, 0.9% em roubos e 6.8% em furtos. 67.1% afirmou que a segurança nas ruas japonesas decaiu nos últimos 10 anos.
Inclusive, os criminosos aproveitaram a pandemia de coronavírus para melhorar seus métodos de ação.
Segundo um artigo do Asahi Shimbun, com mais dados divulgados pela polícia, 38 suspeitos de fraudes foram detidos de janeiro de 2022 a janeiro de 2023 com atuação de recrutamento online em Gunma, Saitama, Chiba, Kanagawa, Aichi e Fukuoka.
Elas tinham ação secundária em retirar o dinheiro dos golpes direto com as vítimas ou de caixas eletrônicos.
Além de anúncios nas redes sociais, grupos de Telegram, ainda usavam sites de emprego como Indeed e En Japan Inc. Nem sempre agiam de forma clara, muitas vezes, colocavam vagas descritas como delivery e outras descrições comuns, mas com facilidades e sem muitas exigências.
As pessoas que entravam em contato eram direcionadas aos grupos de mensagens onde recebiam as reais intenções do trabalho.
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Fumio Kishida pede ação rigorosa
Segundo veiculado pelo jornal japonês Japan Times no dia 17 de março, o primeiro-ministro Fumio Kishida, deu uma declaração onde ordenou o desmantalamento dos grupos de crime organizado de roubo e fraude que usam as redes sociais e o Telegram para recrutar pessoas.
Ele prometeu medidas rígidas com patrulhamento online, além de ações eficientes para proteger os dados pessoais que estejam online não serem usadas em fraudes.
Kishida afirmou que o governo deve ter responsabilidade em proteger as pessoas. Entre outras medidas prometidas estavam tomar ação contra companhias telefônicas que permitam ligações de golpes e começar a colocar identificadores de chamadas em aparelhos de cidadãos idosos.
O professor de gerenciamento de crise da Nihon University em Tokyo, Mitsuru Fukuda, afirmou que além das medidas regulatórias, ações devem ser feitas para melhorar a educação e diminuir as disparidades econômicas da população.
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