Com um grande número de mulheres casando mais tarde, mais casos de ansiedade e depressão por abortos espontâneos ou nascimento de natimortos estão acontecendo no Japão. Por causa do forte impacto emocional nas mulheres, o governo está buscando soluções para lidar com estas questões.
Japão cria rede de suporte emocional
Os municípios estão criando medidas com foco para tratar a saúde mental apoiadas pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar com a criação de um guia feito por especialistas para ser usado pelo governo e instituições médicas.
O departamento de infertilidade da Universidade de Okayama sempre recebe pedidos de conselhos de mulheres em luto e sofrimento pela perda de um bebê ou feto.
Elas relatam não ter com quem falar e desabafar. Miyika Nakatsuka, professora de medicina da reprodução na universidade percebeu a necessidade de cuidado destas mulheres e passou a fazer trabalhos em relação a isso.

Desde 2004, a prefeitura de Okayama criou um escritório para dar suporte a saúde mental. Nele, trabalham assistentes de parto, psicoterapeutas clínicos e outros profissionais que darão os conselhos de forma pessoal ou por telefone.
Muitos pedidos de ajuda vem de pessoas que moram na prefeitura, assim como de outras regiões e também de outros países, segundo a reportagem do Kyodo News.
A média de idade de mães que deram a luz ao primeiro filho no Japão foi de 30.9 anos em 2021, já em 1980 essa idade era mais baixa de 26.4 anos.
De acordo com informações da Japan Society of Obstetrics and Gynecology de 2019, a proporção de abortos espontâneos registrados entre o grupo de 26 a 30 anos de idade foi de 14% a 17%.
Enquanto aos 35 anos esta taxa ficou em 21%, aos 40 anos essa porcentagem aumenta para 33% e aos 45, o risco é maior de 60%. Quanto mais a idade avança, maiores são as chances de aborto espontâneo.
Diversos fatores influenciam
Além disso, tem muitos casos de infertilidade, assim como abortos causados por anormalidades do cromossomo de um dos pais, formato de útero ou doenças.
No geral, as mulheres se sentem culpadas e não são compreendidas por familiares, que também as culpam.
Em outros casos, recebem o conselho para seguir com a vida e voltar com suas tarefas o mais rápido possível. Desta forma, não tem tempo para processar suas perdas ou lidar com suas emoções de forma apropriada.
Por isso, o Ministério da Saúde estabeleceu em maio de 2021 e instruiu os governos locais para darem cuidados em relação ao luto como parte do suporte do tratamento de infertilidade.
Se um feto morre após 22 semanas de gravidez, eles induzem o parto. Nestas ocasiões há um abalo emocional muito forte, por isso quem lida com isso deve ser atencioso com mãe e familiares e saber como eles desejam fazer o adeus fazendo uma cerimônia.

Uma assistente de parto do escritório de aconselhamento da universidade de Okayama, Midori Takao, contou que muitas mães se arrependem de não ter tirado fotos ou ter pego um carimbo com seus pezinhos.
Por esta razão, alguns hospitais tira fotos e as salva por determinado tempo, mesmo se não foi solicitado.
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