O conteúdo do artigo a seguir contendo o calendário de festivais no Japão e eventos culturais do mês de janeiro foi baseado em documento divulgado pela JNTO (Japan National Toursim Organization).
Nele, você encontrará os principais festivais e eventos culturais definido pela organização e uma descrição sobre cada um deles realizada pelo portal Japão Real para melhorar o entendimento e a experiência.
Sumário
- Chitose-Shikotsuko Hyoto Matsuri
- Zaō Juhyo Matsuri
- Matsutaki Matsuri
- Hatsukayasai
- Atami Baien Ume Matsuri
- Kanazawa-shi Shobo Dezome-shiki
- Kemari Hajime
- Toshiya
- Hatsu-Kobo
- Wakakusa Yamayaki
- Hatsu-Tenjin
- Bugaku
- Usokae e Onisube Shinji
- Hadaka-mairi
- Muika Matsuri
- Tsuruga Nishimachi no Tsunahiki
- Toka Ebisu
- Doya-doya
- Tamaseseri
- Matobakai
- Yasukuni Jinja Nento Gyoji
- Haijima Daishi Daruma Ichi
- Kōdōkan Kagami Biraki-shiki
- O-Zumo Hatsu Basho
- Hatsu Konpira-sai
- Momote-shiki
- Kagura-hajime
- Daikoku Matsuri
- Moja Okuri
- Usokae-shinji e Hatsu Tenjin-sai
- Tsubaki Matsuri
- Otariya
- Hoyojutsu Jitsuen
- Kōkyo Ippan Sanga
- Setagaya Boro Ichi
- Obisha Matsuri
1. Chitose-Shikotsuko Hyoto Matsuri
O festival de inverno da cidade de Chitose, prefeitura de Hokkaido, o Chitose-Shikotsuko Hyoto Matsuri (千歳・支笏湖 氷濤まつり) é um museu de arte a céu aberto com esculturas, objetos, pista de patinação, escorregadores, tudo feito de gelo ao lado do Lago Shikotsu.

Durante 25 dias, no final de janeiro até o final de fevereiro, locais e turistas têm a oportunidade de observar obras complexas, interagir com elas e apreciar o show de luzes durante a noite. Um espetáculo cheio de vida e de cores.
O Lago Shikotsu é uma formação geológica de aproximadamente 32 mil anos resultado da atividade vulcânica da região. Cobre uma área de 78,4 km², cerca de 265 metros profundidade e extensão média de 40,4 km entre as margens.
Além do Chitose-Shikotsuko Hyoto Matsuri, os visitantes também podem aproveitar as fontes termais próximas nos resorts do Shikotsu-Toya National Park, caminhada pelas montanhas, acampar, canoagem e outras atrações que o parque oferece.
- Início: 29 de janeiro;
- Término: 23 de fevereiro;
- Horário de funcionamento: 10:00 às 20:00;
- Show de luzes: 16:30 às 20:00;
- Ingresso: JP¥ 500,00 (compra somente em dinheiro e no local);
- Local: Shikotsuko Onsen, Chitose, Hokkaido, clique aqui para ver no mapa;
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2. Zaō Juhyo Matsuri
Na fronteira das prefeituras de Yamagata e Miyagi está o Zaō Renpō, ou o Monte Zaō, uma cadeia vulcânica. O principal vulcão possui um cone chamado Goshiki-dake formado com uma erupção em meados de 1720. Um lago também se formou na cratera como consequência.
O lago Okama é famoso por mudar de cor de acordo com a atividade vulcânica, por vezes associado a mudança das estações, daí o nome Goshiki-dake (“五色沼”, Goshikinuma, Lagoa das Cinco Cores). E tudo depende das reações química que acontecem no lago.

Sem a atividade vulcânica, a cor é turquesa, quando há atividade vulcânica, o sedimento no lago sobe e a água fica turva com tonalidade esbranquiçada. Quando há alto teor de sulfeto de ferro, a água fica escura, com a oxidação do ferro, fica avermelhada.
A água também pode parecer cristalina, mas a água do Okama é altamente tóxica e com cheiro de enxofre. É um destino conhecido por seus onsens datados do ano 110 e pela prática do ski e snowboard.
Mas o Zaō Juhyo Matsuri (蔵王樹氷ライトアップ) é um evento à parte. Quando as árvores do Monte Zaō se cobrem com a densa neve aparentam serem “monstros de neve”, Juhyo (樹氷).

A partir do pôr do Sol, por volta das 17:00 até às 21:00, um verdadeiro show de luzes nos Juhyo e eventuais queimas de fogos de artifício criam um espetáculo único que une as forças da natureza e a engenhosidade humana.
O espetáculo não é menos deslumbrante a luz do Sol durante o dia. A beleza singular produzida pelas características da região são de tirar o fôlego. As montanhas também podem ser apreciadas de cima durante o dia com viagens de teleférico.
Contudo, é aconselhado evitar dividir um teleférico com quem irá praticar ski ou snowboard para evitar acidentes. Ainda assim, a experiência com o teleférico é altamente recomendada para uma perspectiva única do Zaō Juhyo Matsuri.
- Início: final de dezembro;
- Término: início de março;
- Show de luzes: 17:00 às 21:00;
- Ingressos para os teleféricos: Linha Sanroku (JP¥ 3.000,00 para adultos e JP¥ 1.500,00 para crianças) – Linha Sancho (JP¥ 1.500,00 para adultos e JP¥ 800,00 para crianças);
- Horário dos teleféricos: Linha Sanroku (8:15 – 16:45) – Linha Sancho (8:30 – 16:30);
- Local: Zaō Onsen Ski Resort, Yamagata, Yamagata, clique aqui para ver no mapa;
- Mais informações: clique aqui para acessar a página oficial da Zaō Ropeway;
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3. Matsutaki Matsuri
No início do pôr do Sol de 14 de janeiro em Sendai, prefeitura de Miyagi, às 16:00, é celebrado no santuário Ōsaki Hachimangū – santuário shintō designado como Tesouro Nacional do Japão, o Matsutaki Matsuri (松焚祭).
O festival é celebrado há cerca de 300 anos e é conhecido em outras regiões como Sagicho ou Dondo-yaki (どんど焼き), festivais para queimar objetos de sorte. O Matsutaki Matsuri queima os objetos utilizados para a sorte e decorações de fim de ano/ano novo.

O festival de Sendai atrai cerca de 100 mil pessoas todos os anos para as fogueiras do “fogo divino”. De acordo com a tradição, o Fogo de Deus do Matsutaki Matsuri se despede das deidades que abençoam as famílias para o ano que se inicia.
Os participantes utilizam uma toalha na cabeça e um pano branco na cintura enquanto realizam o ritual. Durante o período Edo, essa prática era chamada de hadakamairi (“裸参り”, visitar o santuário nu no inverno).
De acordo com a tradição, o hadakamairi começou com produtores de sake e outras bebidas de Sendai que rezavam nus, com um pedaço de papel na boca, o fukumigami, para não falarem e com uma lanterna de papel na mão prestando homenagens por toda a cidade.
- Início: 14 de janeiro;
- Horário: das 16:00 às 21:00;
- Além do Matsutaki Matsuri, santuários de todo Japão também realizam os seus respectivos festivais Sachigo ou Dondo-yaki;
- Local: Ōsaki Hachimangū, 4 Chome-6番地1号 Hachiman, Aoba Ward, Sendai, Miyagi 980-0871, Japão. Clique aqui para visualizar no mapa;
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4. Hatsukayasai
Na metade do mês janeiro acontece um dos eventos mais importantes da cidade de Hiraizumi, prefeitura de Iwate, é o Hatsukayasai, classificado como National Important Intangible Folk Cultural Properties (Propriedades Culturais Folclóricas Intangíveis Importantes Nacionais).
“Os bens culturais folclóricos intangíveis são definidos como modos e costumes associados à alimentação, vestuário, domicílio, trabalho, religião, eventos anuais, artes cênicas folclóricas. Aqueles que são extremamente valiosos são designados como Importantes Intangible Folk Cultural Properties (Propriedades Folclóricas Intangíveis) pelo governo nacional.” – Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciências e Tecnologia do Japão

O Hatsukayasai (“二十日夜祭”, Festival da 20ª Noite ) é realizado no último dia do festival Matarajin que acontece de 14 a 20 de janeiro no Mōtsū-ji (毛越寺), um importante templo budista da escola Tendai que possui em seu terreno as ruínas de dois antigos templos, o Enryū-ji e Kashō-ji.
O Matarajin é um festival de ano novo onde os participantes oram por saúde, prosperidade, boas colheitas e outras bençãos. É um festival marcado pelas tochas gigantes carregadas pelos homens que enfrentam o frio do inverno utilizando apenas um fundoshi branco e meias.
No dia 20, o mais auspicioso do festival Matarajin, os participantes executam o Ennen-no-mai. Esse ritual remonta aos períodos Heian (794 – 1185) a Muromachi (1336 – 1573) e é considerado como uma das tradições passadas pelas gerações mais bem preservadas do Japão.
- Início: Festival Matarajin (14 a 20 de janeiro) – Hatsukayasai e Ennen-no-mai (20 de janeiro);
- Horário: Festival Matarajin (a partir do pôr do Sol) – Hatsukayasai e Ennen-no-mai (20:00);
- Local: Templo Mōtsū-ji, Ōsawa-58 Hiraizumi, Nishiiwai District, Iwate 029-4102, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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5. Atami Baien Ume Matsuri
Apaixonados por flores e jardins têm no Atami Baien Ume Matsuri (熱海梅園梅まつり) um prato cheio. Por volta da segunda semana de janeiro no Atami Baien Garden na cidade de Atami, prefeitura de Shizuoka começa a temporada de florescimento das árvores de umê.
As flores de 59 espécies de umê (ameixa japonesa), fruto tão importante para a culinária do Japão, estão espalhadas em 472 árvores do Atami Baien Garden. A sua temporada se estende até o começo de março.

Além das belezas deslumbrantes das flores de umê (muito semelhante as flores de sakura), também há uma série de atrações para os visitantes: apresentações de taiko e flautas, cerimônia de chá, performance de geishas, shows, e é claro, gastronomia.
Ademais, o Atami Baien Garden é um belíssimo parque que abriga monumentos em homenagens a figuras e eventos importantes da história do Japão, um jardim coreano inspirado na estética de cerca do ano de 1600, um museu e diversas outras árvores.
Outras atrações de inverno também estão disponíveis na cidade de Atami para quem vai apreciar o Atami Baien Ume Matsuri como onsens, uma visão panorâmica da baía de Atami e o golfo de Sagami do MOA (Museum of Art), observatório no castelo da cidade e muito mais.
- Início: segunda semana de janeiro à primeira semana de março;
- Horário: das 8:30 às 16:00;
- Ingressos: JP¥ 300,00 para adultos e gratuito para crianças;
- Local: Atami Baien Garden, 8-11 Baien-cho, Atami-shi, prefeitura de Shizuoka, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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6. Kanazawa-shi Shobo Dezome-shiki
O Kanazawa-shi Shobo Dezome-shiki (金沢市消防出初式), é uma apresentação do corpo de bombeiros da cidade de Kanazawa, prefeitura de Ishikawa no começo do ano digna do Cirque Du Soleil.
O Kanazawa-shi Shobo Dezome-shiki é curto, tem duração de aproximadamente uma hora, mas é uma tradição desde o início da era Meiji (1868 – 1912) e demonstra as habilidades dos bombeiros de Kanazawa (outras regiões também tem eventos semelhantes).

A apresentação é feita com os profissionais trajados com as roupas e equipamentos utilizados pelo corpo de bombeiros que serviram ao clã Maeda durante o período Edo (1603 – 1868) em Edo no século XVIII.
O Evento Dezome-shiki também é realizado no temático parque Tokyo Rinkai Disaster Prevention Park, no distrito de Kōtō-ku da cidade de Tokyo. O evento tem vagas limitadas, mas pode ser acompanhado pela internet.
As acrobacias são impressionantes. Com o Castelo de Kanazawa ao fundo, o espetáculo surpreende os visitantes. O Kanazawa-shi Shobo Dezome-shiki acontece no primeiro domingo após o dia 5 de janeiro.
- Início: Park Shinmaru Square (primeiro domingo de janeiro após o dia 5) e Tokyo Rinkai Disaster Prevention Park (6 de janeiro);
- Horário: Park Shinmaru Square (das 10:00 às 10:50) e Tokyo Rinkai Disaster Prevention Park (por volta das 9:00);
- Local: Park Shinmaru Square (clique aqui para ver no mapa) e Tokyo Rinkai Disaster Prevention Park (clique aqui para ver no mapa);
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7. Kemari Hajime
No santuário Shimogamo-jinja na capital cultural do Japão, Kyoto, acontece o Kemari Hajime (けまり初め) nos primeiros dias de janeiro, uma espécie de jogo com uma bola de 150g feita de pele de veado (até os dias de hoje) entre os nobres do período Heian (794 – 1192).
Kemari é uma das heranças culturais chinesas que foi introduzida no país durante o período Asuka (538 – 710) e que se espalhou entre os nobres, contudo, pessoas de castas mais baixas também passaram a praticar.

As roupas dos nobres do período Heain são deslumbrantes: Eboshi, Suikan e Hakama, as cores são vivas, e ainda assim, sóbrio e elegante. Outra curiosidade sobre o Kemari Hajime é que não há vencedores nem perdedores.
É um jogo de passe de bola com os pés de forma gentil e elegante que acontece em meio a celebrações do Shinji em homenagens aos kami, mas, após algum tempo, o jogo se torna um passe de bolas sem deixar a bola cair no chão.
O Kemari sumiu durante a Restauração Meiji e retornou em 1903 quando foi fundada a Kemari Preservation Society. Aos visitantes, é recomendado atenção para evitar acidentes, pois o espaço para assistir ao Kemari Hajime é limitado.
- Início: 4 de janeiro;
- Horário: a partir das 13:30;
- Local: Santuário Shimogamo-jinja, Japão, 〒606-0807 Kyoto, Sakyo Ward, Shimogamo Izumikawacho, 59. Clique aqui para ver no mapa;
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8. Toshiya
No Sanjūsangen-dō em Kyoto, um dos mais belos templos budistas do Japão famoso por suas 1.001 estátuas da Bodhisattva Kannon é realizado o Toshiya (通し矢), uma competição de kyudo muito presente no período Edo.

O Toshiya é realizado no domingo do meio mês de janeiro, portanto, as datas não são fixas. Um dos principais eventos dentro da competição é o Oomato Taikai (大的大会), a competição entre jovens mulheres de 20 anos.
É um dos diversos eventos que servem como um rito de passagem para a idade adulta no Japão. Há também um importante ritual budista de purificação e proteção chamado Yanagi no Okaji acontecendo no templo.
Para saber mais sobre o Toshiya, acesse o artigo Templo Sanjūsangen-dō em Kyoto realiza tradicional competição de kyudo em 2022
- Início: domingo do meio de janeiro;
- Horário: das 9:00 às 15:30;
- Local: Templo Sanjūsangen-dō, 657 Sanjusangendomawari, Higashiyama Ward, Kyoto, 605-0941, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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9. Hatsu-Kobo
Na terceira semana de janeiro nas dependências do templo To-ji, Kyoto, acontece o Hatsu-Kobo (初弘法), uma feira a céu aberto com comida, plantas, objetos antigos e outros artigos de segunda-mão como kimonos e livros.

Além da feira que é bem interessante e agradável por si só, o templo To-ji é um dos Patrimônios Mundiais pela UNESCO, portanto, a feira Hatsu-Kobo não tem como ser uma escolha errada.
- Início: 21 de janeiro;
- Local: Templo To-ji, 1 Kujocho, Minami Ward, Kyoto, 601-8473, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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10. Wakakusa Yamayaki
O fogo é um elemento muito importante na cultura e tradição do Japão e são vários os festivais destinados a esse elemento essencial para a manutenção da vida. Um dos mais marcantes é o Wakakusa Yamayaki (若草山焼き) na capital da prefeitura de Nara.

O Wakakusa Yamayaki é realizado no quarto sábado do mês de janeiro, porém, não é sempre que é possível realizar esse festival dada a complexidade em colocar fogo na grama morta do Monte Wakakusa de forma segura.
Yamayaki (queimar a montanha) é uma tradição da cidade de Nara desde o século XVIII e se mantém viva, mas sua realização depende de condições meteorológicas, além disso, há diversas equipes do corpo de bombeiros garantindo a segurança do evento.

A queima da montanha acontece pouco depois do Sol se pôr e se estende pela noite. As procissões, no entanto, começam por volta das 17:00 com os participantes utilizando roupas tradicionais de oficiais do governo e dos monges bushi das montanhas, os Yamabushi.
Para o Wakakusa Yamayaki, a grama do monte é meticulosamente preparada em padrões para o fogo se tornar uma forma de arte. Outras atrações imperdíveis do festival são a queima de fogos, apresentações com taiko¸ e claro, o turismo gastronômico entre outros.
- Início: 4º sábado de janeiro;
- Horário: a partir das 17:00;
- Local: Monte Wakakusa, Nara, Prefeitura de Nara. Clique aqui para ver no mapa;
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11. Hatsu-Tenjin
Semelhante ao Hatsu-Kobo, o Hatsu-Tenjin (初天神) também é a primeira feira a céu aberto do ano, só que quatro dias depois da feira no templo budista To-ji e realizada no santuário Kitano-temmangū.
Contudo, o Hatsu-Tenjin possui algumas particularidades adicionais. Durante o Hatsu-Tenjin, eles homenageam a memória do nascimento e morte de Sugawara no Michizane, uma figura política e intelectual do período Heain muito importante para a história do Japão.

Sugawara no Michizane foi elevado a condição de deidade, o kami Tenjin, patrono do intelecto, dos estudos e do saber. No santuário Kitano-temmangū, todos os dias 25 do ano são dedicados à Tenjin, portanto, semelhantes ao festival Hatsu-Tenjin.
O santuário Kitano-temmangū, feito para honrar a memória de Sugawara no Michizane, foi construído no ano 947 por ordem do 62º Imperador do Japão, Murakami. Existem cerca de 12 mil santuários no país dedicado à Tenjin.
Durante o Hatsu-Tenjin, o visitante encontrará cerimônias shinto, apresentações de caligrafia, uma grande feira a céu aberto com comida, plantas, objetos antigos e outros artigos de segunda-mão como kimonos e livros.
- Início: 25 de janeiro;
- Horário: das 6:00 às 21:00;
- Local: Santuário Kitano-temmangū, Bakurocho, Kamigyo Ward, Kyoto, 602-8386, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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12. Bugaku
Nos primeiros dias do ano, o santuário Itsukushima-jinja, em Miyajima-cho, prefeitura de Hiroshima abre espaço para o Bugaku (舞楽), uma dança tradicional da aristocracia japonesa durante o período Nara (710 – 794) e o período Heian (794 – 1192).
A dança Bugaku narra o conto de Ryo-o, o Rei Dragão. No conto, Ryo-o é uma criatura tão bela que até mesmo seus inimigos se sentem atraídos e hipnotizados por sua beleza. Então, para ser levado a sério por todos, Ryo-o veste uma máscara de um dragão feroz em batalha.

Apesar da tradição milenar, as apresentações são escassas, por isso, é considerado como um evento que traz sorte. Além disso, há uma forte ligação espiritual entre o Bugaku que chegou ao Japão através do budismo pela Coreia e pela China.
O santuário Itsukushima-jinja em si já é atração suficiente, afinal, além de ser considerado um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é um dos pontos turísticos mais belos e reconhecidos internacionalmente.
Não obstante, a importância espiritual desse santuário (e da ilha em si) para o Japão é gigantesca. Fiéis expressam sua fé no Monte Misen, o pico mais alto da ilha, desde século VI. Desde então, Miyajima é considerada como uma ilha espiritual do Japão.
- Início: 2, 3 e 5 de janeiro;
- Horário: dias 2 e 3 às 13:00 e dia 5 às 15:30;
- Entrada: JP¥ 300,00 (desconsiderando o valor da balsa para ir de Hiroshima a Miyajima);
- Local: Itsukushima-jinja, 1-1 Miyajima-cho, Hatsukaichi, Hiroshima 739-0588. Clique aqui para ver no mapa;
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13. Usokae e Onisube Shinji
No dia 7 de janeiro, o santuário Dazaifu Tenman-gū, Dazaifu, prefeitura de Fukuoka, um dos mais importantes santuários em homenagem a Sugawara no Michizane (e construído sobre seu túmulo) realiza o festival conhecido como Usokae e Onisube Shinji.
Primeiro acontece o ritual Usokae (うそかえ). Os visitantes do santuário podem adquirir um dom-fafe (“Uso”, ウソ ou 鷽) de madeira, a ave é considerada a mensageira do kami Tenjin (Sugawara no Michizane).

Durante a cerimônia, os participantes circulam um dom-fafe gigante em meio ao som de tambores e músicas tradicionais e cantam “kaemasho kaemasho” (vamos trocar).
Após as trocas das aves de madeira e ao fim da cerimônia, as pessoas guardam os amuletos e os levam para casa. O amuleto traz boa sorte e felicidade para o portador durante o ano.
Além disso, a palavra “uso” (ウソ ou 鷽) também tem o sentido de mentira. Por isso, o ritual Usokae também representa a troca das mentiras, inverdades, contradições ditas no ano anterior por bençãos do kami Tenjin para o ano que se inicia.
Entre suas qualidades, Sugawara no Michizane se destacava por sempre se expressar com sinceridade, inclusive ao Imperador Uda (10 de junho de 867 – 3 de setembro de 931).
Após a cerimônio Usokae, o Dazaifu Tenman-gū dá espaço ao Onisube Shinji (⻤すべ神事), um dos maiores festivais de fogo do Japão que acontece desde o ano 986 e é designado como Patrimônio Cultural Folclórico Intangível pela prefeitura de Fukuoka.

Uma procissão de sacerdotes atravessa a ponte Shinji-Ike do santuário com tochas contendo o fogo sagrado, ao chegar no local onde a palha será queimada, os sacerdotes encontram uma equipe vestida de ogros e exorcistas.
O fogo e a fumaça são para afastar o mal e os infortúnios e trazer bençãos aos presentes na cerimônia de purificação Onisube Shinji. Ao final, os visitantes levam consigo um pedaço de madeira queimada para casa para trazer sorte e prosperidade.
Além dos festivais Usokae e Onisube Shinji, o Dazaifu Tenman-gū é um dos principais pontos turísticos do Japão. Antes do período pandêmico, o santuário recebia cerca de 10 milhões de visitante todos os anos.
- Início: 7 de janeiro;
- Horário: Usokae: 18:00 – Onisube Shinji: 20:30;
- Participação: aos que desejam participar da troca de aves de madeira, o amuleto tem um custo de JP¥ 1.000,00 e é recomendado compra-lo uma hora antes do início do festival (17:00);
- Local: Santuário Dazaifu Tenman-gū, 4 Chome-7-1 Saifu, Dazaifu, Fukuoka 818-0117, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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14. Hadaka-mairi
O Festival de Peregrinação Nu, Hadaka-mairi (裸参り) é um impressionante evento que acontece durante o mês de janeiro em santuários e templos da cidade de Morioka, prefeitura de Iwate.
Esse tipo de festival remontam ao período Edo (1603 – 1868) e são comuns por todo o Japão. Em Morioka, o Hadaka-mairi é celebrado nos templos Eishoin e Kitayama Kyojo-ji (o mais antigo na tradição da cidade), e nos santuários Morioka Hachimangū e Sakurayama.

Ao cair da noite, os participantes colocam um pouco de pimenta na boca e se cobrem apenas com sarashi (晒し), mino (腰蓑), shimenawa (“注連縄” ou “七五三縄”) e sandálias em um frio abaixo de 0°, além disso, antes de peregrinarem, é preciso tomar um banho de balde de água gelada para purificar a mente e o espírito.
Performando um ritmo folclórico ao som de sinos, os peregrinos enfrentam o frio congelante da cidade enquanto caminham por ela orando para que ela receba bençãos, prosperidade, proteção e saúde para o ano que iniciou.
Outros templos e santuários também realizam o Hadaka-mairi, mas os mais importantes em Morioka são realizados no Eishoin, Kitayama Kyojo-ji, Morioka Hachimangū e Sakurayama. Cada um dos locais sagrados tem seu dia próprio para realizar o Hadaka-mairi.
Além dos eventos em Morioka, no santuário Shinzan-jinja em Yurihonjo, prefeitura de Akita, o festival Hadaka-mairi também acontece em fevereiro.
- Início: Eishoin (13 de janeiro), Kitayama Kyojo-ji (14 de janeiro), Morioka Hachimangū (15 de janeiro), Sakurayama (26 de janeiro) e Shinzan-jinja (segunda metade de janeiro);
- Horário: Eishoin (a partir das 17:00), Kitayama Kyojo-ji (Donto Matsuri as 16:30 e Hadaka-mairi às 17:30), Morioka Hachimangū (Donto Matsuri a partir das 10:00 e Hadaka-mairi a partir 17:00), Sakurayama (Donto Matsuri a partir das 13:00 e Hadaka-mairi a partir das 16:30) e Shinzan-jinja (a partir das 10:00);
- Local: Eishoin (clique para ver no mapa), Kitayama Kyojo-ji (clique para ver no mapa), Morioka Hachimangū (clique para ver no mapa), Sakurayama (clique para ver no mapa) e Shinzan-jinja (clique para ver no mapa);
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15. Muika Matsuri
No santuário Nagataki Hakusan-jinja a pequena vila Shirotori-chō, vizinha da graciosa cidade de Gujō, ambas na prefeitura de Gifu, é celebrado anualmente o festival Muika Matsuri (六日祭り), também conhecido como Hana-bai Matsuri (花奪い祭) ou Six-Day Festival.
Embora não seja um ponto turístico e a informação sobre seja escassa, o Nagataki Hakusan-jinja tem uma enorme importância para a espiritualidade japonesa fazendo do sincretismo entre budismo e shintō uma nova forma de culto.

O santuário foi o centro da escola Hakusan durante o período Heian (794 – 1185), em especial no 5º ano (828) da era Tenchō (824 – 834). Desde então, o Muika Matsuri (Hana-bai) Matsuri é realizado.
O festival é marcado pelo que é conhecido como “roubo das flores”. O salão principal do Nagataki Hakusan-jinja é decorado com flores de sakuras, crisântemos, peônias, camélias e papoulas artificiais em buquês presos a 6 metros de altura.
Os participantes precisam trabalhar em equipe para criar escadas humanas. Quando as flores são alcançadas e derrubadas, há uma “luta”, uma disputa acalorada entre os participantes pelo espólio conquistado, por isso é conhecido também como festival do “roubo das flores”
Diz a tradição que aqueles que conseguem levar uma das flores são agraciados com prosperidade, boa fortuna e segurança familiar. O visitante contará com cerimônias e orações em homenagens as deidades do budismo e do shintō.
No mesmo dia no Nagataki Hakusan-jinja também é realizada a dança folclórica Ennen-no-mai, Propriedades Culturais Folclóricas Intangíveis Importantes Nacionais, uma rara oportunidade de ver uma apresentação durante o Muika Matsuri.

Isso porque o santuário Nagataki Hakusan-jinja fica entre as montanhas o Monte Haku, divisa entre as prefeituras de Gifu e Ishikawa, não obstante, é considerado como uma das três cadeias de montanhas mais belas do Japão (sem contar seu aspecto sagrado).
O Monte Haku é visto pela população desde os primórdios como uma montanha branca que flutua, como uma deidade da água, portanto, compreendido como um kami da agricultura (prosperidade).
É um ponto histórico dificilmente encontrado nos roteiros de viagem ao Japão, contudo, seja pelo aspecto estético da arquitetura, pelas belezas naturais ou pelo contexto histórico e cultural que o Muika Matsuri (Hana-bai Matsuri) possui, vale uma visita ao belo santuário.
- Início: 6 de janeiro;
- Horário: 13:00;
- Local: Nagataki Hakusan-jinja, 〒501-5104 Gifu, Gujo, Shirotoricho Nagataki, 91. Clique aqui para ver no mapa;
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16. Tsuruga Nishimachi no Tsunahiki
Considerado uma das Propriedades Culturais Folclóricas Intangíveis do Japão, o festival Tsuruga Nishimachi no Tsunahiki (敦賀⻄町の綱引き) é um evento extremamente divertido que reúne milhares de pessoas todos os anos.
O evento tem lugar na rua Nishimachi-dori, no bairro de Aioi-cho, Tsuruga, prefeitura de Fukui e é realizado desde o final do período Sengoku (1457 – 1573), início do período Azuchi-Momoyama (1573 – 1603).

Os participantes são divididos em duas equipes, a equipe Ebisu que se coloca a leste e a equipe Daikoku a oeste. Ebisu e Daikoku são duas das deidades que compõem o Shichi Fukujin (“七福神”, Sete Deuses da Sorte), além de serem irmãos.
Daikoku, o mais sorridente entre os Shichi Fukujin, é a deidade da prosperidade, fartura e agricultura. Já Ebisu é o protetor dos pescadores, marinheiros, comerciantes e das crianças, além de ser a deidade do trabalho e da honestidade.

O Tsuruga Nishimachi no Tsunahiki é um cabo de guerra entre representantes das duas deidades. A corda possui 50 metros de comprimento, diâmetro de 25cm e centenas de mãos se juntam para vencer a divertida e acalorada competição.
A disputa começa após um ritual liderada por um participante de cada equipe, leste (Ebisu) e oeste (Daikoku) vestidos com as máscaras das respectivas deidades. Se a equipe de Ebisu vencer, então será um bom ano para a pesca, se Daikoku vencer, será um bom ano para a agricultura.
Centenas de pessoas de todas as idades participam do cabo de guerra com muito bom humor e empenho, afinal, independentemente do vencedor, ao final, quem vence é a cidade de Tsuruga.
- Início: terceiro domingo de janeiro;
- Local: Nishimachi-dori, Aioi-cho ward, Tsuruga, prefeitura de Fukui. Clique aqui para ver no mapa;
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17. Toka Ebisu
No início de janeiro, a capital cultural do Japão, Kyoto, a cidade de Osaka, Nishinomiya e Fukuoka recebem o festival Toka Ebisu (十日ゑびす), cada qual com sua data e características próprias.
Em Kyoto, são cinco dias de celebração no Ebisu-jinja, o santuário principal do festival Toka Ebisu (também há festividades acontecendo em outros santuários da cidade). Já em Osaka, são três dias de celebração do Hoekago Gyoretsu nos santuários Imamiya Ebisu-jinja, Tokaebisu e Nishinomiya.

Durante os cinco dias de festa em Kyoto, os visitantes terão a oportunidade de assistir a uma apresentação de Kagura (神楽), uma dança xamânica relacionada ao teatro Noh (能) ao som de flauta e tambor.
No passado, era executado por sacerdotisas no Palácio Imperial para representar o mito de Amaterasu, a kami do Sol e do Universo, a Grande Deusa o qual o Imperador do Japão descende.
No santuário da cidade de Nishinomiya, o Nishinomiya-jinja, conhecido também como Ebessan, o evento principal é o Kaimon Shinji Fukuotoko Erabi (開門神事福男選び), uma corrida alucinante com cerca de 5 mil pessoas.
Dessa multidão, 108 (número auspicioso para muitas áreas do conhecimento) pessoas aleatórias são selecionadas para ficarem a frente dos portões do santuário. Às 6:00 os portões abrem e os participantes devem percorrer 230 metros até o salão principal.
As três primeiras pessoas são premiadas como Fukotoko, “homem de sorte” e recebem uma estátua de Ebisu, cerveja e arroz para a boa fortuna do ano que iniciou. Apesar da palavra, mulheres vencedoras são igualmente premiadas e prestigiadas como fukotoko.

Em geral, as principais atrações nos santuários que realizam o Toka Ebisu são o Kachimairi (かち詣り), também conhecido como Shogatsu Taisai (正月大祭), e Hoekago Gyoretsu (宝恵かご⾏列), os grandes desfiles das geishas e maikos aos santuários.
Durante todo o festival são celebrados rituais e cerimônias, mas o ponto alto do festival é o dia 10 de janeiro, Hon Ebisu, o dia em que as pessoas veneram o deus Ebisu há mais de 4 séculos.
O festival Toka Ebisu é dedicado a Ebisu, deidade protetora dos pescadores, marinheiros, comerciantes e das crianças, além de ser a deidade do trabalho e da honestidade entre o Shichi Fukujin, os Sete Deuses da Sorte.
Há muitas outras atrações que vão desde rituais pedindo a benção até a rica gastronomia local. Diz a lenda que Ebisu é um pouco surdo, então, aguarde por um festival barulhento e com milhões de visitantes (ao menos nos santuários mencionados).
- Início: Osaka (9 de janeiro), Kyoto (8 de janeiro), Nishinomiya (9 de janeiro) e Fukuoka (8 de janeiro);
- Término: Osaka (11 de janeiro), Kyoto (12 de janeiro), Nishinomiya (11 de janeiro) e Fukuoka (11 de janeiro);
- Local: Osaka (Imamiya Ebisu-jinja. Clique aqui para ver no mapa), Kyoto (Ebisu-jinja. Clique aqui para ver no mapa), Nishinomiya (Nishinomiya-jinja. Clique aqui para ver no mapa) e Fukuoka (Tokaebisu. Clique aqui para ver no mapa);
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18. Doya-doya
Doya-Doya (どやどや) é um festival daqueles em que a competição entre equipes é elevada, ainda mais por ser inverno e os participantes vestirem apenas fundoshi no rigoroso inverno de Osaka, o que de certa forma o qualifica como um festival do tipo Hadaka-mairi (裸参り).
O evento é realizado no templo Shitennō-ji em Osaka, o primeiro templo construído quando o príncipe Shotoku determinou que o budismo seria a religião do Japão no primeiro ano do reinado da Imperatriz Suiko (593).

Todos os participantes são do sexo masculino e possuem vínculo com o templo, em geral são estudantes de escolas próximas ao Shitenno-ji. O evento começa com as equipes infantis (com a participação de meninas) de roupas comuns e termina com jovens do ensino médio.
As equipes, branca e vermelha, disputam pelos gohei (御幣), o objeto sagrado shintō feito com uma haste de madeira e dois papeis e o formato de raio nas extremidades espalhados no salão principal do templo enquanto são molhados com baldes de água fria por seus professores.
A equipe que recolher o maior número de gohei nas três rodadas do Doya-Doya é a vencedora. De acordo com a tradição, os vencedores são abençoados com um ano de boas colheitas.

Aos que pretendem acompanhar o evento do dia, é recomendável chegar no templo pela manhã, pois antes da realização do Doya-Doya é celebrado o Dondo-yaki (どんど焼き), a queima de objetos e amuletos de sorte do ano que passou.
O Doya-Doya (onomatopeia para o som os passos de uma pessoa fazem no chão molhado) é realizado no último dia do Shoshue (修正会) e apesar de não existir uma data oficial de sua realização, se supõe que tenha começado no ano 827.
Além da energia e diversão que o festival inspira, a mera visita ao Shitennō-ji, o primeiro templo budista do Japão é por si uma visita a um dos locais religiosos mais antigos do Japão e do mundo.
- Início: 14 de janeiro;
- Horário: Dondo-yaki das 9:00 às 14:00 e Doya-Doya a partir das 14:00;
- Local: Templo Shitennō-ji, 1-11-18 Shitennoji, Tennoji Ward, Osaka, 543-0051, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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19. Tamaseseri
Considerado como um dos três maiores festivais de Kyushu, o festival Tamaseseri (玉せせり), também conhecido como Tamatori-sai (玉取祭), uma competição entre equipes que representam pescadores e agricultores realizada na cidade de Fukuoka.
A história do Tamaseseri é tão nebulosa quanto mágica. A principal hipótese é que o Tamatori-sai surgiu em algum momento do período Muromachi (1336 – 1573) e é celebrado anualmente no santuário Hakozaki-gu desde então.

A disputa é histórica e tradicional. A equipe da praia (ou do mar), é composta por pescadores e a equipe da terra é composta por trabalhadores de terra firme. Uma batalha entre pescadores contra agricultores e comerciantes.
Conta a lenda que as duas bolas de madeira pesando 8kg cada foram dadas por dragões em homenagem as conquistas militares da lendária Imperatriz Jingū.
Outras versões sobre a origem do Tamaseseri afirmam que elas foram escolhidas por seu brilho, foram retiradas do mar por um mercador e oferecidos ao santuário Hakozaki-gu.

O Tamaseseri começa com as duas bolas, uma representando a polaridade yin e a outra representando a polaridade yang sendo abençoadas em um ritual no santuário Tamatori Ebisu que fica a cerca de 250 metros do Hakozaki-gu.
As bolas são entregues aos integrantes das equipes, todos trajadas apenas com shimekomi (締め込み), mais conhecida como a vestimenta utilizada por lutadores de sumo, lutarão pelo domínio da bola yang, a polaridade positiva.
Contudo, a bola só pode ser disputada entre aqueles que estão em cima do ombro de seus companheiros de equipe. Não obstante, os participantes são constantemente molhados com baldes de água gelada.
Cada equipe se esforçará pelo monopólio da bola yang e conduzi-la do santuário Tamatori Ebisu até o Roumon (楼門), o portão gigante do santuário, ao salão principal do Hakozaki-gu. Lá, um monge estará esperando. Vence a equipe que entregar a bola ao monge.

De acordo com a tradição, aquele que encostar em uma das bolas terá o mal afastado e boa fortuna durante o ano que inicia.
Originalmente, se a equipe da terra vencesse, o ano seria abençoado com boas colheitas. Se a equipe do mar vencesse, seria um ano abençoado com prosperidade na pesca.
Mas, com as mudanças na sociedade após a revolução industrial, a mudança da economia da agricultura para a produção em larga escala e serviços, e as novas modalidades de trabalho, o propósito divinatório que existia no Temaseseri foi abandonado.
O Tamatori-sai era originalmente o festival Tamahayashi realizado por todo o país nos santuários dedicados ao kami Ebisu.
- Início: 3 de janeiro;
- Horário: 13:00 horas no santuário Tamatori Ebisu;
- Local: Santuário Tamatori Ebisu (clique aqui para ver no mapa) e Hakozaki-gu (clique aqui para ver no mapa);
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20. Matobakai
Realizado no 3º domingo de janeiro, o Matobakai (的ばかい), também conhecido como Hamayumi-sai (破魔弓祭) é um dos festivais “nu” do país e que remontam quase nove séculos de tradição.
O festival era realizado tradicionalmente por homens que atingiam a maioridade, um dos muitos ritos de passagem para a vida adulta no Japão. Contudo, a quantidade de participantes reduziu substancialmente nos últimos anos.

Para resolver o problema da falta de participantes do Matobakai, pessoas de todas as idades foram autorizadas a participarem, inclusive de fora da pequena cidade de Nagasu-machi, prefeitura de Kumamoto.
Tudo começa com o Hamayumi-sai no santuário Shioji-jinja, ritual shintō marcado por três lançamentos de flechas com arco feita por um sacerdote em diferentes direções e posteriormente aberta ao público em um local específico para não haverem acidentes.
Após a cerimônia começa o Matobakai. Cerca de 150 homens vestidos com fundoshi e constantemente molhados com baldes de água gelada disputam um tatame de cânhamo e palha do Shioji-jinja pela rua Kaigan-dori até a costa da cidade no mar de Ariake.

O tatame que é considerado um shintai (“神体”, corpo do kami) possui 60cm de diâmetro e pesa aproximadamente 6kg. De acordo com a tradição, o vencedor da disputa é abençoado com boa sorte ao longo do ano.
Por fim, quando o shintai chega ao mar de Ariake, é dividido pelo mesmo número de participantes para que todos possam levar um pedaço e oferecer a deidade ao altar de casa.
- Início: 3º domingo de janeiro;
- Horário: Hamayumi-sai (período matutino), Motabakai (a partir das 13:00);
- Local: Shioji-jinja, 1273 Nagasu, Tamana District, Kumamoto 869-0123, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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21. Yasukuni Jinja Nento Gyoji
No santuário Yasukuni-jinja, na cidade de Chyodam prefeitura de Tokyo, o mais controverso do Japão, é realizado o nos primeiros dias do ano o festival Yasukuni Jinja Nento Gyoji (靖国神社年頭⾏事).
O festival tem início no dia 1º de janeiro às 00:00 ao som de 21 batidas no taiko gigante do santuário que soam na escuridão iluminada pelas fogueiras preparadas para receber os visitantes e manter a tradição.

Nas primeiras horas do Yasukuni Jinja Nento Gyoji, é realizada uma cerimônia com as águas sagradas de uma fonte do próprio santuário, ela é oferecida aos espíritos e deidades do Yasukuni-jinja.
Outro ritual é realizado pela manhã do dia primeiro para a paz no Japão e entre seus cidadãos. O Yasukuni Jinja Nento Gyoji possui diversas atrações para os visitantes, algumas religiosas e outras culturais.
Apresentações de artes marciais e Tsugaru-Shamisen (“つがるしゃみせん“, instrumento musical semelhante a um banjo), dança com espadas, a famosa dança do leão Shishimai (獅子舞), danças tradicionais clássicas, Yumi-hajime (“弓はじめ”, arquearia de ano novo) e a dança folclórica Edogei Kappore.
Além das atividades religiosas e culturais, é oferecido gratuitamente aos visitantes do santuário um pouco de sake e amazake (aos adultos), ambas bebidas abençoadas e consideradas sagradas.
- Início: 1º de janeiro;
- Término: 4 de janeiro;
- Horário: a passagem do ano às 00:00, as demais atividades começam pela manhã, entre 9:00 e 10:30 e terminam por volta das 14:30;
- Local: Yasukuni-jinja, 3 Chome-1-1 Kudankita, Chiyoda, Tokyo 102-8246, Japão. Clique aqui para ver no mapa;
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22. Haijima Daishi Daruma Ichi
Nos primeiros dias de janeiro, o templo Haijima Daishi, cidade de Akishima, prefeitura de Tokyo, realiza a primeira feira dedicada a um dos principais símbolos culturais e religiosos do Japão: o Haijima Daishi Daruma Ichi (拝島大師だるま市).
São cerca de 600 barracas com bonecos Daruma produzidos por comerciantes locais, souvenir como kabura-ya (“鏑矢”, uma flecha utilizada por samurais em rituais e posteriormente no campo de batalha que produz um som semelhante a um assobio) considerado um amuleto de proteção contra espíritos malignos, e é claro, barracas de comida e muito mais.

A tradição da feira Haijima Daishi Daruma Ichi após o hatsumōde (“初詣”, primeira visita ao templo ou santuário no ano novo) vem desde o período Edo. Na época, havia também um festival Hadaka-mairi na entrada do templo.
Durante a feira, os visitantes podem trazer seus bonecos Daruma do ano passado para serem queimados no ano novo conforme a tradição. Para saber mais sobre a cultura e tradição do desse importante símbolo japonês, confira o artigo Daruma: confira nosso guia completo.
Além da feira Daruma Ichi, o templo Haijima Daishi é um espetáculo à parte no que diz respeito a arquitetura, os belos edifícios (destaque para a deslumbrante pagoda) e a harmonia com a natureza local. Sob qualquer perspectiva, o Haijima Daishi Daruma Ichi é imperdível.
Outras feiras Daruma Ichi também acontecem no mês de janeiro: Ome Daruma Ichi (12 de janeiro na rua Kyu-Ome-Kaido, Tokyo), Hatsu Daishi (3 de janeiro no templo Kawagoe Daishi, prefeitura de Saitama, de 20 a 21 de janeiro no templo Kawasaki Daishi, prefeitura de Kanagawa e 21 de janeiro no templo Nishiari Daishi, Tokyo), Daruma Ichi (28 de janeiro no templo Takahata Fudoson, Tokyo), Takasaki Daruma Ichi (de 1 a 2 de janeiro em frente a Estação de Takasaki, prefeitura de Gunma), Maebashi Hatsuichi Matsuri (9 de janeiro no santuário Maebashi Hachiman-gu, prefeitura de Gunma), além de outras ruas, templos e santuários.
- Início: 2 de janeiro;
- Término: 3 de janeiro;
- Horário: a partir das 9:00;
- Local: Templo Haijima Daishi, 1 Chome-6-15, Haijima-cho, Akishima, prefeitura de Tokyo, 〒196-0002. Clique aqui para ver no mapa;
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23. Kōdōkan Kagami Biraki-shiki
Pelas academias de artes marciais do Japão é realizado o Kagami Biraki-shiki (鏡開式), a celebração de ano novo entre os praticantes com mochi e sake para celebrar a amizade e a união.
Os locais mais importantes do Kagami Biraki-shiki são o Budokan (武道館), estádio construído para as competições de judô nos Jogos Olímpicos de 1964 e no Kōdōkan (講道館), ambos na capital japonesa. O Instituto de Judô Kōdōkan é a escola fundada pelo criador do judô, Kanō Jigorō.

Geralmente o Kagami Biraki-shiki acontece no dia 11 ou próximo dele, preferencialmente em dias de número ímpar. No Japão os números ímpares são considerados números de sorte, mas a escolha do dia 11 tem outra razão.
De acordo com a enciclopédia Nihon Daihyakka Zensho (日本大百科全書), a data dessa comemoração – tradicionalmente realizada por famílias dos bushis – era no 20º dia do 1º mês do ano.
Contudo, após a morte do shogun Tokuagawa Iemitsu no 20º dia do 4º mês de 1651, o Kagami Biraki-shiki foi alterado para o 11º dia do primeiro mês do ano (para saber mais sobre o tempo no Japão, acesse o artigo Tempo no Japão: entenda a evolução do conceito do tempo e sua importância na sociedade moderna)

Já em meados de 1880, o judoca Kanō Jigorō passou a incorporar essa celebração na sua escola. Além de ser um dia para apresentações e graduação dos mais experientes (faixa coral e vermelha), o primeiro do ano, ao final os praticantes compartilham mochi e sake.
Desde então, com a popularização do judô e do nome de Kanō Jigorō pelo Japão nos anos seguintes, o Kagami Biraki-shiki se tornou uma tradição nas escolas e academias das mais diversas artes marciais do país.
Embora seja uma tradição tipicamente japonesa, o Kagami Biraki-shiki é um evento indispensável a todo amante das artes marciais e uma experiência ainda mais especial de assistir no Budokan ou no Instituto de Judô Kōdōkan.
- Data: 11 de janeiro ou próximo;
- Horário: por volta das 10:00;
- Local: Kōdōkan (clique aqui para ver no mapa) e Budokan (clique aqui para ver no mapa);
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24. O-Zumo Hatsu Basho
O sumô é uma arte marcial e um esporte que ao lado do judô e do karate, formam um símbolo sobre o Japão em todo o mundo. E apesar de não existir muitas notícias sobre as competições e atletas nas mídias internacionais, é um fenômeno doméstico.
Para se ter uma ideia do tamanho do sumô no Japão, são realizados os Grandes Torneios profissionais, o O-Zumo Hatsu Basho (大相撲初場所) a cada dois meses: janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro, além de torneios menores locais.

A seleção dos atletas para essas grandes competições é anunciada nos intervalos anteriores aos meses dos torneios. São duas semanas diretas de combates durante todo o dia, um prato cheio para os amantes de esporte de contato.
Os ingressos para o O-Zumo Hatsu Basho começam a ser vendidos também no mês anterior as competições pela internet, nos estádios e em lojas conveniadas como Seven Eleven e outras redes de konbini.

O evento de janeiro tem lugar no Ryōgoku Kokugikan (両国国技館), um estádio construído no final da Era Meiji e finalizado em 1909 com capacidade para 11.098 espectadores durante o boom na popularidade do sumô.
Em 1954 o Ryōgoku Kokugikan foi reconstruído no bairro Kuramae em Tokyo dado o estado de deterioração do edifício que abrigara o Exército Imperial do Japão durante a segunda guerra mundial e posteriormente ocupada pelas forças aliadas (EUA).

Nas décadas seguintes o sumô voltou a ser uma paixão nacional e o estádio foi reconstruído no local original. No Ryōgoku Kokugikan o visitante terá acesso ao museu da história do sumo e restaurantes que oferecem chankonabe (ちゃんこ鍋), prato típico de praticantes de sumô.
O O-Zumo Hatsu Basho acontece o dia inteiro, primeiros são os atletas menos conhecidos e depois os mais famosos. Na hora de comprar os ingressos, há duas formas de assistir ao evento, sentado em cadeiras regulares ou no estilo japonês em um box sentado no chão.
- Início: 8 de janeiro (cronograma de 2023). Em geral os eventos começam até a primeira quinzena do mês;
- Término: 22 de janeiro (cronograma de 2023);
- Horário: a partir das 8:30 de 8 a 19 de janeiro e a partir das 10:00 de 20 à 22 de janeiro (cronograma de 2023);
- Ingressos: de JP¥ 3.800,00 (cadeiras regulares) a JP¥ 38.000,00 (box para 4 pessoas) em média;
- Local: Ryōgoku Kokugikan, 1 Chome-3-28 Yokoami, Sumida, Tokyo 130-0015. Clique aqui para ver no mapa;
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25. Hatsu Konpira-sai
No distrito de Minato-ku na capital japonesa, o santuário Kotohira-gū recebe o Hatsu Konpira-sai (初こんぴら祭), festival dedicado aos Shinchifukujin, os Sete Deuses da Sorte e que conta também com a apresentação do Sato-Kagura (里神楽), dança performática tradicional do shintō.

Mas antes da realização da celebração aos Shinchifukujin e do Sato-Kagura, o santuário realiza uma cerimônia para a Edo Firemanship Preservation Association, organização dedicada a preservação da cultura e tradição do corpo de bombeiros desde o período Edo.
Após essa cerimônia, é iniciada o Hatsu Konpira-sai com uma procissão de monges do torii do Kotohira-gū em direção ao santuário principal para um ritual em homenagem aos Sete Deuses da Sorte.

Ao final do ritual no santuário, os visitantes são agraciados com uma apresentação de Sato-Kagura, essas performances dramáticas narram as muitas histórias místicas e mitológicas do shintō como a criação do Japão, por exemplo.
Conhecido especialmente pelo raro torii de cobre com as quatro divindades guardiãs (o dragão azul do leste, Seiryū, a fênix vermelha do sul, Suzaku, o tigre branco do oeste, Byakko e a tartaruga-quimera do norte, Genbu), o Kotohira-gū de Tokyo é uma belíssima relíquia de 1660.

O santuário foi erguido por Kyōgoku Takakazu, daimyo de Marugame, cidade que pertence a prefeitura de Kagawa, antiga província de Sanuki. Dedicado ao espírito do Imperador Sutoku (1119 – 1164), o Kotohira-gū abrigou deidades tanto do shintō quanto do budismo até 1869.
A transferência para Edo aconteceu em 1679, e após da lei Kokka Shintō (国家神道) que separou as religiões do Japão tornando o shintō como religião oficial na constituição de 1889, o Kotohira-gū se tornou exclusivamente um santuário.
O santuário Kotohira-gū tem uma história incrível que atravessou os séculos e mais de 700km do Mt. Zōzu em Kanagawa até as proximidades do Castelo Imperial do Japão em Tokyo, antigo Edo. Visita-lo durante o Hatsu Konpira-sai o torna ainda mais especial.
- Início: 10 de janeiro;
- Horário: a partir das 10:00;
- Local: Santuário Toranomon Kotohira-gū, 1 Chome-2-7 Toranomon, Minato City, Tokyo 105-0001. Clique aqui para ver no mapa;
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26. Momote-shiki
Assim como o Toshiya, realizado no templo Sanjūsangen-dō em Kyoto, o Momote-shiki (百々手式) é um dos tradicionais ritos de passagem para a vida adulta para os jovens japoneses (de ambos gêneros) com disparos de flechas com arco (kyudo).
A cerimônia de passagem acontece em frente ao Homotudenn, a Casa do Tesouro do santuário Meiji-jingū, e é conduzida por mestre da escola Ogasawara-Ryu, uma das mais importantes e tradicionais escolas de kyudo, yabusame (arquearia montado em cavalos) e etiqueta.

Antes dos disparos dos jovens participantes, um sacerdote shintō realiza quatro disparos, um disparo para cada direção com flechas Kabura-ya, a flecha que assobia, para afastar os espíritos malignos.
Após os disparos do sacerdote, é a vez dos jovens trajados com karingu (“狩衣”, roupa de caça), vestimenta comumente utilizada em rituais shintō e budistas, e eboshi (烏帽子), um chapéu também utilizado por sacerdotes e muito comum entre os nobres japoneses do passado.
A palavra momote (Momote-shiki) possui dois kanjins, o primeiro (百) significa cem e o segundo (手) significa mãos e/ou arqueiros. Em geral, cinco grupos com 10 arqueiros realizam dois disparos cada, completando dessa forma 100 flechas. Mas tudo dependerá da quantidade de participantes no respectivo ano.
Um festival semelhante acontece no santuário Ōmoto, na sagrada Ilha de Miyajima (Istukushima), prefeitura de Hiroshima, o Momote-sai (百手祭). A diferença é que nesse festival não há ritos de passagem para a vida adulta.

O Momote-sai é realizado por 10 sacerdotes shintō que disparam flechas para as quatro direções e em alvos com o kanji “鬼” do demônio Oni desenhados atrás.
É um ritual para afastar os maus espíritos, colheitas abundantes e a determinação de viver o ano que se inicia em paz. Após os disparos, as flechas são sorteadas aos visitantes que também são convidados a comerem um pouco de gohan e beberem um pouco de sake sagrado.
Tanto o Momote-shiki quanto o Momote-sai são eventos onde o silêncio, foco e concentração em meio ao equilíbrio da natureza com a intervenção humana dos santuários são os principais atrativos. Uma ótima oportunidade de emergir na cultura e tradição milenar do Japão.
- Início: Momote-shiki (10 de janeiro) e Momote-sai (20 de janeiro);
- Horário: Momote-shiki (período diurno, a depender de cada ano) e Momote-sai (a partir das 11:00);
- Local: Santuário Meiji-jingū (clique aqui para ver no mapa) e santuário Ōmoto (clique aqui para ver no mapa);
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27. Kagura-hajime
Na primeira quinzena de janeiro, o santuário Kanda Myojin localizado no bairro de Chyoda em Tokyo realiza a primeira apresentação de Kagura-haijme (神楽はじめ), uma dança teatral específica do shintō.

Nessa performance específica é narrado o episódio em que a kami Ame-no-Uzume-no-Mikoto (天宇受売命), ou somente Uzume, adorada por ser a mais alegre de todas as deusas, deidade da dança, do amanhecer, das artes e da folia, dançou para que a kami Amaterasu-ōmikami (天照大神) saísse de sua caverna e trouxesse novamente a luz ao mundo e ao universo.
Vale ressaltar que a tradição japonesa atribui ao Imperador ancestralidade direta com Amaterasu. A apresentação de Kagura-hajime conta com taiko, flauta e outros instrumentos musicais tradicionais.

Embora esteja diretamente associada ao teatro Noh, isto é, por volta do século XIV, a dança teatral Kagura tem suas raízes nos relatos míticos e mitológicos da formação do Japão e de seu povo.
Não obstante, a performance é tradicionalmente considerada sagrada, sua execução limitava-se aos palácios Imperiais e aos santuários (e templos budistas até a separação das religiões) do país.

Contudo, após a segunda guerra mundial a dança se popularizou e pode ser vista em outros locais, como teatros por seu caráter folclórico. Em 2009, as diversas danças Kagura foram reconhecidas pela UNESCO como Propriedade Cultural Intangível da Humanidade.
Além disso, o santuário Kanda Myojin onde é realizado a performance Kagura-hajime é uma preciosa joia do período Nara (710 – 794), estabelecido no ano de 730, ou seja, completará 1300 anos de existência em 2030.
Embora tenha sido reconstruído diversas vezes por causa de tragédias naturais como terremotos e incêndios, seu espírito se manteve e sua beleza arquitetônica deslumbrante fazem do Kanda Myojin um ponto turístico indispensável da capital japonesa.
- Início: 14 de janeiro;
- Horário: 15:00;
- Local: Santuário Kanda Myojin, 2 Chome-16-2 Sotokanda, Chiyoda City, Tokyo 101-0021. Clique aqui para ver no mapa;
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28. Daikoku Matsuri
Nos dias próximos ao Kagura-hajime, o santuário Kanda Myojin recebe o Daikoku Matsuri (だいこく祭), festival dedicado a deidade da boa fortuna, Daikoku, um dos Sete Deuses da Sorte, os Shinchifukujin.
Sendo Daikoku a divindade da boa fortuna, da riqueza e do comércio, pessoas vão ao Kanda Myojin por múltiplas razões, boa fortuna em casa, no trabalho, nos negócios, nas relações, e não necessariamente relações amorosas, mas relações em que se deseja aprofundar os laços.

E apesar da fartura material que Daikoku possui e proporciona aos que decide abençoar, sua imagem relembra aos mais atentos, de que a riqueza material não acompanha a jornada do espírito quando ele parte de seu plano de existência.
O Daikoku Matsuri sempre acontece no fim de semana do Seijin no Hi, o Dia da Maioridade que é celebrado na segunda segunda-feira de janeiro, portanto, as datas não são exatamente fixas.
Muitos jovens que celebraram e completaram a maioridade vão ao santuário Kanda Myojin para participarem de um ritual de purificação no sábado chamado Misogi (禊), a prática do shintō de purificar o corpo lavando-o com as águas sagradas do santuário.

As águas podem ser uma fonte, um lago ou uma cachoeira que esteja dentro do solo sagrado, e neste caso, com as geladas águas do inverno japonês. O Misogi, contudo, é aberto a toda sociedade, independentemente do gênero.
Os homens utilizam apenas fundoshi e as mulheres utilizam kimono branco. Quando os participantes começam a banhar o corpo com a água de um pequeno tanque no Kanda Myojin, oram e fazem o que é conhecido como Furitama (“降り魂”, sacodir o espírito).
Realizar o Furitama enquanto se banha nas águas sagradas (e preferencialmente gelada) é uma forma de despertar o espírito para o momento presente, dessa forma, se desapegando do passado ou do futuro.
Rituais de purificação como esse acontecem por santuários de todo o país sem necessariamente estarem atrelados ao rito de passagem. No santuário Teppozu Inari-jinja (clique para ver no mapa), também em Tokyo, ele é realizado no segundo domingo de janeiro.
Porém, o nome do ritual no Teppozu Inari-jinja tem o nome de Kanchu Suiyoku (寒中⽔浴), e assim como no Misogi, o Kanchu Suiyoku testa a resistência dos participantes na água gelada enquanto reza pela prosperidade e boa saúde no ano que inicia.

De volta ao Kanda Myojin, no domingo é realizada a performance do Daikoku Matsuri efetivamente. Um sacerdote do santuário utiliza a máscara do kami Daikoku, dança ao som de instrumentos tradicionais enquanto balança seu martelo da sorte sobre a cabeça das pessoas abençoando-as.
Depois da cerimônia de benção, acontece o Hocho-shiki (“包丁式”, cerimônia da faca) passada de geração em geração desde o período Heian (794 – 1185). Os chefs que recebem o ensinamento estão aptos preparar um peixe (carpa) aos deuses homenageados no santuário.

Assistir ao Hocho-shiki é uma oportunidade única de observar de perto uma das mais finas artes do país, a arte gastronômica. Os chefs devem vestir um kariginu composto por eboshi e hakama epreparar seus peixes sem toca-lo com as mãos, utilizando apenas faca e hashi.
A ideia do Hocho-shiki é, acima de tudo, entender que comer, o ato de ingerir um alimento, é receber a vida, portanto, aprender a apreciar e agradecer pela graça da comida que é concedida aos humanos.
Também é possível assistir a esta arte no templo Hoon-ji também em Tokyo (clique aqui para ver no mapa) no dia 12 de janeiro, mas com o nome de Manaita-biraki (爼開き), contudo, o princípio é o mesmo.
- Início: sábado da semana no Seijin no Hi;
- Término: domingo da semana no Seijin no Hi;
- Horário: Misogi (sábado a partir das 10:00) e Hocho-shiki (domingo a depender);
- Local: Santuário Kanda Myojin, 2 Chome-16-2 Sotokanda, Chiyoda City, Tokyo 101-0021. Clique aqui para ver no mapa;
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29. Moja Okuri
Na segunda semana de janeiro, o ritual budista Moja Okuri (亡者送り), Onza Hiho Daranie (温座秘法陀羅尼会), é realizado durante 7 dias consecutivos no templo Sensō-ji, contudo, o Moja Okuri só é apresentado ao público no último dia do ritual.
Onza Hiho Daranie é uma tradição do templo desde o período Edo, e dada a natureza se torna perfeitamente compreensível o local da cerimônia, afinal, o Sensō-ji (também referido como Asakusa Kannon) é um templo dedicado a Bodhisattva da compaixão, Kannon Bosatsu.

A cerimônia (considerada a mais importante do ano) se mantém em uma espécie de ensaio entre os 336 sacerdotes que participam da performance durante 6 dias. O Moja Okuri se inicia as 6:00 do dia 12 de janeiro e é apresentado para os visitantes no dia 18.
Nos sete dias ininterruptos, dois Oni (demônios) carregam uma tocha cada em meio a escuridão do Kannondo Hall (salão principal). No total, são 168 duplas que performam os Oni por aproximadamente 15 minutos até serem substituídos por outros sacerdotes.
Por volta das 17:00 do 7º dia é realizado uma cerimônia aberta aos visitantes. Durante essa cerimônia, os participantes têm a oportunidade de colocar no altar um selo sagrado de orações ou levar para casa.

Mais tarde, quando escurece, começa a performance da última dupla de sacerdotes que se revelam aos visitantes do templo. As luzes do Kannondo Hall também são desligadas para o ritual Onza Hiho Daranie.
Enquanto performam batendo com as tochas no chão para purificar o mal, os sacerdotes recitam mantras para a paz mundial e a felicidade do Japão.
De acordo com a tradição, aqueles que conseguem pegar o “carvão” que cai das tochas dos Oni, são abençoadas com boa saúde durante o ano que se inicia.

O real objetivo do Moja Okuri, contudo, é oferecer bençãos e compaixão aos espíritos que vivem nos planos de existência Jigoku (“地獄”, reino dos seres demoníacos/inferno) e Gaki (“餓鬼”, reino dos espíritos famintos).
Por fim, os Oni jogam a tocha em buraco junto com oferendas como mochi para abençoar os seres que vivem em reinos de profundo sofrimento, o Jigoku e Gaki. Essa apresentação ao público dura pouco mais de 15 minutos.

Apesar da curta duração do Moja Okuri, ter a oportunidade de assistir ao evento considerado o mais importante do ano do templo Sensō-ji é uma viagem ao passado e aos reinos de existência da roda do Samsara em que seres vivem em condições inimagináveis.
Ao realizar essa viagem, se o coração for puro em sua intenção de trazer algum tipo de alívio àqueles que sofrem os piores castigos, o Onza Hiho Daranie eleva um ser humano comum, ainda que por um instante, a condição de Bodhisattva.
- Início: 18 de janeiro;
- Horário: a partir das 17:00;
- Selos sagrados de oração não são distribuídos gratuitamente;
- Local: Templo Sensō-ji, 2 Chome-3-1 Asakusa, Taito City, Tokyo 111-0032. Clique aqui para ver no mapa;
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30. Usokae-shinji e Hatsu Tenjin-sai
No final de janeiro, por três dias consecutivos são realizadas cerimônias e Usokae-shinji (鷽替神事) no santuário Kameido Tenjin, as sagradas fogueiras para abrir mão, purificar e transmutar amuletos de sorte do ano anterior.
Eventos Usokae-shinji são amplamente realizados em templos e santuários Japão adentro, outro festival muito comum, mas nos santuários do país, o Hatsu Tenjin-sai (初天神祭), eventos dedicados a deidade shintō, Tenjin, patrono das academias, inteligência e estudos acontecem.

Para saber mais ou relembrar mais sobre o kami Tenjinsama (Sugawara no Michizane) e o sentido de suas celebrações, confira os festivais ‘Hatsu-Tenjin’ e ‘Usokae e Onisube Shinji’ neste artigo.
O Hatsu Tenjin-sai no santuário Kameido Tenjin conta com um festival de música tradicional japonesa, o Kasai-Bayashi (かさい‐ばやし) e a performance shintō Sato-Kagura (里神楽). Para saber mais sobre Sato-Kagura, não deixe de conferir o festival ‘Kagura-hajime’.

Para além das cerimônias e festivais, destaque para o Kameido Tenjin, santuário de 1661 e de beleza ímpar, também é conhecido como Santuário das Flores, em especial pelas ameixeiras, sakuras e glicínias.
O santuário é famoso também por suas tartarugas, aliás, a palavra “Kame” do nome do santuário Kameido Tenjin (亀戸天神社), significa “tartaruga” (亀). É muito visitado por estudantes e amantes de flores durante os períodos de florescimento.
Uma outra razão para ir ao Usokae-shinji e ao Hatsu Tenjin-sai é que o santuário Kameido Tenjin possui uma muda da ameixeira sagrada Tobiume (“飛梅”, Ameixeira Voadora, a arvore preferida de Sugawara no Michizane) de mais de 400 anos do santuário Dazaifu Tenman-gū.
- Início: 23 de janeiro;
- Término: 25 de janeiro;
- Horário: Osukae-Shinji é realizado nos três dias às 8:30, Hatsu Tenjin acontece apenas no dia 25 durante todo o dia (incluindo as apresentações de Kasai-Bayashi e Sato-Kagura);
- Local: Santuário Kameido Tenjin, 3 Chome-6-1 Kameido, Koto City, Tokyo 136-0071. Clique aqui para ver no mapa;
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31. Tsubaki Matsuri
Do final de janeiro ao final de março, Izu Ōshima, prefeitura de Tokyo, celebra o Tsubaki Matsuri (椿まつり), o famoso ‘Festival das Camélias’, o maior festival realizado na pequena ilha vulcânica.
Durante três meses os visitantes encontrarão diversas barracas: comida, presentes e lembranças, flores, produtos à base de camélias, entre outras. Além disso, são realizadas apresentações artísticas aos finais de semana e até concurso para a Rainha das Camélias.
O Tsubaki Matsuri é uma tradição de Izu Ōshima desde 1955. São aproximadamente 3 milhões de camélias que florescem todos os anos na ilha e que fornecem matéria prima para os famosos óleos de camélia a turistas.
No final de fevereiro é realizado o concurso da Rainha das Camélias no qual mulheres de 18 a 30 anos podem se inscrever gratuitamente e terão os custos cobertos pelos organizadores do evento.
Essa ideia surgiu em 1992 e hoje, a rainha e as duas vice-campeãs são fundamentais para a cerimônia de abertura da próxima edição do Tsubaki Matsuri. As vencedoras também são agraciadas com prêmios.

A rainha recebe JP¥ 50 mil, uma série de produtos locais e uma premiação da empresa Tokai Kisen. As vice-campeão recebem JP¥ 20 mil e produtos locais. As inscrições são feitas a partir da página oficial da ilha de Izu Ōshima.
Os principais eventos durante o Tsubaki Matsuri acontecem no Tsubaki Plaza e no Tsubaki Center (Tokyo Metropolitan Oshima Park Museum), um jardim botânico com aproximadamente 3.200 camélias em suas dependências.
A ilha tem uma população de aproximadamente 8 mil pessoas e é literalmente um pedaço do paraíso na Terra. Além de praias e paisagens deslumbrantes, Izu Ōshima possui quantidade invejável de fontes termais, museus e um ponto formidável para assistir ao pôr do Sol.
Amantes de esportes também podem contar com excelentes ciclovias para transitar, visitar e apreciar a ilha, e conferir trilhas incríveis. Apesar das belas praias e locais incríveis para mergulhar, essa não é a melhor época do ano para esse tipo de turismo.
- Início: 30 de janeiro;
- Término: 27 de março;
- Horários: Abertura (30 de janeiros às 10:00), feira, workshops e apresentações (das 10:00 às 15:00) e Concurso para Rainha das Camélias (26 de fevereiro a partir das 10:00);
- Local: Izu Ōshima, prefeitura de Tokyo, acesso via balsa ou avião. Clique aqui para ver no mapa;
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32. Otariya
Otariya (春渡祭), festival celebrado no santuário Futaarayama-jinja na capital da prefeitura de Tochigi, Utsunomiya, cidade amplamente reconhecida como a capital do jazz no Japão, é realizado duas vezes por ano, em dezembro e em janeiro.
O festival é semelhante aos festivais para queimar amuletos da sorte do ano que se passou, mas o Otariya também está relacionado com o trânsito de Toyoki-Irihiko-no-Mikoto, principal deidade do Futaarayama-jinja, com o mikoshi pela cidade.

A importância histórica tanto do festival como do santuário é enorme, afinal, remontam o período da regência do 10º Imperador do Japão, Sujin-Tennō, ou seja, século II a.C (“A.C.E.”, Antes da Era Comum, termo laico para marcação temporal).
Toyoki-Irihiko-no-Mikoto, diga-se de passagem, é considerado o primogênito do semi lendário Imperador Sujin-Tennō e fundador da cidade de Utsunomiya. Infelizmente muitos registros desapareceram junto com incêndios que destruíram o santuário Futaarayama-jinja.
Contudo, Futaarayama-jinja se tornou a ‘casa’ do kami Toyoki-Irihiko-no-Mikoto somente no ano 838, antes, a deidade habitava um lugar chamado Araozaki, atual santuário Shimonomiya que fica a poucos metros do Futaarayama-jinja.

O nome “Futa” (二) significa “dois” e “Rayama” (荒山神社) significa montanha escarpada, isto é, um relevo de transição entre duas províncias com elevação superior a 49°, e é por essas duas montanhas, Koderamine e Usugamine, que o mikoshi de Toyoki-Irihiko-no-Mikoto é transportado.
Embora a montanha Koderamine tenha desaparecido com as diversas construções e desenvolvimento da cidade desde o período Edo, o Usugamine, ou Mt. Myōjin, lar do Futaarayama-jinja permanece preservado com seus 135 metros de elevação.

No festival Otariya de janeiro, além da volta do kami Toyoki-Irihiko-no-Mikoto para o santuário Futaarayama, é feita uma fogueira especial chamada Otakiage (お焚き上げ) no próprio Futaarayama-jinja para a queima dos objetos de sorte e decorações de fim de ano e ano novo.
A procissão do mikoshi liderada por um sacerdote trajado como Sarutahiko Ōkami e com a máscara de Tengu começa por volta do por do Sol no santuário Shimonomiya, mas primeiro é realizada uma cerimônia shintō que inclui a dança folclórica Dengaku.
Diz a tradição que aqueles que entram em contato com a fumaça do fogo da Otakiage são abençoados durante o ano que se inicia. Os visitantes também encontrarão uma série de barracas com comida, souvenirs e diversos artigos a venda.
- Início: 15 de janeiro;
- Horário: Otakiage (das 9:00 às 19:00), cerimônia e Dengaku (17:00) e procissão do mikoshi (das 17:30 às 19:00);
- Local: Santuários Shimonomiya (clique aqui para ver no mapa) e Futaarayama-jinja (clique aqui para ver no mapa);
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33. Hoyojutsu Jitsuen
Nos primeiros dias de janeiro, a capital japonesa, Tokyo, realiza no Hamarikyu Garden, distrito de Chūō, o Hoyojutsu Jitsuen (放鷹術実演), uma apresentação de falcoaria no local que era utilizado para a prática do esporte do shogunato Tokugawa.
Takagari (“鷹狩”, falcoaria) é um esporte introduzido no Japão desde o século IV de acordo com o Nihon Shoki (“日本書紀”, Crônicas do Japão), contudo, sua era de ouro foi o período Edo.

Embora sempre tenha sido considerado um símbolo da nobreza e do espírito guerreiro japonês (bushi), e por que não dizer no mundo, hoje é praticado por pessoas relativamente comuns.
Algumas escolas de falcoaria do Japão, inclusive, fazem campanhas para atrair novos membros para manter a tradição viva no país. Porém, pessoas sensíveis devem estar cientes de que nas apresentações, além dos treinadores demonstrarem suas habilidades, os falcões geralmente ‘caçam’ pombos.
浜離宮恩賜庭園で行われてた鷹匠による放鷹術が、とてもカッコ良かった pic.twitter.com/qrveFQU572
— 樹利亜 (@zyuriam) January 3, 2020
Aparentemente há uma certa preocupação para que os falcões não matem os pombos durante suas apresentações no Hoyojutsu Jitsuen, mas, dada a força e agressividade, as coisas podem acabar saindo do controle.
Diferente dos pombos que ficam no Hamarikyu Garden, os falcões e seus treinadores ficam no telhado de prédios ao lado aguardando que os pombos sejam liberados (ainda que estejam presos por uma corda) para iniciar a perseguição e captura da presa.
Superada a crueza da natureza, ver um falcão em ação é surpreendente. Após a apresentação, os visitantes têm a oportunidade de ver os falcões de perto e tirar fotografias, com a autorização de seus cuidadores, é claro.
Além da apresentação dos falcões, o Hoyojutsu Jitsuen também tem apresentações de Aikido, atividades interativas e barracas de comida. Importante ressaltar que o evento é cancelado em caso de chuva.
O Hamarikyu Garden só foi aberto ao público em 1946 e é um deslumbre quanto suas árvores, incluindo um pinho com mais de 300 anos plantado por ordem do 6º shogun, Tokugawa Ienobu e a casa de chá Takano Ochaya.
- Início: 2 de janeiro;
- Término: 3 de janeiro;
- Ingresso: JP¥ 300,00 (JP¥ 150,00 para pessoas acima de 65 anos);
- Local: Hamarikyu Garden, 1-1 Hamarikyuteien, Chuo City, Tokyo 104-0046. Clique aqui para ver no mapa;
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34. Kōkyo Ippan Sanga
O Imperador do Japão, considerado um descendente direto de Amaterasu Ōkami, hoje é símbolo da unidade nacional do país. Mesmo que seus poderes políticos tenham sido esvaídos junto com sua condição de kami, é uma figura importantíssima para a população japonesa.
Por isso, o Kōkyo Ippan Sanga (皇居一般参賀) é um dos eventos mais aguardados pelos japoneses, afinal, é a primeira aparição pública do Imperador e da família Imperial no ano que se inicia.

O Kōkyo Ippan Sanga é realizado no Palácio Imperial de Tokyo. Lá, o Imperador se dirige a nação desejando felicidade e bons auspícios para o ano novo. Apesar da popularidade, aparições públicas dos membros da família Imperial são consideravelmente raras.
Para acessar o evento, os visitantes devem atravessar a ponte Niju-bashi, uma rara ocasião que só acontece duas vezes ao ano: no Kōkyo Ippan Sanga e no Tennō Tanjōbi (“天皇誕生日”, Aniversário do Imperador), que enquanto Naruhito ocupar o trono crisântemo, é realizado no dia 23 de fevereiro.

Embora seja um dia mais celebrado e aguardado pela população japonesa, é uma das raras oportunidades ver a família Imperial do Japão ao vivo e ainda ter a honra de cruzar a ponte Niju-bashi e adentrar aos domínios do Palácio Imperial.
Aqueles que pretendem comparecer ao Kōkyo Ippan Sanga devem tomar uma série de cuidados. A primeira aparição da família Imperial acontece por volta das 10:00 e o portão principal é aberto às 9:00.

Há um enorme fluxo de pessoas para o evento, portanto, as filas podem durar mais de 2 horas. Como se trata da família Imperial, uma série de medidas de segurança são tomadas pelas autoridades.
Por isso, é altamente recomendável que os visitantes levem o mínimo possível de pertences pessoais para facilitar tanto o fluxo de pessoas como na hora da inspeção de segurança.
É recomendado utilizar sapatos firmes e confortáveis por causa das ladeiras e para evitar acidentes com outras pessoas. Não é permitida a entrada de animais (a exceção de cães guias), mochilas, bagagens, malas, drones ou objetos que possam causar ferimentos.
Também é proibido entrar nas zonas delimitadas, utilizar pau de selfies, tripés ou outros objetos para fotografia e filmagens, realizar manifestações, planfletar, portar cartazes tampouco realizar filmagens para fins comerciais.
- Início: 2 de janeiro;
- Horário: abertura dos portões a partir das 9:00 e fecha as 14:10;
- Local: Palácio Imperial do Japão, 1-1 Chiyoda, Chiyoda City, Tokyo 100-8111. Clique aqui para ver no mapa;
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35. Setagaya Boro Ichi
Realizado duas vezes ao ano, a feira a céu aberto Setagaya Boro Ichi (世田⾕ボロ市) é considerado uma Propriedade Cultural Folclórica Intangível de Tokyo, uma tradição realizada desde 1578.

São cerca de 750 barracas com comida, utensílios, flores e plantas, artigos religiosos, antiguidades, produtos artesanais, roupas de segunda mão e muito mais. O evento (dezembro e janeiro) atrai aproximadamente 200 mil pessoas.

A cada cinco anos, o Setagaya Boro Ichi também conta com uma procissão chamada Daikan Gyoretsu que é realizada no meio da feira. Trajados com as roupas tradicionais do Período Edo (1603 – 1868), a procissão remonta a época em que o governador da região e sua guarda inspecionava a feira em pessoa.
Seja pelo caráter cultural cuja tradição tem quase quatro séculos e meio, ou pela variedade de comida e itens disponíveis por valores bem razoáveis, visitar o Setagaya Boro Ichi é uma excelente opção para ir sozinho e principalmente com a família.
- Início: 15 de janeiro;
- Término: 16 de janeiro;
- Horário: das 9:00 às 20:00;
- Local: Rua Boroichi Dori, Setagaya-ku, Tokyo (clique aqui para ver no mapa);
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36. Obisha Matsuri
Designado como Propriedade Cultural Folclórica Intangível de Shinjuku, Tokyo, o festival Obisha Matsuri (御備射祭) é realizado no santuário Kuzugaya Goryo-jinja na segunda semana de janeiro.
Semelhante ao ‘Momote-sai‘, o Obisha Matsuri é um festival de arquearia originalmente realizado por moradores de vilas agrícolas próximas para afastar o mal e orar por colheita farta e um ano seguro.

O festival conta com um ritual shintō de exorcismo, músicas tradicionais baseadas no teatro Noh, e claro, a arquearia (o arco utilizado pelos participantes é abençoado com amazake, sakê sagrado e abençoado no próprio santuário).
As flechas (que podem ser levadas para casa pelos espectadores do evento como objeto de sorte) são atiradas pelos sacerdotes do santuário. A sessão de tiro é aberta pelo sacerdote-chefe em um alvo no portão do Kuzugaya Goryo-jinja em direção a região de Tōhoku.
Os três primeiros disparos no alvo simbolizam um disparo em Oni (demônio) para afastar o mal e trazer paz e prosperidade no ano. De acordo com a tradição, se o alvo for atingido, haverá paz e boas colheitas no ano.
Depois dos três disparos, todos os sacerdotes do santuário realizam um. Depois é realizada cerimônia e um ‘banquete’ com amazake, tazukuri e Gohan. O Obisha Matsuri então é finalizado com as músicas do teatro Noh.
- Início: 13 de janeiro;
- Horário: a partir das 10:00;
- Local: Kuzugaya Goryo-jinja, 2 Chome-17-17 Nishiochiai, Shinjuku, Tokyo 161-0031. Clique aqui para ver no mapa;
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