Para entender o tempo no Japão vamos abordar vários aspectos da sociedade japonesa, desde o fato das pessoas prezarem pela pontualidade, relação com o trabalho e como o processo da capitalização do tempo começou com a chegada dos relógios na era pré-moderna no período Edo (1603-1912), popularmente conhecido como período Tokugawa para depois o relógio ocidental ser adotado na era Meij (1868-1912).
Pontualidade na sociedade japonesa
A sociedade japonesa moderna é conhecida pela sua pontualidade exemplar. O melhor exemplo deste tipo de comportamento pode ser visto no transporte público.
Metrôs, trens e shinkansens (trem-bala) chegam nas plataformas nos horários designados, com média de atraso de apenas 30 segundos. Se ocorre um atraso, é comum haver pedidos de desculpas públicos.

Continue lendo e entenda os motivos disso acontecer, mas é preciso entender um pouco sobre a cultura do trabalho no país e as expectativas em relação ao tempo no Japão.
O tempo no Japão e o trabalho – Expectativas da pontualidade

Em encontros de negócios ou qualquer reunião envolvendo trabalho, as pessoas costumam chegar com antecedência de pelo menos 15 minutos. Se marcou algo às 10:00 hs, a tendência é que a pessoa chegue 9:45hs/9:50hs/9:55hs, por exemplo.
Quando chegar o horário, tudo estará certo. Agora, se chegar às 10:00 hs, até o tempo de cumprimentar todo mundo, se ajeitar e sentar para começar já terão se passado alguns minutos.
No Brasil, seria comum chegar às 10:00 hs no local e até alguns minutos depois com atrasos toleráveis, por exemplo se esse cenário hipotético acontecesse por aqui.
Inclusive, a legislação oferece até 15 minutos de tolerância sem decréscimos no salário ao final do mês. Tampouco, as pessoas ganham um estigma negativo se atrasarem estes minutos em seu dia a dia aqui.
Essas características (atraso/pontualidade) mudam de acordo com a cultura de cada país e acabam influenciando comportamentos.
Trabalho no Japão: chegar cedo e sair tarde
No entanto, existem controvérsias em relação a pontualidade e o tempo no Japão. Se para chegar em reuniões ou para pegar o trem, o horário seja seguido à risca, na hora de ir embora após o expediente esse critério não acontece.
Tarefas com perfeição são valorizadas
Tarefas costumam se delongar e muitas vezes seu início é postergado até ter todas as condições perfeitas para começar.
Além disso, as reuniões tendem ser intermináveis e burocráticas com passos que não são pulados. Isso faz o expediente ser bem longo.
Se por um lado parece que tempo é precioso, por outro lado parece não ser tão valorizado no campo social.
As pessoas dedicam muito tempo em seus trabalhos, mas o mesmo não acontece na vida familiar ou em reuniões com afetos. Esse aspecto acaba em segundo plano.
A virtude de ser um trabalhador esforçado que dá sua vida para a empresa e veste a camisa é supervalorizada mesmo que esse tempo no Japão seja gasto em processos não efetivos.
Ao contrário dos Estados Unidos em que tempo é dinheiro e as tarefas são pensadas para serem realizadas o mais rápidas e de forma eficiente, no Japão o que importa é a realização perfeita e bem pensada mesmo que demore mais.
Agora, para entender o porquê chegar atrasado é tão negativo, entenda um pouco mais da cultura do trabalho no Japão sob aspecto social e hierárquico.
Aspectos sociais e cultura do trabalho – Hierarquia e valorização do tempo

Em uma sociedade moderna e terceira potência econômica mundial, na maioria dos escritórios, o dia a dia é pautado por processos que usam meios tecnológicos considerados atrasados, como fax, por exemplo. O trabalho acaba demorando, as reuniões são longas e várias são realizadas ao dia.
Isso acontece porque a hierarquia da cultura do trabalho no Japão ainda segue um raciocínio que preza pela idade e tempo de serviço dentro de uma empresa. São costumes tradicionais feitos à moda antiga.
Relação do oyabun com seus funcionários
Então, a maioria dos oyabuns (chefes) serão pessoas mais velhas. A pessoa mais nova (amae) de hierarquia inferior procura suporte buscando indulgência, ou seja, uma figura protetora que ofereça amparo e auxílio. Dentro dessa hierarquia ainda existe uma escada de chefes de chefes (shacho e bucho).
No Japão, é comum fazer carreira dentro das empresas passando longos anos trabalhando com afinco.
Então, espera-se que o oyabun proteja seus funcionários. Em troca, estas pessoas demonstram lealdade e dedicação para trabalhar o máximo que puderem sem questionar sua autoridade e processos.
Além disso, existe um senso de lealdade em relação ao grupo (colegas e equipe), já que a sociedade é pautada pelo coletivismo.
Então, se uma pessoa atrasa está provocando sensações negativas em todo o grupo. Se o chefe continua no escritório após o fim do expediente, sua equipe se sentirá compelida a fazer o mesmo e acompanhá-lo.
Afinal, sair antes do chefe e colegas significará que está se esforçando menos. Portanto, é comum que se fique no trabalho muito mais após o expediente, já que essa cultura passa de geração para geração.
O chefe aprendeu assim e reproduzirá esse comportamento, tanto nos processos burocráticos do dia a dia, quanto no hábito de não sair no horário. O oyabun tem a palavra final e isso não é contestado.
Reputação, modo de vida e pilares
Além de todas essas questões, existe a preocupação em manter a reputação, aspecto valorizado dentro da sociedade japonesa.
Ainda existem conceitos filosóficos sobre o tempo que acabam influenciando, como o Ma, a questão da sazonalidade, do tempo visto de forma não linear, mas circular, entre outros.
Tudo isso acaba influenciando o comportamento da sociedade em relação ao tempo permeando as questões em relação a trabalho e modo de enxergar a vida.
Portanto, uma empresa de transporte público atrasar é visto como algo muito negativo, já que manchará sua reputação, afetará o cotidiano das pessoas (coletivismo) para cumprirem seus horários e afetará o kireigoto (harmonia e cooperação), entre outros aspectos da sociedade japonesa mais complexos.
Todos esses aspectos convivem em uma sociedade que adotou o relógio ocidental e o calendário gregoriano apenas na era Meiji e a partir dali passaram a considerar segundos, minutos e horas.
Então, o conceito de tempo no Japão teve drásticas mudanças. Se hoje, a sociedade é marcada pelo compromisso, pontualidade e dedicação de longas horas ao trabalho, nem sempre foi assim.
Para entender essas contradições e os costumes atuais com o tempo no Japão, temos que voltar um pouco na história.
O relógio no Japão e o tempo no século 16
Os relógios mecânicos ocidentais chegaram ao Japão ao final do século 16 através dos missionários jesuítas, que davam esse objeto de presente aos lordes na esperança de facilitar a pregação do cristianismo, pois era uma forma de aproximação.
Primeiro relógio do Japão
Estima-se que o primeiro relógio foi levado ao Japão por um jesuíta espanhol chamado Francis Xavier que presenteou o lorde de Yamaguchi chamado Ouchi Yoshitaka em 1551.
Esse evento foi registrado nos documentos do lorde (The Record of Lord Ouchi Yoshitaka in 1551) e citado no livro do autor Jean Crasset sobre a história das horas no Japão (Historie de L’Eglise au Japon).
Objetos inúteis
No entanto, esses presentes apesar de bonitos não tinham valor, pois não podiam ser usados com praticidade, ou seja, eram inúteis nas mãos dos japoneses.
As pessoas se guiavam de acordo com os indícios da natureza através das estações do ano e outros indicativos sazonais através do sol e lua em todas as classes das camadas sociais.
Portanto, o relógio mecânico não existia ou qualquer outro tipo para contar o tempo no Japão antes do século 16.
Quando nos referimos a relógios ocidentais são aqueles que são contados por segundos, minutos e horas. 60 segundos dura um minuto, 60 minutos dura uma hora em um total de 12 horas divididos em dois períodos dia/noite para perfazer 24 horas. Esse sistema não muda de acordo com a época do ano e é fixo de acordo com uma rotação completa.
Não entendiam serventia do relógio
A chegada dos poucos relógios mecânicos ocidentais no Japão através dos jesuítas não fez esse sistema de contagem do tempo ser adotado imediatamente.
Sociedade temporal

O modo de pensar dos japoneses era muito diferente, pois a sociedade era temporal, ou seja, o tempo era visto como passageiro e transitório apenas. Não fazia sentido monitorá-lo.
Barreiras
Então, quando os relógios surgiram, ninguém entendeu seu propósito. Primeiro, porque o modo de pensar diferente criava uma barreira em que a lógica não podia ser empregada.
A segunda dificuldade foi a falta de necessidade de adotar os relógios, já que a sociedade funcionava bem pautada pela natureza, já que grande parte das pessoas vivia da agricultura e de pequenas atividades rurais.

Portanto, não havia necessidade de controlar o tempo a não ser saber quando era melhor época para o plantio, quando acontecia as cheias, entre outros. Para tal usava-se indicações das 24 estações solares, o calendário lunar, entre outros.
Terceiro, o país era fechado para estrangeiros com exceção de jesuítas e outros povos vindos para comércio, mas de forma controlada. Então, não havia estrangeiros para perguntar como esses relógios funcionavam.
No entanto, o conceito de tempo mudou gradativamente ainda no período Tokugawa (Edo) e drasticamente depois com a chegada da era Meiji e a modernização do Japão.
Como o tempo era lido no Japão

O dia era dividido em duas partes: dia e noite. Cada um tinha seis horas (jishin) perfazendo 12 horas representados por 12 animais em ciclos de períodos.
Eram eles, rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, ovelha, macaco, galo, cachorro e javali.
Apesar de serem comumente relacionados com os signos do zodíaco, eles não tinham essa relação direta.
Horas, minutos e segundos não existiam
Aliás, o conceito de hora não existia, mas usamos essa palavra no texto para melhor entendimento.
Afinal, a noção do tempo era temporal onde a noção de minutos e segundos também não existia.
Os acontecimentos de referência para saber se era dia ou noite eram marcados pelo nascer e o pôr do sol.

Akemutsu e Kuremutsu
O dia começava às 6 horas (akemutsu) no nascer do sol e acabava às 18 horas (kuremutsu) no pôr do sol obrigatoriamente.
Eram 6 animais para o dia e 6 animais para a noite. No verão após o pôr do sol, a duração do período de animais ficava menor. No inverno, maior.
Para entender, confira a imagem abaixo. A parte interior mostrava a distribuição do tempo no Japão no período feudal, em comparação na parte externa é o conceito de horas ocidental.

Horas mudavam
Portanto, estas ”horas” não tinham uma duração fixa e mudavam de acordo com época do ano, verão, primavera, outono e inverno.
Uma hora podia durar mais de 155 minutos ou ser curto com menos de 76 minutos, já que no verão o dia é mais longo e no inverno mais curto.
A palavra minuto é usada em comparação do conhecimento de tempo ocidental para melhor entendimento, mas lembre-se que esse conceito não existia na era feudal japonesa.
Badaladas das torres guiavam as pessoas

Doze animais representavam cada período do dia e as torres badalavam o número correspondente. No entanto, as batidas não seguiam uma lógica crescente (menor ao maior) de 1 a 12.
No lugar, eles usavam duas séries decrescentes (menor ao maior) de nove a quatro. Portanto, uma hora da madrugada era badalada pelas torres como 9,8,7,6,5,4.
Critério para duração do tempo
A duração do tempo no Japão dependia de cálculos baseados na astronomia onde o dia era dividido em 100 koku iguais e cada um podia ser divido em unidades decimais.
Além disso, sua duração mudava de acordo com o começo e fim de 24 estações sekkis que ocorria a cada 15 dias.
Koku, bu e byo
Koku era um termo usado pelos astrônomos para fazer cálculos de um sistema decimal de 100 iguais unidades. Cada um podia ser dividido em dez bu ou 100 byo.
Eles calculavam o tempo em termos de koku e bu, para então reduzir o número de koku e bu em horas do dia e da noite.
Tabelas
Então, quem batia os sinos tinha que fazer uma conta usando kokus e para isso eles tinham tabelas. Portanto, saber as ‘’horas’’ não era tarefa simples.
Para ajudar as pessoas, o governo distribuía calendários que vinham em forma de tabelas que indicavam o comprimento das horas de acordo com as mudanças de estação do ano e das 24 estações solares.
Na edição seis do jornal dos calendários japoneses (Wakodei Kenkyu) de 1992, o autor Okada Yoshiro conta que ao final do século 17 o governo imprimiu quase 5 milhões de cópias desse calendário todos os anos.
Isso quer dizer, que tinha um calendário para cada 4 pessoas incluindo crianças. Isso sem contar os calendários imprimidos de forma ilegal pelas pessoas, o que era comum.
Além disso, com o tempo e vivência, as pessoas podiam ter uma noção básica disso tudo com a repetição destas informações ano após ano.
Musashi e a indicação da noção do tempo
No romance Musashi, podemos ler uma estória que se passa após o fim da batalha de Sekigahara em 1600 quando Toyotomi Ieyasu assume o poder na era Edo.
O personagem Musashi marca seus duelos de acordo com o período dos animais, por exemplo. Ele se preocupa em chegar de forma adiantada ou atrasada, tanto por estratégia de batalha, quanto por convenções sociais propositais, mas não usa um relógio para se guiar.
Ao se atrasar de propósito, ele desperta um senso comum de que sua postura é desrespeitosa, antiprofissional e de maus modos nas pessoas causando ansiedade e questionamentos mostrando que esse sentimento já era relacionado ao tempo. Lembrando que Musashi fazia parte da classe dos bushis.
Enquanto Otsu e Joutaro não mostravam esse tipo de preocupação, pois eles eram cidadãos comuns alheios a essas convenções.
A medição do tempo no Japão e suas transformações entre os séculos 17 a 19
Aprender a ler um relógio parece intuitivo e óbvio quando se cresce em uma cultura ocidental, mas os japoneses pensavam e liam o tempo de forma diferente.
Aqueles que conseguiam colocar as mãos em relógios ocidentais traçavam estudos teóricos para tentar entender e ninguém sabia qual era o certo.
Os primeiros a tentar desvendar esse mecanismo eram os construtores de relógios, seguidos pelos astrônomos profissionais e amadores, colecionadores de relógios e estudiosos de coisas mecânicas vindas do ocidente.
Registros históricos
Essas tentativas podem ser encontradas e relatadas em diários, manuais e guias escritos e forma analisados em um estudo acadêmico escrito sobre o hábito de traduzir o tempo da Universidade Johns Hopkins escrito por Yulia Frummer cunsultado para a redação desse artigo.
Estas pessoas usavam suas habilidades, observações, empregavam conhecimento e análise anotados de forma detalhada.
Relógios Wadokei

Antes da reforma da era Meiji, os japoneses estavam intrigados com os relógios ocidentais dados pelos jesuítas, mas estavam mais interessados em adaptar os relógios para o sistema temporal japonês (12 animais) e serem úteis em seu dia a dia. Assim foi criado o relógio japonês Wadokei.
O relógio wadokei não era usado por todos entre os séculos 16 e 18, pois as pessoas se guiavam pelas badaladas de torre e tabelas.
Adaptação do relógio ocidental para virar relógio japonês
Na adaptação, os números romanos foram substituídos pelos 12 animais e eram adaptados para mudar seu funcionamento de acordo com a mudança das estações do ano em um trabalho mecânico complexo.
Além disso, sua leitura não era óbvia, pois a posição dos animais e dos dígitos não era fixa.
A passagem do tempo pelos períodos era indicada pela queima de um incenso que era colocada em diferentes posições no relógio dependendo da época do ano. Uma espécie de balança ou pêndulo ajustava a velocidade nas mudanças sazonais.
Aliás, muitos relógios japoneses adaptados do século 19 vinham com uma tabela com instruções para regular as partes móveis de dígitos (1 a 100) para cada estação do ano.
Em dado período, os relógios wadokei já não eram vistos como algo estrangeiro. No entanto, os relojoeiros costumavam importar alguns modelos vindos de fora a faziam as modificações necessárias.
O preço dos relógios wadokei variava bastante, com modelos mais baratos aos mais caros.
Os feitos por relojoeiros famosos, com design entalhado e materiais mais nobres eram mais caros e sobreviveram ao tempo. São os que podemos ver em museus no Japão nos dias de hoje.
Século 19: propagação dos relógios japoneses e mudança da relação com o tempo
Na primeira metade do século 19, a maioria das pessoas que moravam em centros urbanos já usavam algum aparelho para ler o tempo.
Surgimento da relação do atraso
Dependendo da estação do ano, os contratantes do período Tokugawa indicavam as horas de trabalho, com valores definidos para pagar horas extras e cortes se houvesse atraso, segundo informações do departamento de pesquisa do Ministério da Justiça no documento Tokugawa minji kanreishu e citada em outras publicações sobre a construção da consciência do tempo no Japão.
Portanto, os documentos históricos já mostram a preocupação das pessoas em relação a atrasos ou demoras em relação ao tempo nessa época com a adoção dos relógios japoneses no dia a dia.
São indícios de que esse hábito surgia nos centros urbanos da era pré-moderna do Japão antes da capitalização do tempo na era Meiji e adoção do calendário gregoriano e relógio ocidental.
Relógios japoneses se popularizam
O trabalho acadêmico escrito por Frummer ainda cita que em 1834, um relojoeiro fez uma inscrição atrás de uma de suas peças Wadokei. “(Relógios japoneses) estão tão difundidos, que eles são usados em qualquer lugar. Nos dias de hoje, não existe um profissional que não os use e confie nele.
Moda dos relógios de bolso

Nas últimas décadas do período Edo, os relógios de bolso redondos ocidentais que não eram modificados se tornaram peças fashion para carregar mesmo não tendo funcionalidade.
Nesta época, o ocidente já era visto como eficiente, produtivo e sem falhas, ou seja, características da modernidade proposta na era Meiji.
Portanto, esses relógios de bolso passavam a imagem de racionalidade matemática e eficiência econômica.
Além disso, lembravam fisicamente os cronômetros marinhos. Naquela época, no começo do século 19, a navegação em mar aberto era vista como algo sofisticado, pois para fazer uma viagem dessas era preciso ter conhecimento de ciência, astronomia e ter aspirações militares. Então, quem carregava esses relógios de bolso passava a ideia de ser sofisticado.

Já os relógios wadokei eram idiossincráticos, ou seja, eram algo único e só funcionavam no país e para entendê-los era preciso viver e pensar do modo japonês.
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Era Meiji e a transformação do país com a modernização

A partir da era Meiji, o governo japonês começou a fazer uma série de reformas para modernizar o país adotando hábitos e costumes do ocidente.
As mudanças iam tanto para a forma de pensar da sociedade, como para questões relacionadas a modo de vida, cultura, hábitos, forma de vestir, entre muitos outros.
Mudanças no calendário e no relógio
Uma das reformas foi conduzida em 1873, seis anos após o começo do período Meiji. Foi adotada uma revisão do sistema de contagem de dias e adoção de sistema de contagem do tempo.
Antes disso, o país era guiado por uma contagem de dias baseada na lua, o que mudou drasticamente a sociedade e o modo de vida.
O relógio usado era o japonês wadokei ao final do século 19, junto com as tabelas e badaladas das torres de indicações dos 12 animais, mas foram deixados de lado.
No lugar, entraram o período de 24 horas, adoção de segundos, minutos e horas do relógio ocidental.
As medidas radicais foram atreladas a modernização. Quem não concordava era relacionado a atraso e ignorância.
Tempo capitalizado

Naquela época, o moderno era considerado industrial, urbano e o tempo deveria ser capitalizado. Justamente tudo o que o Japão não fazia.
No entanto, para chegar naquele momento e o relógio ocidental poder ser adotado, o trabalho anterior no período Tokugawa foi fundamental e mostra que a modernização em relação ao tempo já era considerada.
No entanto, quando a população em geral se deparou com os relógios ocidentais na era Meiji, eles pensaram com lógica usando esse sistema de kokus e não entenderam seu funcionamento.
No demais, os relógios ocidentais usavam um sistema de horas fixo dividido em 24 horas, enquanto o japonês era dividido em 12 e cada ”hora” tinha em média 8 1/3 koku.
Além disso, no relógio japonês, seis horas da manhã sempre coincidia com o nascer do sol e seis horas da noite sempre coincidia com o pôr do sol, mas isso não acontecia no ocidental.
Para ser seis horas bastava um número de rotações fixo. Então, em uma época do ano o pôr do sol podia cair às 19 horas no relógio ocidental e isso deixava os japoneses confusos, pois não fazia sentido.
Foram anos de adaptação, mas a experiência com um dispositivo mecânico durante os século 19 ajudou os japoneses a incorporá-lo em seu dia a dia.
A modernização do sistema de contagem de dias e do tempo no Japão causou uma ruptura na sociedade com mudanças no modo de vida e do pensamento dos japoneses que podemos observar nos dias de hoje onde a pontualidade é prezada. O país se modernizou com indústrias e o tempo foi capitalizado.
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