Uma companhia japonesa de brinquedos, a Takara Tomy Ltd. desenvolveu em parceria com outras instituições o Sora-Q, robô japonês para exploração lunar inspirado nos Transformers (personagens criados pela Hasbro Studios).
O projeto começou em 2015 quando a JAXA (Japan Aerospace Exploration Agency) fez uma solicitação para que empresas do país desenvolvessem soluções para robôs de exploração para missões e projetos futuros em parceria com o setor privado.

Foram necessários seis anos para desenvolvimento desse artefato singular na exploração espacial. O design do Sora-Q foi proposto por Kenta Hashiba, um colaborador da Takara Tomy de 37 anos que estudou engenharia espacial na universidade.
Após quatro anos de pesquisa entre a Takara Tomy Ltd. e a JAXA, novos colaboradores privados entraram em 2019 para agregar com pesquisa e tecnologia, a Doshisha University e a Sony Group (6758.T).
Transformer lunar
Quando a Takara Tomy decidiu fazer parte do grupo de empresas que participariam da exploração espacial, Kenta Hashiba pensou imediatamente nos bonecos Transformers da Hasbro Studios, como o personagem Optimus Prime, líder dos Autobots.
Ciente de que robôs pequenos e leves são preferíveis para a exploração espacial, Hashiba começou a pensar em como desenvolver um dispositivo que atenda a esses requisitos, que seja resistente e com boa capacidade de locomoção, controle e manobrabilidade.
O solo lunar apresenta uma característica complicada para robôs: areia. Yosuke Yoneda, um colaborador de 61 anos que ajudou a desenvolver o Sora-Q contou em entrevista ao Science & Environment News Department: “Foi incrivelmente difícil encontrar uma forma para que o robô se movesse na areia fina”.

E prosseguiu: “Crianças usam brinquedos de forma inesperada, por isso precisamos tornar nossos brinquedos resistentes. Também acho que só conseguimos desenvolver algo que funcionará na Lua por já termos um know-how acumulado.
A solução encontrada pela equipe para que o pequeno e leve robô se movimente até mesmo na areia fina do solo lunar foi fazer com que as duas rodas da Sora-Q sejam independentes como demonstrado no vídeo acima.
Do tamanho de uma bola de baseball
O pequeno explorador espacial Sora-Q (‘Q’ de Question) foi projetado em um sistema de quatro parceiros, em outras palavras, a Sony Group desenvolveu a tecnologia de controle do robô, a JAXA desenvolveu a tecnologia aplicada ao programa espacial, enquanto Takara Tomy e a Doshisha University miniaturizaram a tecnologia.

O resultado foi um pequeno robô de 8cm de diâmetro pesando 250g. Apesar de pequeno, SORA-Q é equipado com câmeras e pode enviar imagens para a Terra em um intervalo de uma a duas horas.
O robô japonês é ideal para exploração espacial, pois é pequeno e leve, mas não é possível recarregar a bateria desse dispositivo, portanto, permanecerá na Lua após a conclusão de sua missão. Em outras palavras, se tornará lixo espacial.

Seu ponto positivo é a resistência da estrutura esférica ao aterrissar e sua manobrabilidade é eficiente graças ao design irregular. A missão deverá contar ainda com outros dois robôs, o SLIM e o HAKUTO-R.
Missão lunar comercial do Japão
A missão lunar comercial do Japão deverá acontecer até o final do ano de 2022 e contará com outras tecnologias para que o Sora-Q chegue em segurança ao seu destino, a cratera Shiorino Mar de Nectaris.
Os pequenos Sora-Q serão transportados dentro do SLIM, veículo lunar que descerá no Mar de Nectaris e desembarcará os exploradores desenvolvidos Takara Tomy Ltd. O SLIM será lançado junto ao foguete H-IIA de fabricação da Mitsubishi Heavy Industries (7011.T).
Outra missão que está dentro dessa agenda da JAXA é a viagem da sonda lunar HAKUTO-R que transportará tanto o Sora-Q, quanto o rover desenvolvido pelo MBRSC (Mohammed bin Rashid Space Center) dos EAU (Emirados Árabes Unidos).
A sonda HAKUTO-R foi desenvolvida pela startup japonesa ispace Inc., deverá ser lançada antes mesmo da SLIM em 2022 e carregará sete cargas para a Lua. Será a primeira missão de exploração comercial do Japão.
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Corrida espacial 2.0
Na disputa pela corrida espacial 2.0, os países mais ricos do mundo estão presentes e investindo pesadamente, alguns estão na liderança como os EUA que foram os primeiros a alcançar Marte.

Porém, a China vem demonstrando uma forte musculatura de seu programa espacial ao enviar sondas para o lado escuro da Lua, retorná-las com solo lunar, também enviar uma sonda para o planeta vermelho e lançando sua própria estação espacial, a Tiangong.
Diferente da primeira corrida espacial, sua nova versão conta com participantes privados como a SpaceX e Relativity Space. Arábia Saudita e EAU têm planos audaciosos para o futuro, enquanto o Irã possui grandes capacidades para um programa espacial.

A JAXA e a NASA ainda são parceiras no projeto Artemis. Estados Unidos e Japão deverão construir uma base orbital na Lua com outros parceiros privados e outros estados. A JAXA está cada vez mais robusta e até abriu vagas para novos astronautas.
A exploração espacial será uma realidade cotidiana em um futuro não muito distante e ela mudará a forma como a humanidade viveu até agora. O Japão é uma grande potência tecnológica que trata avanços significativos para a nova realidade espacial.
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