Akio Toyoda, presidente da Toyota Motor Corp., informou nesta quarta-feira, 9 de março de 2022, que aceitaria as reivindicações do sindicato do setor integralmente e aumentará o salário e bônus de seus funcionários.
O aumento no salário da categoria acontece em um momento de profunda conturbação política e econômica, por conta do aumento no preço das commodities e problemas na cadeia de suprimentos para alimentar as linhas de produção da indústria automobilística.

O shuntō (春闘, ofensiva salarial da primavera), isto é, as negociações entre as lideranças do trabalho e as lideranças produtivas no Japão acontecem em meio ao pedido do primeiro-ministro, Fumio Kishida, para as empresas voltarem aos níveis pré-pandemia, além de conceder aumentos de ao menos 3% a seus funcionários.
Ao anunciar a decisão da companhia, Akio Toyoda agradeceu o empenho e perseverança dos profissionais em meio à crise causada pela pandemia de COVID-19 e durante a crise de abastecimento de semicondutores.
As demandas do sindicato Toyota Motor Workers’ Union
A Toyota Motor Workers’ Union, sindicato dos profissionais que trabalha dentro da gigante japonesa apresentou uma demanda de aumento no salário de seus funcionários entre JP¥ 1.600,00 (US$ 13,78) e JP¥ 4.900,00 (US$ 42,20) por mês.
Quanto a bonificação de participação nos lucros anual, foi apresentada a diretoria da Toyota Motor uma proposta para cada trabalhador receber o equivalente ao valor de 6,9 meses trabalhados.
Após o primeiro encontro, Akio Toyoda sinalizou que a gigante automobilista iria aceitar as reivindicações apresentadas pelo sindicato:

“Não há diferença de opiniões entre a companhia e o sindicato em relação aos aumentos e bônus”, disse Toyoda em entrevista coletiva.
A medida da Toyota Motor Corp foi inusitada para os padrões japoneses. É raro uma companhia japonesa aceitar integralmente as demandas dos sindicatos logo na primeira rodada de shuntō.
Do ponto de vista de Katsuyoshi Nishino, presidente da Toyota Motor Workers’ Union, a fala do presidente Akio Toyota demonstra sua disposição em encontrar soluções aos desafios apresentados.
Outras negociações em andamento
Outras gigantes da indústria automobilística também estão em processo de negociação com seus sindicatos. Na Nissan Motor Corporation Ltd., os trabalhadores pedem reajuste de até JP¥ 8 mil (US$ 68,89) mensais e bonificação anual equivalente a 5,2 meses de trabalho.
Makoto Uchida, CEO da Nissan Motor Co., disse que deverá atender as demandas do sindicato, pois a companhia deverá voltar ao seu potencial pré-pandêmico no começo do ano fiscal de 2022 pela primeira vez em três anos.

Diretores da Honda Motor Company informaram, que o sindicato de seus trabalhadores apresentou uma proposta de reajustes salarial de JP¥ 3 mil (US$ 25,24) e bonificação anual equivalente a seis meses de trabalho.
O shuntō da indústria automobilística é acompanhado de perto por diversos outros setores por causa de sua influência, especialmente as economias que orbitam a indústria de automóveis.
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Futuro incerto
A indústria automobilística vem sofrendo com os efeitos econômicos causados pela pandemia de COVID-19, a mais aguda delas é a falta de semicondutores. Por causa deles, a Toyota rebaixou sua expectativa de produção em meio milhão de unidades em fevereiro.
Mesmo assim, há otimismo entre a maioria das gigantes do setor no Japão. A mesma Toyota Motor Corp., que reduziu sua expectativa de produção, espera em 2022 bater seu recorde de JP¥ 2,49 trilhões (US$ 21,4 bilhões) de lucro registrado em 2017.

Contudo, os mercados estão abalados com as incertezas políticas e econômicas da invasão russa a Ucrânia. Algumas delas já estão sendo sentidas por todos os países, e há mais consequências para o mundo conforme o confronto se prolonga.
Comentando sobre a evacuação de trabalhadores japoneses e suas famílias da planta da Toyota de São Petersburgo, Akio Toyoda afirmou:
“Sinto um forte ressentimento. Guerras e conflitos não trazem felicidade a ninguém, e a vida de nossos compatriotas na Ucrânia e países vizinhos estão em risco agora”, disse Toyoda. No total, 30 funcionários e 20 familiares deixaram a Rússia e voltaram ao Japão na sexta-feira, 4 de março de 2022.
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