A última semana de fevereiro abalou o mundo político e trouxe instabilidade ao mundo financeiro. Com uma guerra em larga escala em curso na Europa, as consequências da crise na Ucrânia também serão sentidas no Japão.
Uma consequência imediata da crise na Ucrânia no Japão será o aumento no preço do combustível.
Após a invasão russa a Ucrânia o valor do barril de petróleo superou os US$ 100,00. Lembrando que os dois países são importantes exportadores de gás para a Europa.

O valor dessa commodity não era visto nesse patamar desde 2015. Esse aumento será sentido no bolso do consumidor japonês não apenas no preço do combustível, como em um aumento dos preços gerais pelo aumento do custo de transporte.
O governo japonês considera aumentar o subsídio ao setor energético para aliviar a atividade econômica do país em meio ao conflito e a crise na economia gerada pela pandemia de COVID-19.
Aumento de preços e de demanda
A recuperação econômica da crise desencadeada pela pandemia de COVID-19 depende essencialmente de energia. Os países europeus e o Japão são altamente dependentes de energia fóssil, como termoelétricas.
Então, o consumo desses ativos são fundamentais para que a indústria produza e escoe sua produção aos mercados.
Porém, a atual crise na Europa acentua problemas com a necessidade de consumir e o compromisso de zerar as emissões de carbono na atmosfera.

E apesar das sanções econômicas anunciadas pelo primeiro-ministro, Fumio Kishida para as autoridades e instituições bancárias russas, 8,8% do gás natural utilizado no Japão vem da Rússia, que respondem por 3,6% da importação do petróleo japonês.
Os maiores fornecedores de petróleo ao Japão são EAU (Emirados Árabes Unidos) e Arábia Saudita.
Contudo, os rebeldes houthis no Iêmen já se mostraram capazes de causar grandes danos a infraestrutura das petroleiras dos respectivos países.
Portanto, os riscos e custos de produção e transporte aumentam a cada situação instável e escalada de violência.
Seja na Ucrânia e Rússia, seja no golfo arábico na guerra da coalizão liderada pela Arábia Saudita e os países mais ricos da região contra rebeldes do Iêmen.
Inflação generalizada
Como o Japão não dispõe de um sistema energético irrigado por sistemas hídricos, sobram as termoelétricas movidas a carvão, gás ou petróleo bruto.
Além disso, a sociedade japonesa rejeita o uso da energia nuclear por causa do trauma de Fukushima.
Logo, o custo de produção aumentará, bem com os derivados do petróleo. Por exemplo, as embalagens dos produtos são derivados do petróleo, fazendo com que os custos sejam diretamente repassados ao consumidor.

Uma avaliação do Ministério da Economia, Comércio e Indústria realizado no dia 24 de fevereiro revelou que o preço da gasolina subiu para JP¥ 172,00 (US$ 1,49) o litro nos últimos três dias (21, 22 e 23 de fevereiro). Isso é JP¥ 0,60 mais caro em comparação com a semana passada.
Pode parecer pouco, mas não é, especialmente para indústrias e os setores produtivos. Por isso, é esperado que o governo central aumente o subsídio de JP¥ 5,00 (US$ 0,043) para JP¥ 25,00 (US$ 0,22) por litro aos distribuidores do país.
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Subsídio essencial
É indispensável que o governo japonês subsidie o máximo para conseguir reestabelecer a economia aos padrões pré-pandemia e ressuscitar setores importantes.
Além disso, as perdas de receita com o turismo estão nos níveis mais baixos desde o final da segunda guerra mundial. O setor está praticamente colapsando, ainda mais com a política de manter as fronteiras fechadas aos estrangeiros.

Há perdas significativas e irreparáveis também no setor de serviço de bares e restaurantes. Uma série de limitações foram impostas para diminuir a circulação de pessoas e, consequentemente, o número de infecções.
Contudo, a compensação paga pelo governo central não foi capaz de suprir as perdas, principalmente de pequenos e médios fornecedores do setor que receberam uma pequena quantia mensal.
Ainda que haja otimismo de crescimento no Japão em 2022, a situação ainda é muito crítica para empresas e população civil que vem sofrendo com a alta nos preços de suas necessidades básicas.
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