Na madrugada do dia 24, poucas horas antes do Sol raiar, um ataque militar a Ucrânia foi autorizado pelo líder russo, Vladimir Putin, alegando defesa das autoproclamadas Repúblicas Democráticas de Donetsk e Luhansk e dos russos étnicos no país vizinho.
Antes de autorizar o ataque, o presidente russo realizou um discurso dirigido aos cidadãos alegando que suas ações visam desmilitarizar e ‘desnazificar’ Kiev.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, se pronunciou condenando a invasão e os ataques russos na Ucrânia.
“Estamos fazendo o nosso melhor para coletar informações e entender o que está acontecendo. A situação é tensa, trabalharemos em conjunto com a comunidade internacional, incluindo o G7”, disse o primeiro-ministro em coletiva de imprensa.
Um dia antes da invasão russa à Ucrânia, Fumio Kishida anunciou sanções contra a Rússia pelo reconhecimento das autoproclamadas Repúblicas Democráticas de Donetsk e Luhanks.
Um breve resumo histórico
Desde a Revolução da Praça Maidan em 2014, ou do golpe de estado via ‘revoluções coloridas’, a classificação dos acontecimentos dependerá da perspectiva dos envolvidos e das preferências dos espectadores, já que a Ucrânia se movimentava para se aproximar da União Europeia e da OTAN.
Após a queda da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) no natal de 1991, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) realizou dois movimentos de expansão ao leste incorporando algumas das ex repúblicas soviéticas como Polônia, Romênia e Lituânia.

Depois dos fatos de 2014, um novo governo pró-ocidente e russofóbico foi formado. Uma série de leis foram criadas para romper definitivamente os laços que ligavam Moscou a Kiev, como a proibição do idioma russo e a mais significativa, o rompimento da Igreja Cristã Ortodoxa.
Dessa forma, hoje em dia, existe a Igreja Cristã Ortodoxa Ucraniana e a Igreja Cristã Ortodoxa Russa. A separação foi considerada o ato mais agressivo após a derrubada dos monumentos da era soviética, que indignou os russos e nações irmãs (Kiev foi a primeira capital da história da Rússia).
As amargas lembranças do Holodomor, as coletivizações forçadas das fazendas de propriedade privada da Ucrânia que resultou na morte de aproximadamente 4 milhões de ucranianos por inanição na era stalinista, e do próprio czarismo, ainda são cicatrizes abertas na Ucrânia.
Pedido de adesão a UE e a OTAN
Para se afastar da esfera de influência de Moscou, desde a queda do ex presidente pró-Rússia, Viktor Yanukóvytch, natural da então província de Donetsk, portanto, um russo étnico, o governo ucraniano busca se integrar na União Europeia.
O mandado de Petro Poroshenko havia prometido reaver o território da Criméia, anexado pela Rússia em 2014 em um controverso referendo popular assegurado por tropas russas no território. Já o atual presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se mostrou um outsider na política.

No primeiro dia de mandato, Zelensky dissolveu o parlamento para assegurar uma maioria para apoiar seu governo.
Após escaladas na região de Donbass, passaram receber apoio informal dos países da OTAN nas zonas de conflito civil.
Receberam armas e algum treinamento, mas só. Isso porque existem unidades neonazistas dentro da Ucrânia que a OTAN se recusa a fornecer treinamento.
Abandonados à própria sorte
Até agora, as nações aliadas da Ucrânia não deram uma resposta forte e firme como muitos ucranianos esperavam e contavam. Nos últimos meses, a escalada da OTAN e Rússia em território ucraniano foi de mal a pior.
Mas não há disposições por parte da OTAN em colocar soldados da aliança em território da Ucrânia para defender o país dos agressores. Por hora, apenas anunciaram um pacote de sanções para a Federação Russa.

Porém, o governo russo já contava com essas sanções e se prepararam aumentando suas reservas de ouro e diversificando seus ativos no exterior.
Agora, a Ucrânia se vê sozinha e com poucos meios de se defender de um dos exércitos mais poderosos do mundo.
Lembrando que o artigo 5° da OTAN de reciprocidade só é válida aos membros e nações aliadas não estão cobertas pela proteção das 27 nações que compõem a maior organização militar do mundo. Além disso, não há indícios que os estados membros estão dispostos a enfrentar a Rússia pela Ucrânia.
A posição do Japão
A invasão russa a Ucrânia é um acontecimento muito importante para o Japão, que tem disputas territoriais com a Rússia. Para Tomohiko Taniguchi, ex conselheiro de gabinete do primeiro-ministro, o Japão não pode ser ambíguo.
“O Japão não pode tomar uma atitude ambígua sobre princípios inegociáveis. Isso vale tanto para as relações com a Rússia, quanto com a China”, um outro vizinho com disputas territoriais.

Mas ações unilaterais devem ser descartadas, continua Taniguchi: “Agora é essencial manter-se em sintonia com os outros países do G7 para lidar com a resposta mais apropriada da escalada russa”.
“A menos que o Japão mostre uma atitude resoluta contra a Rússia dessa vez, não terá força para confrontar a China caso Beijing decida intervir e conquistar Taiwan da mesma forma. O que está acontecendo na Ucrânia não se limita a esse país, atinge a todos e é um teste aos valores que acreditamos”, concluiu Tomohiko Taniguchi.
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Próximos passos
Desde janeiro, os países da aliança (OTAN) vêm falando em consequências sem precedentes, mas até agora nada de muito concreto além de sanções econômicas aconteceu, na verdade, o setor de alimentos e energia ficou de fora do pacote de sanções.
O Japão tem muito a perder caso a Rússia consiga derrubar o atual governo ucraniano e instalar a força um novo governo que seja vassalo as políticas de Moscou, caso esse cenário aconteça, a posição japonesa ante as ilhas disputadas com Beijing e Moscou enfraquecerá.

A resposta da OTAN será fundamental para os próximos passos da aliança euroasiática entre China e Rússia. Uma situação complicada em que demonstrações de fraqueza serão exploradas ao limite.
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