No começo do ano fiscal de 2022 (março), o custo de vida no Japão aumentará. Um anúncio foi realizado por dez empresas do setor energético informando que reajustarão seus preços.
A crise energética está fazendo os preços subirem e o risco de escassez é real em praticamente todos os países, seja pela incompetência política ou pela alta demanda da sociedade.

A partir de março de 2022, os japoneses que são abastecidos pela rede elétrica da TEPCO (Tokyo Eletric Power Company) pagarão JP¥ 283,00 (US$ 2,45) a mais pelo kWh consumido. Os clientes da Chubu Eletric Power Co. terão um aumento de JP¥ 292,00 (US$ 2,53).
Outras companhias como a KEPCO (Kansai Eletric Power Co) reajustarão seus preços em JP¥ 55,00 (US$ 0,48) a mais pelo kWh e as principais fornecedoras de gás como a Tokyo Gas Co. subirá de JP¥ 168,00 (US$ 1,46) para JP¥ 229,00 (US$ 1,99) o m³.
Crise energética
O mundo sofre com uma crise energética sem precedentes. A Europa está mergulhada na incerteza do fornecimento energético e a atual deterioração entre EUA, a OTAN e a Rússia em torno da questão ucraniana, deixa a situação ainda mais incerta.
Na segunda metade de janeiro de 2022, o governo da Turquia ordenou a suspensão da produção industrial por três dias após problemas com as linhas iranianas que abastecem o país.

Ainda no Oriente Médio, desde a explosão do porto de Beirute em agosto de 2020, o país se afundou em uma crise econômica e energética nunca vista desde o fim da Primeira Guerra Mundial.
A guerra da coalizão liderada pela Arábia Saudita contra os rebeldes iemenitas Houthis (Ansar Allah, لحوثيون), além da maior catástrofe humanitária do século no Iêmen, de acordo com a ONU, gera insegurança nos mercados sobre o fornecimento de petróleo no mundo.

Fator importante também são as tensões com o Irã e seus adversários regionais nos últimos anos e as sanções econômicas. Com isso, houveram muito incidentes no estreito de Ormuz por onde sai 33% do petróleo consumido no mundo e é rota de 20% do comércio marítimo.
Recentes incidentes na Ásia Central pela falta de energia e aumento no preço energético foram registrados no Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão no dia 25 de janeiro. Outros países como Paquistão e China também sofreram corte no fornecimento de energia recentemente.
Commodities em alta
Existe alta nos preços das matérias-primas necessárias para convertê-las em energia, isto é, petróleo, carvão e gás, em especial os dois últimos que são utilizados em usinas termoelétricas.

Conta de luz subiu nove vezes
Os reajustes de março podem parecer pouco, contudo, em outubro de 2021, o Japão registrou o nono aumento na conta de energia dos consumidores, e, em fevereiro de 2022, será atingido o limite estabelecido pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria.
Ademais, outubro de 2021 registrou a maior inflação em 13 anos, período da turbulenta crise econômica de 2008 nos EUA que derrubou economias do mundo inteiro. No Japão, a queda foi de 17,8%.
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Confiança dos consumidores japoneses em queda
O Gabinete do Primeiro-Ministro do Japão informou na segunda-feira, 31 de janeiro de 2022 que a confiança dos consumidores piorou pelo segundo mês consecutivo dado o aumento explosivo de casos de COVID-19 no país.
A pesquisa envolvendo 8.400 famílias com duas pessoas ou mais e 2.688 solteiros, recebeu 6.732 respostas válidas (80,1%) e apresentou queda de 2,4 pontos na confiança sobre a economia do país e as expectativas de consumo dos próximos seis meses.

No total, a pontuação de confiança dos japoneses em relação ao futuro de curto prazo foi de 36,7 pontos. A métrica do governo aponta que a pontuação abaixo de 50 significa que o pessimismo supera o otimismo na sociedade.
De acordo com os dados da pesquisa realizadas entre os dias 7 e 20 de janeiro, 89,7% das famílias japonesas acreditam que haverá aumento nos preços em geral no ano fiscal de 2022, isto é, a partir de março.
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