O Japão pegou muitas nações de surpresa – inclusive a japonesa – ao declarar que o país não irá renovar sua assinatura no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares da ONU, e que expirará em janeiro de 2021.
Para os membros da Japan Confederation of A- and H-bomb Sufferers Organization, “O governo japonês deveria ser o primeiro a ratificar o acordo, não virar as costas para ele”, afirmou o secretário geral da organização, Suechi Kido.

Por ser o único país do mundo a vivenciar os horrores da guerra nuclear, era de se esperar uma atitude diferente do país, porém, a segurança nacional tem outro entendimento.
Declaração oficial
De acordo com o Secretário Chefe de Gabinete, a decisão de não ratificar o TNP (Tratado de Não Proliferação) foi tomada por divergências na abordagem do para a abolição de armas de destruição em massa.

“Acreditamos que, com os recentes desafios de segurança imposto pelos países vizinhos, é apropriado fazer progressos firmes e realistas quanto ao desmantelamento nuclear enquanto mantemos nossa força e capacidade dissolutiva de lidar com essas ameaças”, afirmou Katsunobu Kato em conferência de imprensa.
Saia justa
O Japão se encontra em uma situação nada confortável. Nos últimos anos, a China vem militarizando o Mar do Sul da China e repetidamente invadindo as águas de vizinhos com barcos de pesca.
Somente em 2020, o governo japonês afirma que navios de pesca chineses violaram a zona marítima exclusiva do Japão quatro vezes em relação ao ano de 2019.

Com a militarização do Mar do Sul da China, o Japão se vê cada vez mais ameaçado por seu vizinho, a China – bem como a ameaça nuclear norte-coreana.

Portanto, o governo japonês se vê forçado a ter em seu território o escudo protetor dos EUA dado que a constituição japonesa proíbe o país de possuir armas ofensivas.
Ameaça global
Na Assembleia Geral da ONU em 29 de setembro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em seu discurso que “Infelizmente, o progresso para a eliminação total das armas nucleares está paralisado e corre o risco de ser comprometido”.

A ONU também observa que “hoje, o risco do uso de armas nucleares – intencionalmente, por acidente, ou por erro de cálculo – é maior do que nunca, desde os dias mais sombrios da Guerra Fria. A deterioração das relações entre os Estados nucleares, o papel crescente das armas nucleares nas estratégias de segurança nacional, os avanços tecnológicos e a erosão do regime de não proliferação”.
Ainda há esperança

Embora nenhuma das nove potências nucelares – EUA, Rússia, China, França, Inglaterra, Israel, Índia, Paquistão e Coreia do Norte – seja signatária do TPNW (Tratado de Proibição de Armas Nucleares), ainda há esperança de um mundo livre de armas nucleares.
Em outubro de 2020, Honduras se tornou o 50° signatário do TPNW. Além disso, ainda são signatários do TNP (Tratado de Não Proliferação) 122 nações comprometidas com o não desenvolvimento de armas de destruição em massa.

Apesar da decisão do governo japonês, os membros da Japan Confederation of A- and H-bomb Sufferers Organization continuaram pressionando as autoridades para a cooperação internacional de um mundo livre da ameaça nuclear.
Kunihijo Sakuma, diretor e advogado da organização – além de ser um sobrevivente dos ataques nucleares na segunda guerra mundial – é otimista quanto ao futuro, acredita que o mundo caminha para a total proibição.

Quanto a decisão de seu país, é categórico: “nós não desistiremos”.
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