No último sábado (27), o Primeiro-Ministro japonês Fumio Kishida discursou para tropas da SDF (Forças de Autodefesa do Japão) e afirmou que o país precisa aumentar sua capacidade ofensiva.
A capacidade ofensiva citada por Kishida são equipamentos de ataque capazes de atingir bases inimigas, isto é, estruturas militares da Coreia do Norte e da China. As falas do Primeiro-Ministro vêm em um momento de muita tensão no Mar do Sul da China.

O Japão integra o QUAD (Diálogo de Segurança Quadrilateral) junto com EUA, Índia e Austrália. Além disso, a SDF vem participando ativamente de exercícios militares no Mar do Sul da China, bem como no estreito de Taiwan.
Analistas acreditam que o Japão está enviando claros sinais de que participará de uma eventual defesa de Taiwan em caso de o governo chinês decidir optar pela invasão da ilha considerada uma província rebelde por Beijing.
Justificativas para adquirir capacidades ofensivas
De acordo com o Kishida, o Japão não pode ficar inerte quanto ao claro avanço tecnológico dos mísseis norte-coreanos (mísseis hipersônicos, com combustível sólido e capacidade nuclear) e ao expansionismo militar chinês, que em suas palavras, são pouco transparentes.
Nesse sentido, o Primeiro-Ministro japonês afirmou que todas as opções estão na mesa ao se referir as revisões das políticas de assuntos exteriores e defesa do país, e isso incluir entregar a SDF capacidades de atacar bases inimigas.

“A segurança no entorno do Japão vem mudando a uma velocidade sem precedente. Coisas que aconteciam apenas em filmes de ficção científica são a realidade de hoje”, disse Kishida a cerca de 800 soldados no campo de treinamento de Asaka.
Assim como seus predecessores Shinzo Abe e Yoshihide Suga, Fumio Kishida busca passar por cima da constituição pacifista do Japão promulgada em 03 de novembro de 1946:
“Aspirando sinceramente a paz mundial baseada na justiça e ordem, o povo japonês renuncia para sempre o uso da guerra como direito soberano da nação ou a ameaça e uso da força como meio de se resolver disputas internacionais.
Com a finalidade de cumprir o objetivo do parágrafo anterior, as forças do exército, marinha e aeronáutica, como qualquer outra força potencial de guerra, jamais será mantida. O direito a beligerância do Estado não será reconhecido.” – artigo 9, Capítulo II
Ofensivas do LDP a constituição japonesa
Na sexta-feira (26), o gabinete do Primeiro-Ministro aprovou um orçamento extra na pasta da defesa do país de JP¥ 770 bilhões (U$ 6,8 bilhões) para a aquisição de mísseis, equipamentos anti submarinos, lançadores de foguetes e outras armas.
Embora o orçamento extra precise ser aprovado pela Dieta, os gastos com a defesa em 2021 foi de JP¥ 6,1 trilhões (U$ 53,2 bilhões), uma alta de 15% em relação a 2020 quando o orçamento foi de JP¥ 5,31 trilhões (U$ 46,8 bilhões).

O orçamento da defesa representa 1% do PIB do país. Pode parecer pouco, porém, o Japão é o 9º país que mais gasta com defesa no mundo ultrapassando a Coreia do Sul (10°), Itália (11°), Austrália (12°), Brasil (13°) e Canadá (14º).
Com esse orçamento, o Japão só perde para EUA, Reino Unido, Alemanha e França em investimento em relação aos países membros da OTAN. Vale ressaltar que o país se recusou a assinar o tratado de não proliferação nuclear.
Para saber mais, clique em Japão decide não assinar Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares da ONU em 2021
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