A crise demográfica no Japão é o maior desafio enfrentado pelo país nas últimas décadas. Isso de forma mais acentuada a partir da crise financeira mundial de 2008 e ainda mais com a dramática crise sanitária da COVID-19.
Embora não seja uma questão endêmica (crise demográfica), pela primeira vez desde a série histórica iniciada em 1970, mais da metade dos municípios japoneses foram classificados como áreas depopuladas.
Crise demográfica no Japão

A situação no interior do país é ainda mais crítica com locais praticamente desabitados.
Sem oportunidades de empregos, os poucos jovens de vilas e pequenos municípios migram para as grandes cidades em busca de melhores condições.
O governo central vem se esforçando para tentar revitalizar essas pequenas cidades com programas de incentivo a economia local e outros estímulos, mas infelizmente, essas iniciativas não trouxeram os resultados desejados.
Cidades fantasmas
Na divisão territorial do Japão há 1.718 municípios divididos em 47 Prefeituras (Províncias).
885 municípios sem ninguém (metade do país)
De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Interior e Comunicação, no começo do ano fiscal de 2021 (1° abril), 820 municípios foram declarados como depopulados.
O início do ano fiscal de 2022 incluirá mais 65 cidades de 27 Prefeituras, o que representará um total de 885 cidades, isto é, 51,5% do país está depopulando ou já estão desabitadas. A única exceção é a Prefeitura Tokyo.

Entre as 65 cidades listadas como depopuladas pelo ministério, 36 municípios foram completamente despovoados, entre eles Furano em Hokkaido, Kamo em Niigada e Hitoyoshi em Kumamoto.
Segundo o ministério, nenhuma cidade será retirada da lista de cidades depopuladas em 2022.
As que ainda têm população receberão um estímulo do governo de JP¥ 520 bilhões (US$ 4,57 bilhões) no começo do ano fiscal, JP¥ 20 bilhões (US$ 902 milhões) a mais em relação a 2021.
Confira as 29 cidades parcialmente depopuladas de 2021
- Fukushima: Shirakawa e Sukagawa;
- Ibaraki: Itako e Kasumigaura;
- Chiba: Sosa, Katori, Sanmu e Isumi;
- Niigata: Shibata e Tainai;
- Toyama: Tonami;
- Fukui: Awara, Eiheiji e Wakasa;
- Nagano: Ueda, Shiojiri e Azumino;
- Gifu: Kaizu;
- Shiga: Higashi-Omi;
- Kyoto: Kizugawa;
- Hyogo: Tanba-Sasayama e Tatsuno;
- Wakayama: Minabe;
- Tokushima: Awa;
- Kumamoto: Tamana, Kikuchi e Hikawa;
- Kagoshima: Izumi;
- Okinawa: Nanjo.
Confira as 36 cidades totalmente despovoadas de 2021
- Hokkaido: Furano, Shin-Shinotsu, Shikabe e Betsukai;
- Aomori: Inakadate e Tsuruta;
- Miyagi: Kawasaki, Matsushima, Osato e Wakuya;
- Yamagata: Kaminoyama;
- Fukushima: Kunimi, Tenei e Aizu-Bange;
- Ibaraki: Sakuragawa e Kawachi;
- Gunma: Takayama;
- Saitama: Tokigawa, Minano e Nagatoro;
- Chiba: Kujukuri;
- Niigata: Kamo;
- Fukui: Katsuyama;
- Nagano: Tateshina;
- Shiga: Kora;
- Kyoto: Ayabe;
- Osaka: Toyono e Nose;
- Hyogo: Ichikawa;
- Nara: Takatori;
- Wakayama: Hirogawa e Mihama;
- Kochi: Sukumo;
- Fukuoka: Itoda;
- Nagasaki: Higashi-Sonogi;
- Kumamoto: Hitoyoshi.
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Projeto de revitalização do interior do Japão
A ideia de revitalizar o interior do país, os pequenos municípios, vilas e regiões rurais do Japão já vem sendo avaliada desde a década de 70 com a urbanização e industrialização do país, e consequentemente, o fluxo migratório.
Em 2014, a gestão do então primeiro-ministro Shinzo Abe tentou criar um programa para mitigar a migração para a capital do país, mas não obteve sucesso e Tokyo continuou recebendo mais pessoas.

A administração do primeiro-ministro Fumio Kishida adotou como estratégia um programa de digitalização, energia e internet para regiões rurais, porém, é improvável que sem empregos atrativos seja possível reverter o quadro de morte dos pequenos municípios.
Se as indústrias e empresas de tecnologia e inovação não receberem incentivos para migrarem para o interior do país, o número de cidades depopuladas aumentará e transformará a maior parte do Japão em paisagem com vestígios de que um dia existiu habitantes.
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