A escritora japonesa Aoko Matsuda ganhou o prêmio de melhor coleção pelo World Fantasy Awards pela tradução na língua inglesa de uma de suas histórias “Where the Wild Ladies Are” (Onde as garotas selvagens estão).

O livro foi publicado em 2016 pela Chuokoron-Shinsha Inc. sob título “Obachan-tachi no iru tokoro”.
Ao todo lançou uma coleção de 17 histórias curtas. As obras foram traduzidas para a língua inglesa por Polly Barton.
Suas obras foram consideradas inovadoras e ousadas, pois mostram uma reinterpretação das lendas japonesas tradicionais focados em personagens femininos evidenciando violência de gênero, misoginia e outras questões.
Os livros foram recomendados pela revista Time Magazine na lista tradicional dos 100 livros que devem ser lidos de 2020 e ganhou destaque no país.
A premiação World Fantasy Awards é realizada desde 1975 nos Estados Unidos selecionando e premiando a melhor publicação de fantasia do ano.
A 47ª edição foi feita em Montreal no Canadá no domingo passado (09/01/22). Outros autores japoneses já haviam recebido o prêmio antes.
Haruki Murakami ganhou em 2006 por Kafka on The Shore e o diretor do Studio Ghibli Hayao Miyazaki em 2019 pelo prêmio Lifetime Achievement por sua obra de vida.
Aoko Matsuda – Onde as garotas selvagens estão

Nascida em 11 de outubro de 1979 em Hyogo no Japão, a escritora e tradutora literária Aoko Matsuda quis mostrar através de sua coleção, histórias que mostrassem a possibilidade de metamorfose, da mudança interior e da sociedade. Que mostrassem transformações.
Também mostra de forma fictícia, mas com narrativas surpreendentes mulheres como receptáculos de dor e traumas através dos seus contos.
Todas as histórias são interligadas misturando lendas com situações reais mostrando um lado feminino forte e com poder. Também faz uma ligação com o presente e o passado.
Releituras de contos tradicionais de terror
O conto que ganhou o prêmio chamado Where The Wild Ladies Are tem um feminismo explícito que tem como fundo uma lenda tradicional japonesa de fantasma.
Nele, faz uma abordagem contemporânea de discriminação em ambiente de trabalho e de julgamentos que uma mulher passa na sociedade, além de todas as expectativas patriarcais.
Segundo Aoko Matsuda contou em entrevista para a jornalista Sophia Stewart para a publicação Asymptote, a maioria das histórias de fantasmas que inspiraram seus contos fizeram parte de sua infância.
A lenda favorita era de Okiku que dizem estar enterrada sob o castelo Himeji, pois a autora é desta cidade.
Amor pelas histórias de terror kaidan
Ela explica que no verão é tradição contar histórias japonesas de terror (kaidan) e ela costumava assistir os especiais que passavam na televisão.
Enquanto via a lenda de Okiku, a escritora pensava dentro de sua cabeça: “Morra Okiku, morra rápido, para que você se torne fantasma com superpoderes e ter sua vingança!”.
Em seus olhos, fantasmas femininas nas histórias kaidan eram muito divertidas e interessantes.
Ao mesmo tempo, conforme foi crescendo, viu que as lendas refletiam e internalizavam ideias misóginas em relação a mulheres, desde que a maioria foi escrita por homens com sua visão estereotipada.
Por mais que gostasse dessas lendas, isso gerou um sentimento ambíguo e ao escrever o conto Where The Wild Ladies Are, quis criar um espaço em que as fantasmas femininas pudessem se curtir e encontrar uma nova vida.
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