“Te chamarão para sempre de ex-presidiário”, trecho da música dos Racionais MC’s se mostra verdadeiro também no ostracismo social do Japão: ex-membros da Yakuza encontram dificuldades em encontrar empregos mesmo com ajuda da polícia japonesa.
Os sindicatos do crime organizado do Japão (Bōryokudans, 暴力団) estão em decadência, perdendo mais membros do que recrutando.
Há poucos jovens japoneses dispostos a passar longos anos no cárcere ou correr os riscos da vida nas margens da legalidade.

Além disso, muitos membros dentro e fora do sistema carcerário procuraram ajuda para deixar a organização criminosa.
Somente em 2020, cerca de 5.900 membros da Yakuza conseguiram se desligar da organização com a ajuda da polícia ou por outros meios.
Porém, apenas 3,5% deles conseguiram um posto de trabalho, isto é, dos 5.900 a procura de um emprego, somente 207 foram absorvidos pelo mercado de trabalho. Conheça algumas dessas histórias.
Um pedido de socorro
Em 2018, um jovem de 27 anos entrou no Departamento de Polícia Metropolitana de Tokyo e pediu ajuda aos agentes de segurança pública para se desligar da organização da qual serviu como motoristas de oficiais sêniors nos últimos anos.
O jovem informou que não tinha experiência profissional fora do universo da Yakuza e que estava pessimista quanto a seu futuro, do que recebia, era obrigado a pagar altas taxas para a manutenção da organização.

Ele foi orientado pelos oficiais da polícia a não responder a nenhuma das investidas da organização criminosa em persuadi-lo a permanecer membro e não atender o celular quando seu superior o ligasse o procurando.
Também foi direcionado ao Tokyo Center for Removal of Criminal Organizations. Lá, o jovem encontrou uma gama de oportunidades de emprego e foi aceito na equipe de manutenção de um hotel.
Uma oportunidade
Depois de contratado, prestou diversos serviços dentro do hotel, atuando como zelador.
Ao reconhecer seus esforços, seu superior passou a ensina-lo usar computadores e como criar os documentos utilizados no trabalho por eles.
Em entrevista ao The Mainichi, o responsável pelo departamento de recursos humanos declarou: “Tive uma impressão de que ele era uma pessoa descente com muita força de vontade para tomar uma ação e sair do Bōryokudans. Ele também leva muito a sério seu trabalho”.

Pouco mais de um ano trabalhando, recebeu uma promoção e se tornou responsável de seção.
Ser visto como ex-yakuza sem preconceitos é fundamental
O jovem contou ao jornal: “Só foi possível chegar até aqui por causa das pessoas que sabiam que fui da Yakuza e me viram como um ser humano, sem preconceitos. Agora penso sobre como poderei servir melhor essa companhia”.
Empresas vinculadas com o National Center for Removal of Criminal Organizations, seção dentro da Anti-Social Force da National Police Agency (警察庁) oferecem vagas de emprego para ex membros da Yakuza, mas o serviço recebe uma média de apenas 10 pessoas por ano.
National Center for Removal of Criminal Organizations
O programa National Center for Removal of Criminal Organizations é uma concessão da National Police Agency a membros de organizações criminosas – notadamente a Yakuza – que queiram abandonar seus postos no Bōryokudans.
Em geral, o programa é gerido por policiais aposentados. Aqueles que buscam sua ajuda são identificados no banco de dados chamado Anti-Social Forces (Forças Anti-Sociais, Agentes Anti-Sociais) e, após todos os processos internos, tem seus nomes retirados dessa lista.

Diversas empresas são parceiras do programa e oferecem vagas para que essas pessoas tenham uma oportunidade de reintegrar à sociedade, afinal, muitos membros nunca cometeram nenhum ato violento.
É um duplo benefício ter uma política que reduz o número de gangsters no país e ao mesmo tempo direciona ao mercado de trabalho com empresas dispostas a dispensar uma forma específica para essas pessoas (questões legais).
Pirâmide hierárquica da Yakuza
Os membros dos Bōryokudans, 22 em atividade no país, são catalogados por agentes da polícia investigativa.
Os dados são constantemente atualizados e por diversos meios, desde contato interno quanto de monitoramento e investigação.
É um contrassenso, mas um recruta não é considerado como membro da Yakuza se não tiver seu nome nesse catálogo da polícia. É possível encontrar diversos nomes da organização acessando o Yakuza Wiki.

Uma característica interessante sobre os Bōryokudans, é que seus Oyabuns (chefes e líderes) são figuras públicas no Japão aparecendo nas capas de tabloides, e outros meios de comunicação.
Visão pessimista do futuro
Mas essa face glamurosa da Yakuza é reservada para poucos, aqueles que sustentam a base dessa pirâmide estão cada vez mais pessimistas quanto ao futuro, por isso que iniciativas como o National Center for Removal of Criminal Organizations são tão importantes.
Obstáculos legais – 5 anos de sanções sociais
Apesar do Japão não ter uma lei anti máfia como a Itália, por exemplo, os membros do Bōryokudans cadastrado no sistema da National Police Agancy sofrem uma série de sanções sociais como:
- Abertura de conta bancária;
- Alugar ou comprar imóveis;
- Previdência social;
- Obtenção de números de telefones celulares;
- Firmar acordos comerciais com quaisquer empresas, companhia ou corporação.
Sanções podem ser estendidas a familiares
Se para os que estão no topo da hierarquia da organização isso não é necessariamente um problema, para os membros de baixo escalão é um obstáculo para qualquer forma de integração com a sociedade regular, além das sanções poderem ser estendida a familiares.

Essa condição é mantida por até cinco anos após a saída de uma pessoa do Bōryokudans.
Por isso, é difícil encontrar alguma solução fora das opções de trabalho oferecidas pelo National Center for Removal of Criminal Organizations.
E por mais que possa ser razoável argumentar que uma pessoa nessa situação não está em posição de negociar, a questão cultural transpassa todos os segmentos da sociedade, seja ele a margem das leis ou não.
Ostracismo social
Assim como muitos japoneses e japonesas em situação de vulnerabilidade econômico-social tem uma reação emocional ante a possibilidade de buscar ou receber ajuda do governo ou outras instituições beneficentes, o mesmo ocorre com os ex-mebros do Bōryokudans.
Pensamento diferente
A noção de responsabilidade sobre seu próprio sucesso ou do fracasso é muito forte na sociedade japonesa.
Então, pedir e aceitar ajuda pode gerar uma sensação de humilhação naquele que deve ser o beneficiário de políticas públicas.

Fora do guarda-chuvas das vagas disponíveis no National Center for Removal of Criminal Organizations, há outros fatores de traquejos sociais e um tratamento diferenciado entre colegas a respeito das tatuagens ou dedos decepados.
Estigmas sociais
Além de ser difícil ser absorvido pelo mercado de trabalho com tais antecedentes, o estigma social em relação a aquilo que dá identidade é muito forte, então, a relação com os colegas de trabalho são envoltas de medo e desconfiança.
Porta giratória
Um ex-Yakuza na casa dos 40 anos deixou a organização em 2013 citou algumas das dificuldades em sua experiência fora do Bōryokudan. A questão da abertura de uma conta bancária é uma das mais complicadas.
Proibição dificulta muito a vida
Ele disse que a proibição de cinco anos gera dificuldades e constrangimentos para quem está procurando uma vaga de emprego e precisa explicar ao chefe ou eventual contratante que ele não pode receber seu salário por depósito bancário.

Para a maioria dos membros que abandonaram a Yakuza, se tornar uma pessoa comum é virtualmente impossível por causa das tatuagens e eventuais dedos decepados, e esse ambiente também gera angústia e desesperança.
Ciclo vicioso impede reintegração
O ex-membro conta: “É possível ser contratado para um emprego por uma pessoa que compreenda a situação, mas mesmo que consiga, não é verdadeiramente possível ocupar o posto”.
E continua: “Não nos encaixamos por causa das tatuagens, dedos decepados. A maioria daqueles que saem do Bōryokudan não conseguem encontrar um trabalho, acabam sem dinheiro e acabam reencontrando antigos colegas da organização. Sem alternativas, passam a vender metanfetamina e outras drogas. Dentro de pouco tempo estão de volta a organização”.
O papel do estado na reintegração
De todas as dificuldades, a principal é, sem dúvidas, encontrar empresas dispostas a entender a situação e confiar uma vaga para pessoas que abandonaram a máfia japonesa.
Os números de contratações entre os ex-membros da Yakuza em 2020 são muito baixos.
E como alertado pelo homem de 40 anos, sem uma fonte de renda, eles voltaram a se associar novamente com antigos companheiros da organização e, em última instância, voltando a integrar as fileiras dos Bōryokudans.

Há, porém, grande apoio e dedicação ao programa National Center for Removal of Criminal Organizations pelos departamentos de polícia e demais órgãos da administração pública japonesa.
Em Tokyo, Fukuoka e Hyogo, os departamentos de polícia oferecem dinheiro a empresas que contratam ex-membros da Yakuza, mas essas iniciativas ainda são tímidas e limitadas. É preciso maior empenho e vontade tanto do setor público quanto o privado.
Problemas estruturais do mercado de trabalho
O mercado de trabalho japonês é altamente competitivo, portanto, os mais instruídos e preparados ocupam as cada vez menos ofertadas vagas regulares, enquanto boa parte da força de trabalho opera em trabalhos temporários (em todos os segmentos do mercado).
Com tanta oferta de mão de obra, a maioria das empresas simplesmente não quer ter interesse em abrir uma oportunidade para ex-membros da Yakuza, pois são vistos com um risco aos negócios.

Não existe acompanhamento
E há nisso uma real preocupação. O advogado especialista em Bōryokudans, Motoo Kakizoe, afirmou: “Atualmente não há um sistema que acompanhe o ex Yakuza depois que ele consegue um trabalho”.
Riscos são altos
E continua: “Portanto, os riscos de ter contratado um ex-gangster recai na empresa contratante”. Afinal, confiança não é dada, é conquistada.
“É imperativo que tenhamos recursos humanos especializados para dar suporte a essas pessoas para deixarem as gangues e encontrar um trabalho”.
Êxodo na Yakuza
Nos últimos anos, a Yakuza perdeu quase um terço de seu tamanho em relação a 2011 quando cerca de 70.300 pessoas estavam cadastradas na Anti-Social Forces.
A estimativa é que em 2020 a quantidade de membros ativos era entre 18 mil a 26 mil.
É difícil saber ao certo, os dados armazenados pela National Police Agency estão sendo cada vez menos divulgados para respeitar os direitos humanos daqueles que estão sob constante monitoramento dos agentes de segurança pública.

Com o endurecimento do governo central aos sindicatos do crime do Japão, o medo de passar a maior parte de vida em reclusão fez muitos membros repensarem seu futuro.
Condenação de Satoru Nomura – Pena de morte
A situação se tornou ainda mais agravante para a Yakuza com a condenação de Satoru Nomura a pena de morte.
O quinto presidente do Bōryokudan Kudo-kai (工藤會), Yakuza de Kyushu sediada em Kitakyushu, Satoru Nomura foi condenado a morte no dia 24 de agosto de 2021 por ter participado em um ataque a quatro pessoas, uma delas morreu.
Custos altos demais para arriscar
Ante a possibilidade de uma pena capital, está ficando cada vez mais difícil manter os membros dentro da organização. Para essas pessoas, o custo se tornou alto demais em todos os sentidos.
Servindo a si mesmo
Ao pedir um noodle em um típico pequeno restaurante japonês, dificilmente você diria que a pessoa que te preparou e serviu sua refeição foi um membro da facção mais violenta da Yakuza, a Kudo-Kai, a mesma em que o presidente foi condenado a morte.
Recomeço
Takashi Nakamoto decidiu sair da organização enquanto estava preso em 2015. Após refletir sobre sua vida e a Yakuza, perdeu as esperanças da organização e de seu futuro com o endurecimento das leis contra o crime organizado.

Esforço para viver e trabalhar normalmente
Nakamoto de 55 anos disse: “Apesar de ter deixado a Yakuza, aprendi muito dentro da organização e minha conduta segue a mesma. Antes eu fazia qualquer coisa pelo sindicato, vivia e morria, agora concentro meus esforços para viver e trabalhar normalmente em nossa sociedade”.
Hoje Takashi Nakamoto conquistou um restaurante com capacidade de atender 13 pessoas simultaneamente.
Apesar do estigma (Nakamoto não tem o mindinho esquerdo), pode sair sem medo de represálias e conseguiu se reinventar dentro da sociedade.
Real Estates: um ex Yakuza no setor imobiliário
Motohisa Nakamizo deixou a Kudo-Kai em 2011 e hoje possui uma empresa no setor imobiliário.
Numa oportunidade rara, seu ex patrão (do atual ramo de atividade) o chamou para trabalhar na empresa de seus pais que estavam contratando.
Abraçou nova oportunidade
Apesar das limitações já citadas acima, Nakamizo abraçou a oportunidade e abandonou o comércio de produtos da indústria do narcotráfico. Depois de cinco anos fora da Yakuza recuperou seus direitos outrora suspensos.

Durante cinco anos, você não será como os outros
Na opinião do empresário de 56 anos, “Após sair da prisão ou dos Bōryokudans, você precisa ter consciência que durante os primeiros cinco anos, você não será como as outras pessoas. As pessoas costumam falar sobre recomeçar do zero, mas na verdade, nós começamos do negativo e trabalhamos para chegarmos ao zero”.
10% não conseguem passar dos cinco anos
Da cidade de Hakata na prefeitura de Fukuoka, Nakamizo trabalha com sua empresa em conjunto com o Ministério da Justiça e contrata ex-membros para atuarem no setor imobiliário. Porém, apenas 10% conseguem passar pelos primeiros cinco anos de restrições.
Limitação e superação – falta de formação
Não são todos os membros da Yakuza com formação acadêmica que possa ser aproveitado pelo competitivo mercado de trabalho japonês. Muitos só concluíram o ensino fundamental ou o ensino médio.
Passou em concurso concorrido e deu a volta por cima
Esse é o caso de Ryuichi Komura de 46 anos. Sua vida acadêmica estacionou no ensino médio, desde então, cumpriu quatro diferentes sentenças em nome do Bōryokudan Yamaguchi-gumi. Aos 38 anos decidiu deixar a organização.

Komura afirmou: “Queria dar a volta em minha vida”. Ele sabia que seu caminho seria difícil e que teria apenas trabalhos mal remunerados. Ryuichi sempre se interessou por Direito, mas sabia que era praticamente impossível ele se tornar advogado ou promotor de justiça.
Mas, não deixou espaço para dúvidas e se dedicou a uma vaga como escrivão, um trabalho dentro do universo das leis que tem uma taxa de aprovação de pouco mais de 3% de aceitação.
Após oito anos estudando, conseguiu passar na sétima tentativa.
Estigma: dedos a venda
Em geral, tatuagens são um estigma social dentro da sociedade japonesa. Muitas pessoas entendem que seja algo que pertence ao submundo, portanto, deve ser temido.
Mas, para quem abandona a Yakuza, esconder as tatuagens nem sempre é tão difícil, é muito incomum ver algum membro com tatuagens no rosto, pescoço ou nas mãos. Muitas tatuagens podem passar batido com uma camisa social comum.

O maior problema é, sem dúvidas, quando há dedos decepados. Isso é mais difícil de esconder e de justificar.
Negócio rentável: fabricação de dedos
São tantos os membros debandando nos últimos anos que a demanda por dedos acabou se tornando um negócio rentável.
Em 2013, um ex-membro da Yakuza se tornou notícia nos principais diários do mundo com suas próteses de dedos e outros membros de silicone. Deixou a organização e hoje fatura milhões de ienes todos os anos.
Mais do que mafiosos
Durante a entrevista cedida em 2013, em seu consultório Toru, nome fictício do proprietário do empreendimento, mostrava com orgulho seus dedos artificiais aos jornalistas da AFP.
Próteses reais ajudam pessoas
Toru não tinha os dois mindinhos e o anelar direito. Mas com as próteses de silicone de Shintaro, o ex-chefe da Yakuza pode passar despercebido em meio à multidão: “Vê como parecem reais”, pergunta Toru aos repórteres da AFP.

Seu principal associado é Shintaro Hayashi, um especialista em próteses. O público alvo sãos trabalhadores da indústria que sofrem acidentes e acabam com os dedos decepados, membros e ex-membros da Yakuza representam apenas 5% de sua receita.
Acidente de trabalho
Na ocasião da visita da AFP ao consultório em 2013, uma mulher então na casa dos 70 anos tinha perdido um dedo quando trabalhava em uma fábrica: “Perceberam que o dedo não era verdadeiro apenas uma vez”, contou a idosa.

O trabalho de Hayashi traz uma sensação de normalidade aos ex-membros e principalmente a pessoas que por ação do destino, tiveram seus dedos, orelhas ou outros membros mutilados.
Motivos para Yakuza pedir dedos
Toru contou que era um chefe eficaz no bairro de Kabukicho, o distrito da luz vermelha de Tokyo.
Foi capaz de garantir o fluxo de dinheiro ao topo da pirâmide e tirar os gangsters rivais de seu caminho e de seus negócios.
Punição para penalidades
Porém, um de seus subordinados quebrou as regras do Bōryokudan em relação a roubos e consumo de drogas.
Para aplacar a ira dos seus superiores, ofereceu a ponta do mindinho esquerdo.

Sacrifício pelo subordinado
O mesmo problema ocorreu pouco tempo depois com outro subordinado, e mais uma vez para aplacar a fúria de seus superiores, ofereceu mais uma parte seu mindinho. Foi a segunda punição, mais difícil e dolorosa do que a primeira.
“A primeira junta do dedo pode ser decepada com mais facilidade utilizando o peso do corpo sob a lâmina para isso. Mas a segunda junta é bem mais resistente do que eu imaginava”, Toru conta que só conseguiu graças a um ‘irmão’ que o auxiliou.
Erros irreversíveis
Sua terceira mutilação foi por um erro pessoal, Toru se embriagou em um bar e destruiu os móveis do proprietário, que por acaso, era amigo pessoal de um superior do ex-gangster. A ponta do outro mindinho foi decepada como punição.
Amor e sacrifício – um dedo anelar
A quarta e última amputação aconteceu por amor. Ao conhecer sua esposa, o ex-gangster sabia que era com ela que casaria, mas sabia também que ela não casaria com um membro da Yakuza.
Foi quando Toru decidiu abandonar a organização. Porém, não é como em qualquer empresa em que você pede demissão e pronto, o ex associado teve que oferecer como sacrifício seu dedo anelar.

“Decidi fazer como das outras vezes, com uma faca de cozinha. Porém, por causa dos músculos, a lâmina não pôde decepar completamente seu dedo anelar, então pedi a um irmão que o arrancasse com um cinzel e um martelo”, contou Toru.
Ao mesmo tempo que a falta dos dedos se tornou uma chaga aberta na sociedade regular (enquanto dentro da organização é um sinal de respeito, lealdade e sacrifício), também trouxe uma oportunidade para ingressar na sociedade de maneira colaborativa e legítima.
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Vida como katagi é difícil
Todos os ex-membros da Yakuza sabem que a vida como um katagi, um cidadão regular, é muito mais difícil quando você tem os dedos mutilados e que durante os próximos anos os horizontes podem parecer limitados.
“Todos podem trabalhar duro e recomeçar, mesmo quem perdeu alguns dedos. A vida é muito mais fácil desse jeito”, afirmou Toru na entrevista à AFP em 2013.
É preciso fazer alguma coisa
“Nada acontecerá se você apenas deixar os cinco anos passarem até recuperar todos os direitos, não se pode esperar que outras pessoas venham a sua ajuda, o caminho correto é inverso a esse”, disse o dono de restaurante e ex- Kudo-Kai, Nakamoto.

É preciso ter coragem para encarar o mundo e conquistar a confiança de seus pares, como foi o caso de Nakamoto.
Sem ressentimentos
O imóvel que alugou para seu restaurante pertence a um homem chamado Toshiyuki Tsuji que foi alvo de um ataque da Kudo-Kai enquanto Nakamoto ainda pertencia a organização.
Apesar do episódio, Takashi Nakamoto sempre manteve uma relação cordial e honesta com os outros comerciantes do shopping.
Limpava e era voluntário em dias de festival. E com chances contrárias, conversou com Tsuji solicitando uma loja para seu restaurante.
Todos merecem uma segunda chance
Mesmo com restrições legais sobre alugar um imóvel, Toshiyuki Tsuji assumiu os riscos ao ter ficado impressionado com a determinação de Nakamoto: “Olhei em seus olhos e vi genuína vontade de recomeçar. E todos merecem uma segunda chance”, afirmou Tsuji.
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