Uma das séries de mangás de sucesso do Japão, a Black Jack lançou um projeto batizado de Tezuka2023 onde o uso de inteligência artificial será usado de forma complementar para criar enredos e imagens.
O projeto lançado em Tokyo foi liderado pelo filho do criador da série Black Jack, Makoto Tekuza. Seu pai falecido em 1989 aos 60 anos era o Osamu Tezuka, o pai do mangá e criador do Astroboy.

Ele trabalhou em 150,000 páginas de manuscritos de 700 títulos. Seu filho Makoto conta que seu pai apoiaria o uso de inteligência artificial, já que era conhecido por ser precursor na ampliação do trabalho ao ter sido o primeiro artista de mangá a contratar assistentes.
Os assistentes o ajudavam na parte de criação onde desenhavam conforme as instruções de Osamu, facilitando sua demanda.
IA será usada de forma complementar
A IA será usada no projeto como uma forma de ajuda e suporte no processo criativo para dar sugestões ao escritor e desenhistas sobre ideias novas baseadas em seu banco de dados inseridos com o que já aconteceu na série.
Além disso, a IA ainda será responsável por ajudar na construção de relacionamentos entre personagens baseado nos 200 episódios já lançados.
Tezuka2023
A nova série de mangá será lançada na revista semanal chamada Shukan Shonen Champion, que foi a responsável por imprimir a série de 1973 a 1983 onde contava a história de um cirurgião que é um gênio.

O uso de tecnologia será usada como suporte no processo criativo criando diálogos também, conforme as instruções inclusas, de acordo com o tema proposto.
“Nós criadores definitivamente daremos os toques finais e acertos ao final, nós queremos produzir algo que seja apreciado pelos nossos leitores. Nós temos um senso de responsabilidade sobre isso”. Makoto Tezuka afirmou em uma conferência com a mídia japonesa.

Ainda contou que múltiplos criadores usarão a inteligência artificial para criar episódios para o projeto e o melhor enredo será selecionado para ser publicado.
Diferentes pessoas usarão a tecnologia como ferramenta, conforme seus próprios meios criativos e seu estilos pessoais.
IA tem limitações
Contou que a IA tem suas limitações ainda e não deverá substituir ninguém, já que esta tecnologia tem dificuldades em criar coisas sutis e ambíguas, que é comum em enredos criados por pessoas usando seu processo criativo de escrita.
“Eu penso que é possível, por exemplo, que a IA crie uma imagem que é clara e precisa, um criador seria necessário para acertar o tom e adicionar níveis de profundidade e ambiguidade”.
Debates sobre uso de IA no Japão
Além do projeto, expectativas tem aumentado no Japão quanto ao uso de tecnologia generativa usando inteligência artificial.
Alguns defendem que estas ferramentas poderão ser usadas pelo público em geral para poder criar suas histórias, mesmo para quem não tem habilidades de escrita ou desenho.
Além disso, os artistas poderiam se tornar mais eficientes, dando uma força para que estas pessoas façam uma expansão de seus negócios.
Direitos de criação
Por enquanto o uso deste tipo de tecnologia permite que as ferramentas utilizem trabalho de artistas em seu banco de dados para se desenvolver, sem nenhuma implicação legal. Mas se for provado que os direitos de criação estão sendo infringidos, esta ação não será permitida.
No entanto, a lei japonesa não é clara sobre os requisitos. Por isso, muitos criadores japoneses estão preocupados sobre o uso de IA com implicações em seus direitos, além do impacto em suas carreiras e obtenção de empregos.
Associação está preocupada
Uma pesquisa online conduzida em maio pelo Arts Workers Japan mostrou que 93.8% dos 27,000 correspondentes mostravam preocupações sobre direitos, enquanto 58.5% mostrou medo de perder seu emprego entre ilustradores, fotógrafos e escritores.
A associação composta por artistas variados está pedindo que o governo faça regulamentações gerando discussões sobre a questão.
Um painel de conselho da Agência de Assuntos Culturais está coletando casos potenciais que poderiam ser encaixados na lei de infração de direitos criativos do autor.
Alguns pesquisadores esperam que a regulação venha, mas sem ser muito restritiva possibilitando a tecnologia encontre sua função entre as pessoas e profissionais.
Japão pode coexistir com tecnologia
Segundo o professor Satoshi Kurihara, professor da universidade de Keio de Ciência e Tecnologia, o país sempre foi aberto para coexistir com tecnologia.
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