A doença nacional kafunsho (febre do feno) é uma consequência do reflorestamento extensivo na década de 60 da recuperação do país no pós segunda guerra mundial.
Ocorre de fevereiro até abril com pico em março. Em março é pico de pólen de cedro e em abril cipreste.
Estima-se que 25 milhões de pessoas sofrem de febre do feno no Japão, ou seja, uma a cada quatro pessoas sente sintomas de rinite alérgica durante a primavera.
Febre do feno no Japão – kafunsho

Cryptomeria japonica é o nome da espécie conhecido como sugi no Japão. Junto com cipestre são responsáveis pela produção de pólen excessivo que desencadeia a febre do feno (polinose), conhecida também como Kokuminbyo.
O período de reflorestamento expansivo aconteceu entre os anos de 1957 a 1972. Então, as árvores plantadas nesta época envelheceram até chegar a fase adulta com 26 a 45 anos, marcada pelo pico de produção de pólen atual.
Sintomas febre do feno – kafunsho

- Coceira intranasal (dentro do nariz);
- Nariz escorrendo;
- Rinite aquosa;
- Obstrução nasal
- Coceira na faringe;
- Coceira nos olhos;
- Olhos inchados;
- Dor no rosto e ouvidos;
- Espirros;
- Garganta seca;
- Cansaço;
São sintomas que aparecem apenas nos períodos de grande produção de pólen entre fevereiro e abril. Dependendo da gravidade da alergia da pessoa pode ter os sintomas acima mais fortes e até febre.
Diferenças entre febre do feno e gripe
É muito comum confundir os sintomas da febre do feno e gripe no Japão, mas elas têm suas diferenças.
Os sintomas de alergia costumam durar mais que se agravam de acordo com mudanças no clima, o que não ocorre com infecção por vírus.
Tratamentos e remédios
Quando a pessoa tem sintomas leves, pode recorrer aos remédios que são vendidos nas farmácias japonesas que não precisam de prescrição médica.
O Allegra que usa cloridrato de fexofenadina (anti-histamínico) combate os principais sintomas incômodos, além de não causar sono.
O Claritin EX usa 10 mg de loratadina em cada comprimido com efeitos antialérgicos.
O Alesion 20 reduz os sintomas no nariz causados pelo pólen por 24 horas desentupindo, cessando a água e os espirros. Recomendado a partir de 15 anos.
O Aneton é um descongestionante. No entanto, tenham em mente que esses remédios têm dosagem baixa.
Para quem sofrer muito com sintomas moderados a sérios deve procurar um médico que receitará dosagens maiores ou diferentes remédios e tratamentos.
Existe cura?
O Japão possui alguns tratamentos que promovem a cura da febre do feno. Uma delas usa imunoterapia sublingual, coberto pelos planos de saúde dos cidadãos desde 2014. Em testes clínicos apresentou eficiência de cura em 70% dos casos.
No entanto, o tratamento dura dois anos, mas requere poucas idas ao médico e aplicação sem dor e facilitada em casa. Um comprimido é colocado embaixo da língua que é absorvido depois para promover a imunidade contra a febre do feno.
Antes disso, era comum o tratamento de cura ser feito com aplicações de injeções semanais para dessensibilização. Mas, não era uma opção popular, pois demandava idas constantes ao médico, aplicações com agulha e demorava três anos para fazer efeito, mas com durabilidade para a vida.
Também é importante diferenciar os tratamentos com histamínico mais curtos que promovem uma imunidade temporária de mais ou menos um ano e aplicados em forma de vacina em clínicas particulares.
Para quem tem sintomas leves pode adotar algumas medidas dentro de um programa de prevenção que costumam ser eficientes e são recomendadas pelos médicos no Japão.
Fique de olho no tempo
Segundo informações do site de alergologia do governo de Tokyo, existem algumas condições meteorológicas específicas que representam perigo, pois costumam ter mais incidência de pólen dentro da época.
Evite sair de casa em dias com altas temperaturas, no primeiro dia de sol após um dia chuvoso ou um tempo seco com vento e ensolarado.
Ter atenção extra em dias quentes com vento forte do sul.
Além disso, os canais de meteorologia no Japão costumam avisar os níveis de pólen de ar com avisos progressivos.

Nas cidades, a alergia costuma ser mais intensa, já que o pólen fica circulando no ar. Em partes com mais natureza, ele é absorvido.
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Não use aspirador de pó
Assim como a vassoura, o aspirador de pó acaba fazendo com que as partículas de pólen se agitem no ar, aumentando as chances de ser aspirada pela pessoa ou acabar nos olhos.
Por isso, a indicação é usar um pano úmido para que o pólen grude e possa ser retirado com eficiência de dentro de casa, de roupas e objetos.
Use um spray de íons
No país existe um spray que usa íons para fazer uma barreira que evita o pólen de entrar no nariz e olhos. Ele pode ser aplicado direto no rosto ou na máscara de proteção, outro item de sobrevivência da febre do feno indispensável.
Além disso, você pode seguir as seguintes medidas:
- Não pendurar roupas para secar ao ar livre;
- Sacudir roupas antes de entrar em casa;
- Não trazer roupas que usou na rua dentro do quarto;
- Usar um limpador de ar portátil no quarto;
- Ter um umidificador portátil em dias secos;
- Usar produtos de farmácia que são úteis nos sintomas (spray nasal para limpeza e colírios).
- Em tempos de COVID-19, existem broches de febre do feno;
É verdade que em Hokkaido não tem febre do feno?
Na época do reflorestamento de cedro, as únicas localidades que não tiveram plantio de árvores foi Hokkaido e Okinawa.
No entanto, em Hokkaido, eles têm grandes quantidades de uma árvore chamada shirakaba. Plantadas para recuperar solo que sofria erosão, passaram a produzir pólen em grandes quantidades e os sintomas são os mesmos do kafunsho. O período de pico ocorre em maio.
Dicas de produtos para prevenir febre do feno
Alguns produtos encontrados em farmácias japonesas são bem úteis para sobreviver a temporada de pólen de cedro.
Bastão MoriLabo

Este produto cria uma barreira protetora fora da máscara, além de atuar como purificador de ar com aroma de pinheiro. O bastão deve ser passado no tecido.
Spray Ihada

O spray da marca Ihada pode ser aplicado direto no rosto para bloquear as partículas de pólen.
Promover imunidade através de hábitos saudáveis
Uma das recomendações é que a prática regular de exercícios físicos promove maior imunidade, além disso uma alimentação balanceada e rica em probióticos ajuda a combater e diminuir sintomas provocados pela inflamação.
Natto é uma preparação japonesa de soja fermentada que tem ação probiótica.
Origens
O primeiro relato ocorre em 1964, quando o médico Yozo Saito nascido em 1932 em Tokyo descobriu que grupos de pessoas estavam sofrendo de uma rinite alérgica causada pelo pólen do cedro ao fazer testes laboratoriais.
Antes da década de 60, ninguém sofria com isso no país. Ele documentou cientificamente e publicou um artigo que virou referência na área, sendo premiado pelos seus consequentes estudos sobre febre do feno em Tokyo pela Palynogical Society Japan nos anos 2000.
Agravamento em 1976
Os primeiros problemas com grandes volumes de pessoas sofrendo com febre do feno no Japão começaram a ocorrer em 1976.
Década de 80 vira problema social
Na década de 80 foi declarado problema social, devido ao crescimento em massa deste tipo de alergia, tanto em japoneses, quanto em estrangeiros residentes.
Grande problema no Japão
Com 70% da área coberta por floresta, das quais 40% foi plantada pelo homem, 18% é cedro e 10% cipreste (hinoki), que também causa alergia.
O pólen produzido pode ser levado por correntes de ar por até 100 km e vai parar nas grandes cidades.
Muito antes da plantação em massa de cedro para suprir a demanda por madeira para reconstrução das casas, na era Meiji o cedro também foi escolhido para ser plantado, pois cresce rápido.
É uma árvore nativa do Japão e sempre serviu de matéria-prima.

Prejuízo bilionário
Segundo uma reportagem da CNN, o kafunsho é algo que não apenas incomoda o bem-estar da população com sintomas incômodos, mas dá prejuízo para a economia.
O Instituto de Pequisa Dai-Ichi Life conduziu uma pesquisa em 2018 prevendo um déficit de 200 bilhões de ienes naquele ano. Enquanto isso, o lucro das indústrias farmacêuticas girou em torno de 20 bilhões de ienes em 2018, de acordo com a empresa de pesquisa médica Anterio.
As pessoas saem menos de casa, consequentemente diminuem o consumo, faltam no trabalho ou produzem menos. Além disso, a demanda interna pela madeira diminuiu nos últimos anos.
São $7 milhões gastos todos os anos para reflorestar com variedade que produz menos pólen, que é a atual medida adotada pelo governo.
Eles fazem um trabalho cobrindo 60 hectares desde 2006. Segundo Mamoru Ishigaki, só a área de Tokyo possui 30,000 hectares de árvores de cedro.
Empecilhos
A substituição é limitada, pois existe risco de deslizamento e possível inundação se a terra ficar muito pesada.
Além disso, mesmo que aumentasse o ritmo, levaria de um a dois mil anos para terminar tudo e bilhões de dólares de recurso.
Levará 700 anos para substituir os 4.5 milhões de hectares já plantados. Para chegar aos mesmos níveis de 1960 levará mais de 100 anos. 100 mil hectares estão em áreas de densidade populacional grande ao redor de Tokyo e Osaka.
O número cresceu em 28.2% apenas em 2006, representando 10% nos últimos 10 anos.
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