Um grupo de pesquisadores da Universidade de Osaka anunciou no dia 4 de abril, segunda-feira, o sucesso do primeiro transplante de córneas feitas de células tronco pluripotentes induzidas (induced pluripotente stem cell, iPS).
Entre julho de 2019 a dezembro de 2020, o departamento de oftalmologia da Universidade de Osaka liderado pelos professores Koji Nishida e Takeshi Soma, realizaram intervenções cirúrgicas em quatro pacientes com deficiência no tecido epitelial da córnea.

Um ano após a realização do transplante de tecido de córneas iPS, os quatro candidatos que têm entre 30 a 70 anos de ambos sexos não apresentaram sintomas de rejeição do tecido transplantado, efeito colateral nem células cancerígenas.
Embora nenhum dos transplantados seja completamente cego, todos tem a visão muito comprometida, mas a visão de três pacientes melhorou após o transplante. O estudo clínico deverá ser concluído em 2023, mas já é possível garantir a segurança do procedimento.
O que são iPS
Descobertas em ratos em 2006 por Kazutoshi Takahashi e desenvolvida por Shinya Yamanaka, vencedor do Prêmio Nobel de Fisiologia em 2012 com seu colega britânico John Bertrant Gurdon, iPS poderá revolucionar a medicina nos próximos anos.
Diferente das células tronco embrionárias e os seus debates éticos, as células tronco pluripotentes induzidas são simples de serem cultivadas, basta apenas o isolamento e a cultura celular do doador.

Há outros procedimentos técnicos intermediários que são relativamente simples aos pesquisadores e de difícil compreensão aos leigos. Mas após o cultivo, essas células tronco pluripotentes induzidas têm a capacidade de regenerar o tecido danificado.
O potencial terapêutico do iPS para diversas doenças e lesões é virtualmente ilimitada, a probabilidade de rejeição é muito pequena e a espera por um doador compatível é reduzida drasticamente.
Transplantes bem sucedidos
Os pesquisadores do departamento de oftalmologia da Universidade de Osaka realizaram o primeiro transplante com células de córneas feitas de iPS com um estudo clínico para comprovar a eficácia do método.
As células utilizadas no transplante foram cultivadas a partir de doadores. Após a cultura, os pesquisadores moldaram uma córnea com espessura de 0,03 a 0,05 milímetros, com o objetivo de que a córnea de iPS continuasse criando tecido epitelial.

O quadro clínico apresentado pelos pacientes submetidos foi, em regra, indivíduos em que a córnea deixou de ser cristalina e passou a ficar turva, opaca, levando assim a perda da visão.
Essa condição acontece geralmente por algum trauma físico sofrido, mas pode ter outras causas. “Este tratamento revolucionário poderá superar os desafios dos tratamentos tradicionais, a escassez de doadores e o problema da rejeição”, afirmou o professor e líder do projeto Koji Nishida.
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Estudo em andamento
Dois dos quatro participantes passaram por todo o procedimento sem a necessidade de se medicar com imunossupressores e todos os participantes reduziram a opacidade de suas córneas.
Dentro da escala optométrica japonesa, três dos quatro participantes apresentaram melhora indo de 0,04 para 0,3 após o transplante.

E ainda que o estudo seja concluído apenas em 2023, seu objetivo principal foi cumprido, demonstrar a segurança do procedimento.
Os pesquisadores da Universidade de Osaka deverão continuar acompanhando e monitorando o progresso dos participantes do estudo para ver como cada organismo se adapta ao tecido iPS.
Até o final do ano fiscal de 2021 (31 de março de 2022), aproximadamente 1.700 japoneses estavam na fila aguardando por um doador de córneas compatível.
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