A disseminação da tecnologia na sociedade criou novas formas de trabalho informal, entre as quais, as baseadas em projetos que são realizadas por freelancers. No entanto, com a pandemia de COVID-19, os freelancers no Japão viram suas rendas despencarem em 37%.
Uma pesquisa recente buscou dar luz a nova realidade econômica dos freelancers do Japão a partir da pandemia, e como ela dificultou esses profissionais de conseguirem fechar novos projetos.

O levantamento divulgado no dia 29 de março de 2022 foi realizado pela Freelancer Association Japan e ouviu 1.236 profissionais entre os meses de novembro e dezembro de 2021.
A pandemia de COVID-19 no Japão gerou um efeito cascata na economia e setores inteiros foram severamente afetados como a indústria do turismo e a economia que nela orbita, por exemplo, e isso refletiu negativamente nos prestadores de serviço freelancer.
Queda na renda anual
O Japão possui muitos problemas sociais, e apesar de ser a terceira potência econômica do mundo, parte significativa de sua população vive em situação de pobreza ou instabilidade econômica.
Os dados colhidos pela Freelancer Association Japan revelaram que 29% dos freelancers recebem JP¥ 2 milhões (US$ 16.414,16) anualmente ou mais, porém, menos que JP¥ 4 milhões (US$ 32.828,32).

A situação é alarmante para 22% dos entrevistados que recebem menos que JP¥ 2 milhões (US$ 16.414,16) anualmente. A OCDE estima que uma pessoa precise ganhar anualmente em torno US$ 23.458,00, cerca de JP¥ 2,86 milhões, é o custo de vida mais alto entre os países da organização.
Apenas 18% dos participantes informaram receber JP¥ 4 milhões (US$ 32.828,32) ou mais, mas não mais do que JP¥ 6 milhões (US$ 49.242,49). 37% dos profissionais da categoria viram suas rendas caírem a partir de 2020.

Mari Hirata, presidente da Freelancer Association Japan, comentou a situação durante a apresentação do relatório no Chuo Ward em Tokyo: “A renda vinda de clientes fixos reduziu em relação ao ano fiscal de 2019 e conhecer novas pessoas para conseguir novos projetos se tornou desafiador durante a pandemia”.
Serviços e aplicativos
A pesquisa também contemplou os entregadores de aplicativo. Foram ouvidas 13.844 pessoas incluindo aqueles que fazem e entregam comida por conta própria e pessoas sem vínculos a aplicativos como Uber Eats, mas que realizam entregas por conta também.
A maioria dos entregadores de aplicativos (53%) trabalham menos de 10 horas semanais, ou seja, um complemento de renda. Neste grupo, 39% disseram receber JP¥ 10 mil (US$ 82,07) ou mais, mas menos do que JP¥ 30 mil (US$ 246,21) por semana.

Entre os que fazem e entregam comida, 22% trabalham 20 horas ou mais, mas menos do que 40 horas por semana, outros 22% trabalham 40 horas semanais ou mais, mas menos do que 60 horas.
Nesse grupo, 30% (a maior parcela entre os entrevistados) disseram receber JP¥ 50 mil (US$ 410,35) ou mais, mas menos do que JP¥ 100 mil (US$ 820,71) por semana.
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Entre os 13.844 entrevistados, 42% disseram que começaram a vender e/ou entregar comida por causa da baixa renda, enquanto 21% disseram que viram suas economias diminuírem consideravelmente a partir da pandemia.
A classe de trabalhadores freelancers do Japão, de acordo com o Gabinete do Primeiro-Ministro, são em 3,4 milhões de profissionais. Além destes, cerca de 1,6 milhões de pessoas têm um trabalho extra para aumentar a renda.

Contudo, dependendo da definição do que é um trabalho freelancer, os números podem atingir a marca de 10 milhões de pessoas. Em geral, os freelancers de tempo integral representam 2,7% da força de trabalho.
Os maiores desafios enfrentados por esses profissionais no Japão é falta de respeito ou credibilidade, obter conta bancárias, se realocar no mercado de trabalho e a ausência de benefícios e proteções trabalhistas.
Fontes: The Mainichi Simbun, OCDE, Statista
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