Nesta sexta-feira, 18 de março, o Bank of Japan anunciou que sua política de flexibilização monetária se manterá em meio as incertezas da crise na Ucrânia e a baixa inflação no Japão, apesar da queda do iene.
Na contramão do FED estadunidense que aumentou sua taxa de juros básica em 0,25%, com o primeiro aumento desde 2018.
O Bank of Japan optou por deixar os juros a curto prazo negativo em 0,1% e os de longo prazo em zero.

Embora o iene tenha caído para seu valor mais baixo nos últimos seis anos, as empresas estão sendo capazes de obter lucros e repassar o aumento das commodities aos consumidores, em especial os combustíveis.
Mas as políticas do Bank of Japan estão sendo capazes de manter a inflação abaixo dos 2%, com exceção dos preços dos alimentos, os mais impactados pela inflação em todo o mundo.
Inflação pelas commodities
Em entrevista coletiva, o governador do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, afirmou que não há necessidade de revisão da política de flexibilização adotada para estimular a economia durante a pandemia.
Apesar das incertezas econômicas que a guerra na Europa causará nas economias, Kuroda lembra que a atual inflação no Japão não é fruto da moeda fraca, mas da volatidade do preço das commodities.

A inflação em janeiro de 2022 no Japão registrou aumento de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado, já nos EUA, a inflação de fevereiro foi 7,9% maior em relação ao mesmo período do ano passado, o maior aumento em quatro décadas.
O governador reconhece que a alta nos commodities é desfavorável ao Japão, mas manteve a posição de que o iene fraco favorecerá a economia e assegurou que o banco central do Japão manterá a política mesmo se a inflação passar dos 2% em abril.
Juros para controlar a inflação
Diferente do FED e do European Central Bank, o Bank of Japan está investindo e comprando títulos no mercado ao limite de JP¥ 12 trilhões (US$ 101 bilhões), zerando os juros dos títulos de 10 anos do governo e deixando os juros de curto prazo negativo.
A Teoria Monetária Moderna parece ter se adaptado muito bem a realidade japonesa com os estímulos e a injeção de trilhões de ienes na economia durante a pandemia de COVID-19 e manteve o controle dos preços.
Sobre os juros, Kuroda disse: “A normalização das políticas de juros nos Estados Unidos e da Europa tem com base sua situação de inflação é natural e importante para sustentar o crescimento. Isso não significa que precisamos segui-las e aumentar a nossa”.

O governador também se mostrou plenamente consciente de que a população entenderá, que é por causa da desvalorização do iene que os preços estão subindo no país, quando segundo Kuroda, a alta se dá pelo preço das commodities que são internacionais.
“É possível que os consumidores não vejam dessa forma e pensem que o iene mais fraco está impulsionando a inflação e que a pressão política cresça.”, disse Kuroda
Em suas previsões, o governador do Bank of Japan afastou qualquer possibilidade de estagflação (alta de preços constante, desemprego e baixo desempenho do PIB), estagnação econômica e inflação simultaneamente no Japão, Europa ou nos EUA.
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Reações do mercado
Após o anúncio da continuidade politica do Bank of Japan de juros e inflação abaixo de 2%, o iene perdeu ainda mais força e foi negociada a JP¥ 119,00.
Kuroda minimizou a queda e disse que era improvável que o iene fraco fosse a maior dor de cabeça da instituição.
A guerra na Ucrânia e as ainda desconhecidas consequências econômicas da guerra propriamente dita, crise de refugiados e das sanções impostas a Rússia pelas maiores economias do mundo (com exceção da China) são pontos de preocupação.

Contudo, espera com otimismo um bom desempenho econômico em abril com o fim das restrições do estado de quase-emergência no país e o retorno as atividades econômicas.
O desempenho econômico japonês no mês de abril será fundamental para determinar as estratégias e as políticas adotadas pelo Bank of Japan ao longo do ano fiscal de 2022.
Fontes: Kyodo News e Mainichi Shimbun
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