Por conta do sucesso de um mangá chamado Seiri-chan (Srta. Período), muitas mulheres passaram a compartilhar relatos relacionados aos seus períodos no Japão.

Além de abrir essa discussão, um filme estrelado por atores populares foi lançado em 2019 levantando mais atenção ao delicado tema.
Tabu vs desigualdade
Cercado por tabus e pouco discutido, a menstruação ganhou nuances econômicas revelando desigualdade social no Japão, realidade de jovens japonesas sem estabilidade no emprego e baixos salários.
Petição online

Uma petição online criada no site Change.org pede redução de taxas sobre produtos de higiene feminina, em especial os usados durante o período.
Até a publicação da reportagem pelo Mainichi Shimbun, a petição tinha coletado mais de 40.000 assinaturas.
Relatos desesperados revelaram situações precárias causadas por falta de dinheiro para arcar com custos com absorventes.
“Eu vivo sozinha e não tenho muito dinheiro, então quando estou no meu período, eu passo muita dificuldade financeira, física e mental.”
Mulher não identificada postou comentário em petição online do Change.org
A petição foi lançada em 2019 quando as taxas sob estes produtos aumentaram 10%, o que pesou no bolso dos japoneses que viviam no limite de suas finanças.
Quem começou a petição foi a voluntária Ayumi Taniguchi de 22 anos. Sua inspiração veio de sua tese para sua graduação na Universidade Internacional Cristã. Ela lançou a campanha #menstruation for everyone #menstruação para todas.
Peso no bolso
Ela entrevistou dez amigas e metade relatou sofrer com o preço destes produtos todos os meses.
A jovem ainda foi marcada por uma história de sua avó. Há 60 anos quando saiu do interior para a capital, ao final do mês, ela tinha que fazer uma escolha pela falta de dinheiro. Comprava absorventes ou pão para o café da manhã.
Não sobrava dinheiro para os dois. Taniguchi foi motivada pelo fato deste problema ainda ser recorrente nos dias de hoje.
No site, esse peso financeiro é mais detalhado. Se o custo mensal com esses produtos for de 1.000 ienes mensal incluindo a taxa de 10% a mais desde 2019, o custo passa de 500.000 ienes durante a vida.
Sem abertura
Além disso, ela conduziu uma pesquisa online com 200 mulheres e descobriu um problema relacionado a questões familiares.
As meninas não têm a liberdade de conversar sobre sua menstruação e muito menos pedir dinheiro para comprar absorventes.
O grupo se organizou no YouTube para espalhar informações e iniciar conversas com universitários para poder viabilizar distribuição desses produtos de graça nas instituições de ensino.
O grande desejo é fazer esses produtos serem livres de impostos para ficarem mais baratos.
Se isso acontecer no Japão, será mais um país a eliminar taxas visando eliminar essa questão para quem não tem dinheiro para comprar absorventes.
Canadá e Austrália retiraram as taxas e a Inglaterra comprou produtos de higiene sem os impostos para livrar a chamada pobreza do período onde mulheres não têm recursos financeiros para arcar com esse tipo de despesa.
Para contornar o problema, muitas usam materiais não adequados, como jornal, por exemplo.
Segundo a socióloga Hikaru Tanaka, esse problema poderia ser contornado com uso de pílulas anticoncepcionais para diminuir o fluxo, mas a falta de educação sexual é evidentes e informações importantes acabam não chegando a homens e mulheres, além de existir negligência.
0 comentário em “Mulheres japonesas relatam dificuldades e pedem redução de taxas sob produtos de higiene feminina”