Em 2021, Tokyo bateu recorde nos preços de imóveis de alto padrão em um possível efeito de bolha imobiliária japonesa em sua versão século XXI.
O setor da construção civil alimenta outros setores que a orbitam e dependem de sua manutenção, além de empregar uma massa de trabalhadores com pouca qualificação acadêmica, por isso é uma ferramenta muito útil para girar a roda econômica.

Um estudo realizado pelo Real Estate Economic Institute demonstrou que o preço mínimo de um apartamento de luxo na capital japonesa custa hoje JP¥ 62,60 milhões (US$ 545.491,02), em 1990 durante a bolha de ativos custava JP¥ 61,23 milhões (US$ 533.552,95).
Os preços dos imóveis em Tokyo tiveram em média um aumento de 7,5% por unidade. A prefeitura de Saitama também registrou um aumento de 5,2%, Kanagawa registrou queda de 3,1% e Chiba recuou em 1,4%.
Aumento da oferta imobiliária japonesa
Apesar dos altos preços, a oferta de imóveis de luxo também disparou. O ano fiscal de 2021 registrou 33.636 unidades a venda, um aumento de 23,5% em relação ao ano anterior.
Embora a pandemia tenha desacelerado a economia mundial, o setor imobiliário de luxo teve um boom na maioria dos países (incluindo o Brasil) por causa da redução das taxas de juros realizadas pelos bancos centrais para estimular e economia durante a pandemia.

Enquanto os bancos centrais dos EUA e Europa começam a normalizar suas taxas de juros, o Banco do Japão informou que manterá sua política monetária para tentar manter a inflação até os 2%.
Com a alta do trabalho remoto, as vendas de imóveis de alto padrão segue aquecido. Também não há previsões de uma eventual queda média nos preços dos produtos imobiliários.
Aumento dos preços
Um funcionário da Real Estate Economic Institute informou que: “Houve um aumento contínuo nos custos de construção no Japão desde 2013 quando o país se preparava para receber os Jogos Olímpicos de Tokyo”.

De acordo com o funcionário, apesar de empregar muito, o envelhecimento da população gerou um déficit na mão de obra na construção civil bem como a flutuação nos preços de materiais de construção.
Há um aumento significativo de condomínios de alto padrão e propriedades de luxo na Região Metropolitana de Tokyo, uma espécie de ilha de riqueza, um movimento que vem se repetindo mundo afora.
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Década perdida, crise imobiliária de 2008 e Evergrande
Olhar para o passado econômico recente do mundo leva a dúvidas quanto ao futuro da economia japonesa, em meio a mais uma bolha imobiliário e em um contexto de alto endividamento público.
Nunca é demais recordar que a crise financeira de 2008 (o qual o mundo até hoje não foi capaz de se recuperar plenamente) teve início com a bolha imobiliária.
Quando estourou arrastou bancos e outras empresas do setor financeiro para junto de si.

O caso mais grave da década de 20 do século XXI é a incorporadora chinesa Evergrande que está com uma dívida de US$ 300 bilhões, teve de demolir uma série de edifícios, não foi capaz de vender muitos produtos e prejudicou empresas que orbitam sua esfera de atuação.
Já houveram problemas com imóveis desenvolvidos para os Jogos Olímpicos de Tokyo e alguns processos já ocorrem nas cortes do país e não é possível crescer tanto assim por muito tempo. Há antecedentes, caberá aos técnicos do governo regularem para evitar outra década perdida.
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