Overturismo no Japão

Overturismo no Japão: Kanko Kogai e como o país tenta resolver

O overturismo no Japão é uma consequência que está sendo discutida, já que o turismo bem redirecionado revitaliza e salva vilas. Saiba mais.

Se por um lado, o turismo é uma solução que alavanca a economia, o overturismo no Japão é uma consequência do aumento de massas em locais específicos fazendo com que surjam problemas. Continue lendo e saiba mais.

Overturismo no Japão – Kanko Kogai

Já faz um tempo que o Japão aplica medidas para que o turismo seja uma fonte para estabelecer a economia no país.

Antes da pandemia de COVID-19 ocorrer, eles estavam a todo vapor e já enfrentavam naquela época problemas de overturismo que está sendo chamado de Kanko Kogai, poluição turística.

Os locais turísticos estavam enfrentando multidões que acabavam atrapalhando a vida de residentes que enfrentam filas no transporte público, como falta de privacidade, entre outros.

As multidões do Monte Fuji

Monte Fuji lotado, característica do overturismo no Japão
Monte Fuji é local disputado por turistas

Por exemplo, o Monte Fuji um local disputado pela sua beleza e pelas trilhas de escalada. Centenas de pessoas escolhem o local de destino em sua viagem.

Yasuyoshi Okada, presidente da ICOMOS Japan contou para a reportagem do CNN que o Monte Fuji é um local que aspira a sacralidade, por isso devem ser feitas medidas para combater o overturismo.

Incômodos e transtornos

A montanha fica abarrotada e isso causa maiores incidências de incômodos e transtornos. Os banheiros que existem no local não comportam a quantidade de pessoas.

Além disso, falta de postos médicos é um problema a ser resolvido, junto com o congestionamento de pessoas.

A alta concentração de multidões têm atrapalhado a visão do pôr do sol, uma experiência muito procurada.

Atualmente, leva quatro horas para subir o Monte Fuji e chegar ao ponto em que é possível admirar o entardecer com vista boa. Antigamente este percurso levava duas horas.

A alta procura também causa dificuldades em se fazer reservas para quem quiser escalar o Monte Fuji.

Enfrentar multidões vale a pena

Vista aérea do Monte Fuji mostra seu esplendor
Vista aérea do Monte Fuji mostra seu esplendor disputado por turistas

Um turista de Hong Kong chamado Vito Fung Yiu Ting contou que fez uma reserva três meses adiantado antes. Ainda afirmou que foi sortudo por conseguir e que já sabia que o local estaria lotado, mas que a experiência vale a pena.

Desafio perigoso

O risco de hipotermia e doenças está alta, já que os turistas estão seguindo um desafio em que as pessoas se propõem a escalar o Monte Fuji o mais rápido possível.

Elas começam sua escalada de noite e seguem de madrugada sem se hospedar nos pontos de parada. Desta forma, elas não tem tempo de aclimatizar o corpo da pressão atmosférica e isso causa hipotermia ou elas caem doentes.

Além disso, elas têm comportamentos inadequados e errados como acampar em locais proibidos, como abandonam seus equipamentos.

Possíveis soluções

O controle de pessoas poderá ser feito ao emitir ingressos de trem para que os horários de entrada e saída sejam estabelecidos.

Proteção, segurança e limpeza

Estuda-se também que sejam organizadas pequenas aulas para as pessoas aprenderem sobre o Monte Fuji e saibam escalar a montanha com segurança.

Algumas medidas também estão sendo tomadas para proteger e limpar a montanha. O Fujisan Club coletou 850 toneladas de lixo entre 2004 e 2018.

Limite de pessoas

Para melhorar a experiência das pessoas, os oficiais também limitaram o número de pessoas para 4,000 por dia.

Além disso, eles estão estudando estabelecer um sistema em que as pessoas possam reservar um lugar nos pontos de parada e lá recebam autorização para subir.

Outra possibilidade será construir um sistema de transporte no topo do Fuji Subaru Line Road e prevenir que carros e ônibus saiam de rotas além da quinta estação de parada.

Medidas oficiais do governo japonês

Ministros se reuniram na quarta-feira por conta do overturismo no Japão, segundo informações do Japan Times. O primeiro-ministro Fumio Kishida contou para a mídia ao final de agosto que medidas para evitar os impactos negativos do turismo em moradores locais estão sendo pensados pelo governo.

O turismo internacional já quase chegou a níveis vistos antes da pandemia, de acordo com o Japan Tourism Agency.

Em julho foram registrados 2.3 milhões de estrangeiros foram ao Japão totalizando 78% do que era registrado em comparação com 2019.

Ruas perto do templo Kyomizudera em Kyoto lotada de turistas estrangeiros
Ruas perto do templo Kyomizudera em Kyoto lotada de turistas estrangeiros

Por enquanto é um número pequeno e não inclui os turistas vindos da China, que antes perfaziam os maiores números. Acontece que o país acabou de levantar uma restrição que não permitia grandes grupos no país em agosto.

Isso mostra uma rápida recuperação da área, segundo Kenji Hamamoto, diretor da seção de Experiência dos Visitantes da Agência de Turismo no Japão.

Enquanto os pontos turísticos mais populares estão ganhando mais visitas novamente, uma preocupação com overturismo também surge com o aumento de aglomerações.

Filas

Isso inclui formação de longas filas no transporte público, invasão de propriedade privada para tirar fotos causando incômodo entre os locais.

Turismo é importante

Por isso, estas medidas são importantes, já que o turismo é importante para a recuperação da economia do país. Locais e turistas devem sair satisfeitos de suas experiências.

Ministérios discutirão soluções em conjunto

As medidas serão ainda pensadas com inclusão do Ministério do Meio-Ambiente, Agências Digitais e a Polícia Nacional, entre outros.

O governo e os municípios já tomaram medidas para combater o overturismo no Japão e as novas medidas acelerarão o que já foi feito.

Eles não serão postos em ação apenas nos locais mais disputados como Tokyo, Osaka e Kyoto, mas também em locais de cidades pequenas, vilas e ilhas que acabaram ganhando atenção de turistas estrangeiros e não possuem infraestrutura para receber tanta gente.

Limite em Okinawa

Em Okinawa a ilha Irimote estabeleceu um limite diário de turistas de 1,200 pessoas considerando que o local abrigue apenas 2,500 residentes, que estava recebendo mais de 300,000 visitas antes de 2019.

As consequências do overturismo tinha impacto ambiental, já que a ilha possui uma diversidade incrível, mas delicada de fauna e flora. Segundo a prefeitura de Okinawa o limite total será de 330,000 pessoas.

Turismo responsável

Além de estabelecer limites, eles começarão a fazer um trabalho de divulgação de um turismo responsável.

Como o turismo é importante para o Japão, eles estão tomando medidas para gerenciar estes problemas, já que o objetivo não é afastar as pessoas.

Na cidade de Biei em Hokkaido para evitar impactos ambientais negativos estão sendo colocadas placas em locais para as pessoas saibam onde tirar fotos sem entrar em locais indevidos.

Em Okinawa na vila de Onna um local popular de mergulho chamada Cape Maeda estava tendo seus corais prejudicados pelas mais de 500,000 visitas anuais.

Eles estão estudando estabelecer limites de mergulhadores, mas por enquanto o tema está sendo discutido com as lojas que operam na região.

Chiho-sosei, solução revitalizadora

Turismo em Chugoku
Chugoku

A alta concentração de turistas estrangeiros em locais específicos é um problema que pode ser combatido com a ajuda de guias locais que direcionem as pessoas para outros menos conhecidos e que enchem menos.

Direcionar pessoas para regiões desconhecidas

Alguns defendem que chiho-sosei é uma forma de direcionar as pessoas para promover uma revitalização econômica para salvar pequenas vilas.

Segundo reportagem do AlJazeera, a organização Walk Japan lançou o programa para revigorar duas vilas na península de Kunisaki.

Turismo revitaliza pequenas vilas

Por isso, eles conduzem grupos turísticos na região para direcionar verba para reconstrução de prédios antigos, como prover educação em inglês para crianças e ajudar agricultores de cogumelo shiitake e arroz.

No caso destes locais o turismo é uma fonte bem-vinda que não tem impactos do overturismo causando um efeito de rejuvenescimento.

Com o suporte correto, as pequenas comunidades japonesas possuem o interesse de proporcionar melhores experiências para os turistas mostrando sua hospitalidade, mostrar os estilos de vida locais e ensinar sobre suas culturas.

Sem multidões, a qualidade de vida dos locais residentes é preservada causando um ciclo que todos ganham.

Ainda segundo o chefe consultante de turismo e viagens da Gotoku chamado Alex Bradshaw, mesmo que a pequena vila não seja salva, o fato dela ter sido experienciada por alguém é bastante significativo no quesito de interações humanas.

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