Os microapartamentos no Japão são empreendimentos imobiliários que surgiram para suprir as necessidades de um público ávido por moradia barata e bem localizada para quem tem o orçamento limitado.
Com locações minúsculas e funcionais, estes espaços estão aparecendo pela maior cidade do mundo em contrapartida dos apartamentos kitnet, popularmente chamados de studio, que são maiores. No Japão, este último tipo são conhecidos como 1K.
Tamanho dos microapartamentos no Japão
Geralmente com metade do tamanho de uma kitnet, o micro ap do Japão possui teto alto de 4 metros para embutir um pequeno segundo andar no estilo sótão para colocar a cama apenas.

Já a parte debaixo possui cinco metros ao total é equipado com pequena pia com espaço para 1 cooktop de uma boca, cômodo com privada, área com chuveiro separado e um local para uma colocar máquina de lavar, geladeira e uma mesa de escritório fazendo no máximo 9 metros quadrados ao total.

Internet de graça e facilidades
Como atrativo, o acesso à internet é de graça, possui ar-condicionado e não precisa de dinheiro da chave ou gratificação, facilitando a mudança e acelerando processos.
Quanto custa um microapartamento no Japão?
O aluguel de um microapartamento no Japão é bem acessível e varia entre U$340* e U$ 630* o mês, localizados em áreas centrais de Tokyo onde os apartamentos costumam ter valores altos, pois tem grande concentração de lojas de luxo, cafés e restaurantes.
Um apartamento 1K mobiliado em Tokyo perto do metrô Yukigaya-Otsuka estava sendo anunciado a US$ 583,27* (85,000 ienes) sem incluir as taxas. Apenas para ter ideia do comparativo de preço. Eles costumam ser antigos e não são modernos.
*Valores das imobiliárias japonesas de 2022
Diferença entre microapartamento e 1K (kitnet)
Os imóveis 1K tem o dobro do tamanho dos microapartamentos cabendo seis tatamis ao todo. Abrigam cozinha completa, sala, banheiro com chuveiro e pequeno ofurô no mesmo cômodo.
Banheiro
Um dos grandes diferenciais entre os dois tipos de imóveis fica por conta do banheiro. Nos microapartamentos, a privada fica separada da área do chuveiro sem ofurô.
No apartamento 1K o mesmo cômodo abriga sanitário com privada acoplada e pequena banheira com chuveiro.
Sensação de amplitude

O local onde fica a cama em uma espécie de balconet superior, acaba dando uma sensação de que o espaço é maior.

Paredes reforçadas
As paredes dos apartamentos da imobiliária líder no mercado Spilytus colocou camadas de fibra de vidro e insulação termal colocadas entre paredes duplas.
Ainda assim, de acordo com relatos há vazamento de ruídos na parte de cima da cama onde fica próxima ao teto.
Entrada para três pares de sapatos
Nos apartamentos japoneses é comum ter uma área de nível inferior onde ficam os sapatos usados fora de casa.
É comum trocar os calçados por chinelos ou estar descalço dentro. Os microapartamentos no Japão tem um pequeno espaço na entrada e que cabem apenas três pares de sapato, suficiente para quem mora só.
Quem aluga os microapartamentos no Japão
São pessoas na casa dos 20 anos em sua maioria que acabaram de se formar ou estão na jornada acadêmica e fazem parte de uma classe que ainda não se estabeleceu financeiramente, mas quer sair da casa dos pais e buscar independência.

A maioria passa o dia todo fora por causa do trabalho, estudos e lazer. A premissa de um bom microapartamento, além do espaço pequeno fica por conta da vantagem da localização em áreas valorizadas com média de preço de 100.000 ienes o aluguel.
Estar perto de transporte público em áreas valorizadas pagando barato é bom e cômodo. Este mesmo aspecto também atrai pessoas na casa dos 30 anos, que não querem ficar muito tempo no trajeto até o trabalho.
Além disso, os jovens se veem obrigados a pensar de forma sustentável sobre suas coisas e por isso se tornam mais conscientes ao comprar coisas e guardar.
Isso se torna um ponto positivo para uma geração que valoriza novas formas de consumo em um país que se comprometeu a diminuir a emissão de carbono.

Motivos comuns: preço acessível e localização
Basicamente é pela falta de dinheiro, busca de um modo de vida simples sem acúmulo de pertences e estar perto do metrô em áreas privilegiadas são apenas alguns dos motivos que levam pessoas a morarem em menos de 10 metros quadrados.
Neste espaço cabem três tatamis tradicionais e normalmente seria o suficiente para preencher um quarto de dormir, mas que acaba compondo o espaço total do microapartamento no Japão. Cada tatami possui 1.62 metros quadrados para ter ideia.
Asumi Fujiwara, 29 anos, contou para a reportagem do Japan Today que seu local de moradia é seu espaço privado e suficiente para suprir suas necessidades atuais.
Ela trabalha em um escritório de um time de baseball profissional e chega tarde em casa apenas para descansar e dormir.
Além disso, se falta espaços para móveis, os micros apês do Japão se tornam quadros brancos para ganhar decoração e refletir a personalidade de cada um.
Tamanho não importa

Uma residente há três anos em um microapartamento no Japão contou para o Nippon que eles são muito pequenos, mas que sua vida é tão ocupada e mal fica em casa. Usa apenas para dormir, então o tamanho não importa.
Spilytus é precursora no Japão
A imobiliária japonesa Spilytus tem 1,500 apartamentos espalhados em Shinjuku, Ebisu e Meguro. A taxa de ocupação fica em 98% e tem até fila de espera.
Desde 2015, a empresa oferece apartamentos micro após o presidente Keisuke Nakama, 35 anos, ter enfrentado problemas em achar uma moradia moderna, com preço bom e bem localizado quando precisou.
Empreendedor jovem ficava o dia todo fora e não achou um espaço adequado com estas características no Japão.
Desde então, em pouco mais de seis anos construiu 100 prédios com planos de expansão, já que a demanda apenas cresce.
Eles acham empresários que desejam comprar as unidades para alugar. Além da construção, eles ficam responsáveis na ajuda pelo gerenciamento dos locais.

O aluguel é barato, mas os donos ganham na quantidade, já que é possível construir mais por conta dos tamanhos pequenos.
Quanto ganha um jovem no Japão?
De acordo com dados do governo, japoneses na faixa dos 20 anos ganham em média US$ 17,000 a US$ 20,000 anuais, o que não comporta o aluguel de um apartamento tradicional com mais cômodos.
O microapartamento mais barato custa US$ 4.080 anuais e cabe no orçamento para quem ganha pouco e não possui experiência.
Além de faltar dinheiro para o aluguel, carece verba para lidar com as taxas pedidas e todas as despesas de um apartamento tradicional.
Quem dispõe de apartamentos mais espaçosos nas grandes cidades costuma pedir um depósito de três alugueis adiantados, além de taxa de seguro (para possíveis prejuízos), taxa das chaves e uma outra taxa de agradecimento, uma espécie de presente e garantia.
A “taxa de presente” que representa agradecimento é um costume estabelecido após o grande terremoto de kanto onde o mercado imobiliário não conseguia suprir a demanda de pessoas que precisavam de um local para morar.
Como garantia se dava um valor que cobria a oferta garantindo que o locatário reservaria o apartamento até a pessoa se mudar, devido a grande concorrência. Esta taxa permanece até os dias atuais.
Formando novos hábitos
A falta de espaço além de criar formas novas de consumo sustentáveis, também está moldando hábitos e jeitos de se relacionar das novas gerações.
Sem possibilidade de receber amigos e familiares em casa, os momentos de confraternização é passado para locais públicos e com serviços para garantir alimentação e acolhimento.
Restaurantes, cafés, praças, parques e espaços públicos fazem a vez. Fujiwara, por exemplo, nunca recebeu seu namorado em casa em dois anos de relacionamento.
A tendência é ter jovens e pessoas mais velhas morando sozinhas e por isso preferindo espaços compactos e econômicos, que não comportam visitas. Mas, isto acaba não sendo considerado um problema. No Japão, os estabelecimentos costumam suprir as necessidades.
Comida fora de casa
Elas comem fora em estabelecimentos comerciais ou optam por refeições prontas (obentôs) de lojas de conveniência. Por isso, ter uma cozinha completa deixa de ser necessário.
Relaxar em sentô
Além disso, no Japão é comum ter casas de banho pública conhecidas como sentô. Nestes locais a preços bem acessíveis é possível realizar higiene completa e relaxar com água quente para quem sentir falta da banheira.
O ato de mergulhar em água é algo comum da cultura e propagado dentro das casas comuns.
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Buscam por um apartamento moderno
A maioria dos apartamentos 1K são antigos, por isso a aparência não é jovial e nada convidativa para universitários e pessoas começando no mercado de trabalho.
Já os microapartamentos são construções novas com aparência moderna e são moldados, de acordo com a personalidade de cada um com móveis e decoração.

Outra mudança de comportamento é a falta de televisão dentro dos micro apês do Japão. Embora uma parcela acomode uma tela, a maioria escolhe por usar apenas o smartphone ou computador para assistir coisas, segundo uma reportagem do Nippon.
Redução de consumo de alimentos em casa
Alguns locatários até optam por não ter geladeira e fazem todas as suas refeições fora de casa. Alimentos prontos são bem fáceis e comuns de serem encontrados em lojas de conveniência e supermercados. Achar restaurantes baratos também é comum.
Namoro no motel
Antes dos microapartamentos, os japoneses já tinham problemas de privacidade com as kitnets e os apartamentos convencionais, pois as paredes são bem finas. Por isso, é comum ter moteis variados e com qualidade que são usados para namorar.
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