Estudantes japoneses do ensino fundamental e médio publicaram um estudo desmistificando lendas locais de que sanguessugas caiam de árvores. Foram cerca de dez anos de pesquisa em campo até a compilação do trabalho.
O livro intitulado Hiru wa Ki kara Ochite Konai (Sanguessugas não caem das árvores) foi publicado pela Yama-Kei Publishers Co. Ltds, uma subsidiária da Impress Holdings Inc. (9479.T) e recebeu críticas positivas do público.

O projeto nasceu quando Dairyo Higuchi, professor de 75 anos, passou a ministrar aulas e experiências em meio a natureza da cidade Inabe, prefeitura de Mie com um grupo de estudantes chamado Kodomo Yamabiru Kenkyu-kai.
O grupo Kodomo Yamabiru Kenkyu-kai (grupo de estudo sobre sanguessugas terrestres para crianças) começou a pesquisar as sanguessugas no meio ambiente a partir de 2015 para confirmar ou negar um mito popular sobre esses curiosos seres vivos.
Kodomo Yamabiru Kenkyu-kai
O grupo de estudo do professor Dairyo Higuchi se reunia (e segue se reunindo) em Inabe para discutir e debater fenômenos e enigmas ecológicos, e entre eles, a lenda de que sanguessugas caíam de árvores.

Dairyo realizou um trabalho de conexão e aproximação entre esses jovens e esse ser vivo considerado ‘nojento’. Mas depois das conversas e observações, as sanguessugas passaram a ser vistas com outros olhos.
Esse trabalho de aproximação e respeito entre os estudantes e as sanguessugas acabou transformando o professor no coordenador do grupo.
Sanguessugas não caem das árvores
Há um mito de que sanguessugas se prendem nas árvores, mas quando um ser vivo grande o suficiente para ser uma fonte de alimentação passa por debaixo, elas se soltam e caem em cima.
A crença popular no Japão e em muitos outros países ditava que estes seres possuem sensores que são ativados com a presença do hospedeiro. Contudo, não havia registros de que realmente alguém tenha visto algo dessa natureza.

Existia até uma lenda de pessoas que foram pegas por sanguessugas na nuca e no pescoço enquanto passavam embaixo de uma árvore.
Então, o grupo colocou este mito a prova e publicou suas observações em campo.
Durante os três primeiros anos, quanto mais respostas eram encontradas, mais perguntas surgiam.
Observações em todos os tipos de clima e ambiente natural foram realizadas, mas não houve nenhuma confirmação de que sanguessugas caíssem de árvores.
Observações empíricas
Ao longo da pesquisa, os jovens que participaram do experimento colocaram uma espécie de lona azul embaixo das árvores para contar quantas sanguessugas supostamente cairiam, mas independente do clima, nenhuma caiu.
Para confirmar a observação, uma pessoa do grupo se ofereceu como voluntário para servir de isca. Entre os que aguardavam pacientemente por uma evidência estava um jovem do segundo ano do ensino médio chamado Yuta Usuni.

Yuta está no grupo há cinco anos e nunca viu ou tocou em uma sanguessuga antes, mas foi atraído pelo grupo por achar divertido ser capaz de encontrar respostas por si mesmo.
Após anos de pesquisa em campo, o grupo finalmente colocou um ponto final em um mito de forma científica. O Kodomo Yamabiru Kenkyu-kai também está tentando comprovar se cervos são propagadores de sanguessugas.
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Da internet para o mundo físico
Dairyo conta que achava que após três anos, não teriam mais tópicos para trabalhar, mas as perguntas continuavam surgindo. Após compilar todo o trabalho realizado pelos jovens, o professor Higuchi publicou o artigo em um grupo de pesquisadores.
O resultado impressionou o público online, o que levou o trabalho ser impresso pela Yama-Kei Publishers Co. Ltd.
O professor espera que o trabalho de seu grupo possa estimular mais jovens a realizarem pesquisa de campo.

Agora, o Kodomo Yamabiru Kenkyu-kai tem como prioridade o estudo da desova das sanguessugas. Riku Shimizu, integrante do grupo e estudante do segundo ano do ensino médio não vê a hora de fotografar o momento em que elas estiverem botando seus ovos.
Seu próximo campo de estudo será aos pés do Monte Suzuka. Um acampamento de dois dias coletará mais dados sobre as sanguessugas e seu processo de reprodução. Por hora, o trabalho dos jovens não está disponível nos buscadores do Brasil.
Fonte: Mainichi Shimbun
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