Há uma corrida no mundo para a mudança para a economia verde, países estão remoldando suas políticas energéticas para se adequarem as novas práticas ambientais. A aposta do Japão é conseguir fornecer energia de fusão nuclear a partir da década de 40 do século XXI.
O uso da fusão nuclear para a geração de energia limpa é, inevitavelmente, a nova geração de usinas nucleares aos seletos países detentores dessa poderosa ferramenta tecnológica.

Contudo, o governo enfrentará uma forte oposição na sociedade japonesa para a construção de novas usinas nucleares dado o desastre atômico em Fukushima Daiichi após os tsunamis causados pelo terremoto de MW 9.1.
Mas, por causa da emergência climática, as conversações entre nações sobre energia a partir de fusões nucleares foram o tema central dos encontros de discussão da UNFCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima).
As diferenças entre fusão e fissão
As usinas nucleares existentes trabalham com a geração de energia a partir de fissão nuclear, isto é, a quebra do núcleo de um átomo instável e pesado em dois núcleos mais estáveis e leves que o original bombardeado por nêutrons.

Já a fusão nuclear, processo que acontece dentro no Sol, é justamente o processo inverso: ocorre quando dois núcleos se juntam para formar uma unidade maior e mais pesada que seus estados anteriores.
Estimativas da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica) apontam que a fusão nuclear pode gerar terajoules de energia, quantidade suficiente para suprir 60 anos na vida de uma pessoa em um país desenvolvido com poucas gramas de deutério e trítio.

E para além da geração de energia limpa, esses dois elementos químicos necessários para abastecer um reator de fusão nuclear tem um custo baixíssimo e podem ser encontrados em qualquer lugar.
Além disso, o processo em que os deutério e trítios são submetidos não gera altas concentrações de radiação (Röntgen) nem lixo nuclear.
Mais seguras que energia por fissão nuclear
Energia nuclear é um tema polêmico que divide opiniões. A desconfiança coletiva – e razoável – em relação a geração desse tipo de energia se dá pelos desastres de Chernobyl em 26 de abril de 1986 e de Fukushima Daiichi em 11 de março de 2011.

Contudo, especialistas afirmam que a fusão nuclear é um processo completamente seguro. A fissão nuclear precisa ser controlada para que as reações em cadeia não causem um acidente, a fusão nuclear é interrompida caso o combustível acabe ou aconteça uma falha.
Mesmo com o diagnóstico de especialistas, será um caminho difícil para o Japão conseguir convencer a sociedade a aceitar que o país continue explorando a tecnologia nuclear depois de 2011.
Revolução tecnológica
Apesar de todo o ceticismo e temor da sociedade relação a energia nuclear, ela já é uma realidade sendo desenvolvida em conjunto no projeto conhecido como ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor).
São 35 países membros do consórcio do projeto que está sendo desenvolvido na França e conta com a presença de Japão, Coreia do Sul, China, Rússia, União Europeia e EUA. O Brasil ficou de fora da inciativa.

No Japão, o JT-60SA, projeto de reator nuclear celebrado entre Japão e UE está em fase de experiência. Há um intercâmbio entre os dois projetos, o JT-60SA irá auxiliar o ITER desde novembro de 2020.
Não há outro caminho tão promissor que possa auxiliar a humanidade nesse momento de emergência climática dada as dificuldades inerentes a geração de energia eólica e solar, e usinas nucleares tradicionais geram um lixo radioativo intratável.
Japão na vanguarda
Satoshi Konishi professor do Instituto de Energia Avançada da Kyoto University é categórico ao afirmar que já existe uma corrida e que o Japão não ficar de fora. “Mudanças de fontes de energia primária geralmente chegam muito tempo depois da inovação tecnológica”.
A fala do professor remete ao recorte histórico da era do petróleo, a capacidade para realmente perfura-lo e processa-lo chegou muitas décadas depois de seu descobrimento, com a fusão nuclear será parecido.

“Já estamos travando uma batalha crucial para ganhar fortalezas na linha de frente da tecnologia de energia de fusão”, informou o professor prevendo que o uso comercial no país deverá acontecer entre 2040 e 2050.
Já há iniciativas no Japão para financiar startups de energia com o suporte do estado e da academia já prevendo a necessidade do mercado global pelos equipamentos dessa tecnologia, um gigantesco mercado governamental de infraestrutura.
Por isso, o projeto JT-60SA é muito importante para demonstrar a capacidade do Japão em criar e desenvolver reatores até chegar ao ponto de produzir em escala comercial.
Advertências
Apesar de todas as possíveis virtudes e eventuais seguranças que a energia de fusão pode proporcionar, o professor associado do Instituto Nacional de Tecnologia da Kushiro College, Makoto Nakamura lembra que não existe nada 100% seguro.

O professor Nakamura também lembra do trauma dos japoneses em relação a questões nucelares (Hiroshima, Nagasaki e Fukushima), e apesar de mais segura, o trítio é um elemento potencialmente perigoso.
Também disse em entrevista só será possível levar a sociedade para esse caminho se acabarem os mitos de segurança infalível e dizer os reais riscos e benefícios para a sociedade, ser transparente e abrir o debate público.
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