Nos últimos anos, o Japão – e muitos países do mundo – enfrenta uma séria crise de natalidade e do envelhecimento da sociedade. Dados divulgados nesta quarta-feira (26) revelam que o número de gestantes no país recuou 4,8% em 2020.
A situação é particularmente mais difícil dado o momento em que a humanidade vive: a pandemia do coronavírus SARS-CoV-2. De acordo com dados apresentados pelos municípios japoneses, em 2020 existiam 872.227 mulheres grávidas.

O cenário projetado para 2021 não é muito mais animador do que o ano de 2020. Especialistas apontam que em 2021 os números de gestantes em todo o país deverão ser inferiores a 800 mil, algo inédito na história japonesa.
Queda sistemática agravada
Em 2019 o Japão registrou 1.381.093 óbitos. Lamentavelmente, a quantidade de novos nascimentos foi de aproximadamente 865 mil, arredondando os números, o déficit populacional do Japão em 2019 foi de 516 mil pessoas.
É importante frisar de que o número divulgado pelos municípios do Japão foi sobre a quantidade de gestantes, não o número de recém nascidos. Ou seja, mulheres que ficaram grávidas a partir do mês 3 (março) só terão seus filhos em janeiro do ano seguinte.

Com a pandemia, foi justamente o mês de março que apresentou o melhor resultado no número de gestantes. O pior mês de 2020 foi maio com retração de 17,6%.
A expectativa é que em 2020 as gestações caiam 76.985 em relação a 2020 baseado na projeção da queda de 7,1% registrada em janeiro.
Pandemia, previdência e emprego
Desde a retomada econômica japonesa da década perdida (duas décadas de acordo com especialistas), a quantidade de empregos regulares diminuiu drasticamente ao passo que trabalhos irregulares e temporários cresceram.
Com a instabilidade financeira e trabalhista, o número de nascimentos vem declinando significativamente, afinal, com a tímida inserção feminina no mercado de trabalho a partir dos anos 2000, o número de casamentos vem caindo no Japão.

Consequentemente, o número de nascimentos também vem caindo significativamente. Muitos japoneses estão mais focados na vida profissional do que na vida afetiva, algo que aumenta o problema do país.
O envelhecimento da população gera problemas de arrecadação e previdência uma vez que há cada vez menos pessoas aptas para o mercado de trabalho que paguem a conta daqueles que já contribuíram para o país.
Para além, ainda não se sabe exatamente quais são os reais efeitos da pandemia na economia. Sabe-se que a dívida pública japonesa chegou aos JP¥ 1.2 quadrilhão. E apesar dela (dívida) ser em moeda nacional, a crise econômica já é sentida por parte significativa da população.
Futuro incerto
Os números não são promissores para o Japão. Aproximadamente 15,7% da população vive na pobreza, isso significa praticamente 20 milhões de japoneses. Mas esses dados refletem apenas os que se classificam como pobres.

Há também aqueles com trabalhos temporários e os que ficaram sem fontes de renda por causa da pandemia com o fechamento definitivo de muitos comércios, especialmente no setor de bares e restaurantes.
Sem uma guinada nas relações trabalhistas que assegure estabilidade profissional e financeira, dificilmente o Japão reverterá a tendência que o país está seguindo, ainda mais pelo peso da dívida que cairá sobre os ombros da população.
0 comentário em “Japão registra queda de gestantes em 2020 com menos 4,8%”