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Japão realizará pesquisa para identificar e apoiar ‘jovens cuidadores’

Para dar suporte a jovens que precisam dividir seu tempo, foco e atenção entre a vida escolar, social e as obrigações familiares, o Japão realizará uma pesquisa nacional para identificá-los e dar suporte. Saiba mais

Ao longo do ano letivo de 2021 no Japão (1° de abril a 1° de março) o governo central deverá fazer uma pesquisa junto com o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar e o Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia para identificar jovens cuidadores.

Apesar de ser a 3ª maior economia do mundo, 15,7% da população é considerada pobre, ou seja, aproximadamente 21 milhões de pessoas. Entre essa população, 10 milhões vivem com menos de U$ 19 mil anuais e um entre seis japoneses vivem na relativa pobreza.

Estima-se que 6% dos alunos do segundo ano do ensino médio no Japão são jovens cuidadores
Estima-se que 6% dos alunos do segundo ano do ensino médio no Japão são jovens cuidadores

Entre os jovens a situação é ainda mais crítica. De acordo com os dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma em cada sete crianças/adolescentes japonesas se encontram na linha da pobreza.

É normalmente nessa população pobre em que a figura do jovem cuidador é mais comum. Alguns precisam cuidar de seus irmãos, enquanto os responsáveis estão fora trabalhando, outros precisam cuidar de outros parentes e até mesmo de seus pais.

Continuação de estudo preliminar

A pesquisa que deverá acontecer durante o ano letivo de 2021 deverá ser mais completo do que o realizado pelo governo central entre os meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021, com resultados divulgados em abril.

Na ocasião, foram considerados alunos do ensino fundamental e do ensino médio, mas com alunos do ensino básico excluídos do escopo. Embora a primeira pesquisa tenha sido preliminar, os dados foram capazes de identificar parte do problema.

O primeiro estudo conduzido pelo governo central entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 não obteve dados suficientes e serão aprimorados por uma equipe de especialistas
O primeiro estudo conduzido pelo governo central entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 não obteve dados suficientes e serão aprimorados por uma equipe de especialistas

De acordo com os resultados, alunos do ensino fundamental que se tornam jovens cuidadores começam a se ocupar em cuidar de seus irmãos mais novos ou parentes mais velhos entre os 9 e 10 anos de idade.

Já no ensino médio os jovens cuidadores começam por volta dos 12 anos. Apesar de identificar em qual momento os alunos japoneses precisam dividir sua atenção e foco em suas próprias vidas e na vida dos outros, ainda há muitas lacunas a serem preenchidas.

Alcance e limites

A pesquisa para identificar os jovens cuidadores precisa ser melhor desenvolvida para que as perguntas feitas pelo governo sejam compreensíveis e acessíveis para que as crianças possam responder o que está sendo perguntado.

Há muitos casos em que os estudantes não compreendem exatamente o que acontece em suas casas e qual é o seu papel dentro de sua família. Para realizar esse trabalho, os ministérios contaram com a ajuda de especialistas a elaboração de um questionário.

Além de jovens cuidadoras, garotas são mais vulneráveis especialmente quando elas já moram sozinhas e não possuem uma rede de apoio que as suportem
Além de jovens cuidadoras, garotas são mais vulneráveis especialmente quando elas já moram sozinhas e não possuem uma rede de apoio que as suportem

A situação de jovens alunos que assumem responsabilidades em suas casas faz com que o rendimento escolar desses estudantes seja inferior em relação aos que não precisam se preocupar, nem cuidar de outra pessoa.

No entanto, há muitos casos no Japão para ignorar o problema. O envelhecimento da população e empobrecimento das famílias (especialmente as de pais ou mães solteiros) força a criança mais velha se tornar a responsável pela casa na ausência do responsável que trabalha fora.

Trabalhos não-governamentais

Até o primeiro estudo do final de 2020 e início de 2021 não haviam muitos dados, seja coletado por pesquisadores, governo local ou central. Houveram pesquisas em 2015 em Minamiuonuma, prefeitura de Niigada e em Fujisawa, Kanagawa em 2016.

Na ocasião, os dados foram levantados por uma associação chamada Carers Japan. No entanto, em vez de entrevistar os alunos, ouviram os os professores destas cidades, ou seja, uma investigação indireta.

Enquetes mais bem preparadas serão utilizadas para que as crianças e jovem consigam entender o que passa em suas próprias vidas
Enquetes mais bem preparadas serão utilizadas para que as crianças e jovem consigam entender o que passa em suas próprias vidas

Entre os resultados do trabalho da Carers Japan, descobriu-se casos de crianças da quarta série, que cuidavam de seus irmãos menores na ausência dos pais, durante seus turnos de trabalho e uma criança da terceira série que cuidava de sua mãe que sofria alguma psicopatologia.

Outro caso que também chamou a atenção foi a de um jovem aluno também da quarta série, que era o intérprete de sua mãe, uma estrangeira que não dominava o idioma.

Esse tipo de responsabilidade nessa idade interfere na vida escolar, nas escolhas para a vida adulta e pode levar ao isolamento social.

Objetivos

Além do ensino básico, o governo central também pretende realizar a pesquisa com jovens universitários – apesar de não existir definição legal que nomeie alguém com mais de 18 anos como cuidador.

Por meio do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar e do Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia, é esperado mapear a realidade de cada criança e adolescente para entender como atender esse estudante e seus pais.

Após mapeado os jovens cuidadores, a expectativa é de que o governo forneça algum tipo de suporte a esses estudantes
Após mapeado os jovens cuidadores, a expectativa é de que o governo forneça algum tipo de suporte a esses estudantes

Com a ajuda financeira e de profissionais competentes, o Japão quer ser capaz de detectar quem são esses jovens cuidadores antes que o fardo da responsabilidade atrapalhe o desempenho e a vida social escolar.

No entanto, ainda não foram divulgados quais serão as formas de ajuda que o governo fornecerá a esses jovens, nem qual será o orçamento do futuro programa.

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