Maio apresentou o pior índice de desemprego dos últimos 5 meses

Devido a falta de semicondutores e ao estado de emergência ao longo de 2021, o mês de maio apresentou um baixo desempenho econômico no Japão. Confira

Maio foi o mês mais difícil nos últimos 5 meses na oferta de vagas no mercado de trabalho japonês. A taxa de desemprego atingiu 3% no mês cinco, um aumento de 0,2% em relação ao anterior, ou seja, um total de aproximadamente de 2.04 milhões de pessoas estavam sem emprego.

Parte do desemprego é explicado pelos sucessivos estados de emergência declarados e estendidos nas prefeituras mais densas (demograficamente) e ricas do país: Tokyo, Osaka, Kanagawa, Chiba, Saitama, Aichi, Gifu, Hyogo, Fukuoka, Hokkaido, Kyoto, Tochigi e Okinawa.

O aumento do desemprego no mês de maio é explicado em partes pela extensão do estado de emergência em diversas prefeituras
O aumento do desemprego no mês de maio é explicado em partes pela extensão do estado de emergência em diversas prefeituras

O levantamento foi realizado pelo Ministério do Interior e das Comunicações. Outro relatório feito pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar demonstrou que havia 109 vagas disponíveis para cada 100 trabalhadores desempregados, uma queda de 0,01% em relação a abril.

No entanto, os dados divulgados em canais como o Japan Today, Asahi Shimbun e The Mainichi Shimbun não informou quais foram os métodos adotados pelos ministérios, isto é, não está claro se se trata de desempregos entre profissionais formais ou informais.

Setor de bares e restaurantes

Por causa das restrições da pandemia do SARS-CoV-2, bares e restaurantes se viram obrigados a fechar suas portas durante o estado de emergência, por isso muitos desses pequenos estabelecimentos fecharam definitivamente

De olho nos Jogos Olímpicos de Tokyo de 2020, muitos empreendimentos do setor de alimentação e bebida abriram na segunda metade de 2019. Com a pandemia, a maioria não foi capaz de se manter por não ter formado clientela fixa.

Muitos empreendedores que abriram um pequeno bar ou restaurante ainda em 2019 de olho nos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 não foram capazes de resistir a crise econômica gerada pela pandemia de SARS-CoV-2
Muitos empreendedores que abriram um pequeno bar ou restaurante ainda em 2019 de olho nos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 não foram capazes de resistir a crise econômica gerada pela pandemia de SARS-CoV-2

Apesar dos diversos pacotes econômicos liberados pelo governo central, tanto ao final da gestão do ex Primeiro-Ministro Shinzo Abe, quanto do atual Primeiro-Ministro Yoshihide Suga, o auxílio foi insuficiente para manter o quadro de funcionários em dia.

Ademais, bares e restaurantes receberam valores diários para não operar, já os fornecedores destes pequenos estabelecimentos (que também são pequenas empresas ou empreendedores individuais) receberam apenas uma parcela de auxílio a cada rodada de pacotes econômicos.

Desemprego desigual

Outro problema crônico é a desigualdade no mercado de trabalho. As pessoas mais afetadas pelo desemprego são, por regra, as mulheres. A marca mais assombrosa dessa realidade é o aumento significativo de suicídios entre mulheres no Japão.

O mundo corporativo e o mercado de trabalho japonês ainda são majoritariamente masculinos onde os melhores empregos e os cargos de confiança são em regra ocupado por homens.

Além da desigualdade de gênero no mercado de trabalho, muitas mulheres relatam dificuldades para conseguir obter ajuda do governo e muitas não têm uma rede de segurança com quem possam contar, isto é, amigos ou familiares
Além da desigualdade de gênero no mercado de trabalho, muitas mulheres relatam dificuldades para conseguir obter ajuda do governo e muitas não têm uma rede de segurança com quem possam contar, isto é, amigos ou familiares

Já as mulheres são relegadas a tarefas menos complexas e serviços com menor valor agregado, como garçonetes, atendentes, secretárias, auxiliares, hostess. Logo, enquanto a margem de homens desempregados se manteve em maio, o das mulheres cresceu 0,4%.

No geral, as primeiras baixas de empregos em qualquer segmento são primeiro entre imigrantes e estrangeiros, mulheres e só depois o corte atinge os homens. Isso não restrito apenas ao Japão, é claro, mas o problema econômico das mulheres japonesas (e sul-coreanas) é o mais preocupante dos países desenvolvidos.

Guerra comercial e semicondutores

Outro fator importante para o aumento do desemprego no Japão está ligado a guerra comercial entre EUA e China que deixou o mundo em um apagão no mercado de semicondutores, chips essenciais para a indústria global.

Por conta disso, a indústria japonesa registrou uma queda de 5,9% no mês de maio, a primeira grande queda desde a de 10,5% registrada em maio de 2020, período do primeiro estado de emergência declarado no país.

Guerra comercial entre EUA e China atingem principalmente a indústria de semicondutores, um componente indispensável na indústria moderna
Guerra comercial entre EUA e China atingem principalmente a indústria de semicondutores, um componente indispensável na indústria moderna

Os setores mais afetados da indústria foi o automotivo que despencou 19,4%, fabricantes de chips e maquinas de produção recuaram 5,9% e o setor de equipamentos eletrônicos (TI), maquinário e de comunicações caiu 4,5%.

Outros números negativos registrados foram os embarques industriais com queda de 4,7% e os estoques que caíram 1,7%. Apenas maquinários de transporte (exceção de carros) tiveram alta de 7,2% e produtos químicos 2,2%.

Número gerais de desempregados no Japão

Segundo dados de apresentados pelo governo central, o número de desempregados no Japão aumentou em 100 mil em relação a abril. Além disso, 810 mil saíram voluntariamente de seus trabalhos, um aumento de 70 mil e 630 mil foram demitidos, um aumento de 30 mil.

O Japão registrou aumento no desemprego e queda na oferta de trabalho em maio, o pior resultado dos últimos 5 meses. Foto por Eugene Hoshiko
O Japão registrou aumento no desemprego e queda na oferta de trabalho em maio, o pior resultado dos últimos 5 meses. Foto por Eugene Hoshiko

Foram criados no mês de maio 480 mil oportunidades de emprego, 10 mil a menos do registrado em abril. Para Megumi Wada, pesquisador do Daiwa Institute of Research, é provável que o Japão tenha um crescimento negativo no próximo trimestre.

“A melhora na situação de emprego no Japão depende em grande medida em como o vírus (SARS-CoV-2) se espalha pelo país uma vez que os setores de hospedagem e alimentação são as principais vítimas e os que mais empregam.” – Megumi Wada, Daiwa Insitute of Research

Os números oficiais provavelmente não comtemplam a realidade do trabalho no Japão, afinal, há muitos trabalhadores que passam alguns meses empregados e se veem forçados a esperar uma nova temporada em vagas temporárias.

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