Maio foi o mês mais difícil nos últimos 5 meses na oferta de vagas no mercado de trabalho japonês. A taxa de desemprego atingiu 3% no mês cinco, um aumento de 0,2% em relação ao anterior, ou seja, um total de aproximadamente de 2.04 milhões de pessoas estavam sem emprego.
Parte do desemprego é explicado pelos sucessivos estados de emergência declarados e estendidos nas prefeituras mais densas (demograficamente) e ricas do país: Tokyo, Osaka, Kanagawa, Chiba, Saitama, Aichi, Gifu, Hyogo, Fukuoka, Hokkaido, Kyoto, Tochigi e Okinawa.

O levantamento foi realizado pelo Ministério do Interior e das Comunicações. Outro relatório feito pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar demonstrou que havia 109 vagas disponíveis para cada 100 trabalhadores desempregados, uma queda de 0,01% em relação a abril.
No entanto, os dados divulgados em canais como o Japan Today, Asahi Shimbun e The Mainichi Shimbun não informou quais foram os métodos adotados pelos ministérios, isto é, não está claro se se trata de desempregos entre profissionais formais ou informais.
Setor de bares e restaurantes
Por causa das restrições da pandemia do SARS-CoV-2, bares e restaurantes se viram obrigados a fechar suas portas durante o estado de emergência, por isso muitos desses pequenos estabelecimentos fecharam definitivamente
De olho nos Jogos Olímpicos de Tokyo de 2020, muitos empreendimentos do setor de alimentação e bebida abriram na segunda metade de 2019. Com a pandemia, a maioria não foi capaz de se manter por não ter formado clientela fixa.

Apesar dos diversos pacotes econômicos liberados pelo governo central, tanto ao final da gestão do ex Primeiro-Ministro Shinzo Abe, quanto do atual Primeiro-Ministro Yoshihide Suga, o auxílio foi insuficiente para manter o quadro de funcionários em dia.
Ademais, bares e restaurantes receberam valores diários para não operar, já os fornecedores destes pequenos estabelecimentos (que também são pequenas empresas ou empreendedores individuais) receberam apenas uma parcela de auxílio a cada rodada de pacotes econômicos.
Desemprego desigual
Outro problema crônico é a desigualdade no mercado de trabalho. As pessoas mais afetadas pelo desemprego são, por regra, as mulheres. A marca mais assombrosa dessa realidade é o aumento significativo de suicídios entre mulheres no Japão.
O mundo corporativo e o mercado de trabalho japonês ainda são majoritariamente masculinos onde os melhores empregos e os cargos de confiança são em regra ocupado por homens.

Já as mulheres são relegadas a tarefas menos complexas e serviços com menor valor agregado, como garçonetes, atendentes, secretárias, auxiliares, hostess. Logo, enquanto a margem de homens desempregados se manteve em maio, o das mulheres cresceu 0,4%.
No geral, as primeiras baixas de empregos em qualquer segmento são primeiro entre imigrantes e estrangeiros, mulheres e só depois o corte atinge os homens. Isso não restrito apenas ao Japão, é claro, mas o problema econômico das mulheres japonesas (e sul-coreanas) é o mais preocupante dos países desenvolvidos.
Guerra comercial e semicondutores
Outro fator importante para o aumento do desemprego no Japão está ligado a guerra comercial entre EUA e China que deixou o mundo em um apagão no mercado de semicondutores, chips essenciais para a indústria global.
Por conta disso, a indústria japonesa registrou uma queda de 5,9% no mês de maio, a primeira grande queda desde a de 10,5% registrada em maio de 2020, período do primeiro estado de emergência declarado no país.

Os setores mais afetados da indústria foi o automotivo que despencou 19,4%, fabricantes de chips e maquinas de produção recuaram 5,9% e o setor de equipamentos eletrônicos (TI), maquinário e de comunicações caiu 4,5%.
Outros números negativos registrados foram os embarques industriais com queda de 4,7% e os estoques que caíram 1,7%. Apenas maquinários de transporte (exceção de carros) tiveram alta de 7,2% e produtos químicos 2,2%.
Número gerais de desempregados no Japão
Segundo dados de apresentados pelo governo central, o número de desempregados no Japão aumentou em 100 mil em relação a abril. Além disso, 810 mil saíram voluntariamente de seus trabalhos, um aumento de 70 mil e 630 mil foram demitidos, um aumento de 30 mil.

Foram criados no mês de maio 480 mil oportunidades de emprego, 10 mil a menos do registrado em abril. Para Megumi Wada, pesquisador do Daiwa Institute of Research, é provável que o Japão tenha um crescimento negativo no próximo trimestre.
“A melhora na situação de emprego no Japão depende em grande medida em como o vírus (SARS-CoV-2) se espalha pelo país uma vez que os setores de hospedagem e alimentação são as principais vítimas e os que mais empregam.” – Megumi Wada, Daiwa Insitute of Research
Os números oficiais provavelmente não comtemplam a realidade do trabalho no Japão, afinal, há muitos trabalhadores que passam alguns meses empregados e se veem forçados a esperar uma nova temporada em vagas temporárias.
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