O periódico médico-científico britânico The Lancet, um dos mais renomados do mundo e base para a decisão da maioria dos governos mundiais, lançou um editorial no sábado (12) pedindo por uma conversa global sobre a realização dos Jogos Olímpicos de Tokyo.
O conteúdo publicado é altamente crítico, não apenas com a realização da competição, mas também com a omissão de instituições de peso global como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o CDC (Centro de Controle de Doenças Contagiantes) dos EUA.

Não obstante, os Jogos Olímpicos vão na contramão do próprio interesse do povo japonês que não gostaria que a competição foi realizada e aproximadamente 10 mil dos 80 mil voluntários desistiram de participar.
Além disso, um dos oficiais sêniores do JOC (Comitê Olímpico Japonês), Yasushi Moriya, de 52 anos, cometeu suicídio no dia 06 de junho (domingo) na Nakanobu Station, um evento trágico que sacudiu ainda mais a realização da competição.
Perigo iminente
No editorial deste sábado, a revista elencou uma série de perigos para atletas, jornalistas, comissões, voluntários e outras pessoas que trabalharão diretamente nas competições que estão marcadas para começar no dia 23 de julho.
No entanto, a maior preocupação da revista é com a população japonesa. Isso porque o país anfitrião imunizou completamente pouco mais de 4,8% de sua população de mais de 126 milhões de habitantes.

Daí a forte crítica a OMS e a outras agências sanitárias de relevância global em não se manifestar contra a realização dos jogos. O medo dos especialistas é que novas variantes cheguem ao Japão e se disseminem.
A preocupação é compartilhada por especialistas de saúde japoneses, eles não acreditam que seja possível realizar as competições de forma satisfatoriamente segura, tanto aos atletas quanto aos possíveis visitantes.
Riscos ao fim da competição
Assim como o evento é um risco ao Japão, os jogos também oferecem riscos a todas as nações participantes. Se apenas 1% dos atletas estiver contaminado de forma assintomática, isso contabilizará 150 pessoas de diferentes nacionalidades.
Isso desconsiderando repórteres, familiares, equipe técnica, entre outros profissionais. A probabilidade de importação e exportação de variantes mais contagiosas e perigosas é absolutamente real.

É problema/risco semelhante que o Brasil se colocou ao realizar a Copa América sem ter controlado a pandemia, com pelo menos uma variante própria circulando e correndo o risco de importar novas variantes das nações participantes.
O periódico é enfático ao afirmar: “Todas as nações têm interesse na pandemia de COVID-19 e na segurança dos jogos, mas as discussões ficaram em grande parte com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o governo japonês”.
E continua: “Os riscos dos jogos e como eles estão sendo gerenciados precisam de amplo escrutínio e aprovação”. O editorial incita uma discussão em global considerando a proximidade em que os jogos estão.
Fim do estado de emergência
Atualmente o Japão tem 10 prefeituras dentro do estado de emergência, entre elas, as Região Metropolitana de Tokyo. De acordo com o planejamento do governo central, o estado de emergência será levantado no dia 23 de junho.
No entanto, é considerado ser mantido o estado de quase emergência até o dia 8 de agosto. O Japão conta com o apoio dos países integrantes do G7 (Grã Bretanha, EUA, França, Alemanha, Itália e Canadá) para a realização dos jogos que representa a unidade global para a superação da COVID-19.

Um grupo de especialistas japoneses especialistas em doenças infecciosas deverá divulgar um manifesto elencando os riscos em realizar os Jogos Olímpicos de Tokyo, entre eles, Shigeru Omi, principal conselheiro chefe de um subcomitê do governo dedicado ao SARS-CoV-2.
Para o apreensivo especialista, não há sinais de normalidade em realizar um evento com os Jogos Olímpicos em meio a uma crise sanitária de escala global e sem precedente na história moderna.
Apesar dos alertas de especialistas dentro e fora do Japão, fontes dos comitês de organização e do governo afirmam que os jogos serão realizados este ano e que terão início no dia 23 de julho.
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