Partidos japoneses buscam explorar candidaturas femininas para as eleições no outono

Partidos esperam conseguir mais votos por mulheres terem mais chances de vitória nesta eleição com mudança de pensamento na sociedade

Em uma campanha desesperada para promover a representatividade feminina na política, os partidos japoneses estão buscando aumentar o número de candidaturas de mulheres para as eleições no outono de 2021.

É esperado que a quantidade de candidaturas femininas aumentem na eleição de outono de 2021. Críticos apontam que apenas aumentar o número de candidatas é insuficiente para alterar a atual cultura política do país
É esperado que a quantidade de candidaturas femininas aumentem na eleição de outono de 2021. Críticos apontam que apenas aumentar o número de candidatas é insuficiente para alterar a atual cultura política do país

As eleições elegerão os novos representantes para a Câmara dos Representantes da Dieta, isto é, a câmara baixa, no entanto, críticos alertam para que esse esforço seja mais uma propaganda do que uma mudança real.

Os principais partidos têm planos ínfimos para essa eleição se comparados aos partidos de oposição que possuem planos maiores, mas ainda assim, insuficientes para gerar a inclusão feminina necessária para a política do Japão.

9.9% das cadeiras ocupadas por mulheres

Atualmente, apenas 9,9% das cadeiras da Dieta são ocupadas por mulheres. Os números nas câmaras municipais são mais altos, aproximadamente 22,9%.

Em relação a igualdade de gênero em geral, o Japão ocupa a 120ª posição entre 156 países no ranking de igualdade de gênero.

Na política, de acordo com o World Economic Forum’s Global Gender Gap Index de 2020, o Japão ocupa a 147ª posição.

Mulheres marcham pelas principais vias de Tokyo no dia internacional da mulher exigindo uma mudança estrutural na sociedade japonesa que aumente a equidade de gênero no país
Mulheres marcham pelas principais vias de Tokyo no dia internacional da mulher exigindo uma mudança estrutural na sociedade japonesa que aumente a equidade de gênero no país

Para essa eleição de outono, até mesmo os parlamentares mais inexpressivos esperam ganhar mais um mandato por meio da inclusão simultânea nas listas de representação proporcional sob o sistema de candidaturas duplicadas, uma espécie de coeficiente eleitoral.

Logo, haverá grandes obstáculos para que cargos na Dieta sejam ocupados por figuras femininas mesmo com o aumento no número de candidatas nas fileiras dos partidos políticos.

LDP – Liberal Democratic Party (Partido liberal democrata)

O principal partido político do Japão, o LDP (Liberal Democratic Party) afirmou por meio de Taimei Yamaguchi, presidente do Comitê de Estratégia Eleitoral do LDP, que há uma crise na disparidade de gênero composta na política do país.

O LDP (Liberal Democratic Party) responde por cerca de 60% das cadeiras da Câmaras dos Representantes na Dieta Nacional, no entanto, só terá 15% das candidaturas representadas por mulheres em sua legenda nas disputas desse outono
O LDP (Liberal Democratic Party) responde por cerca de 60% das cadeiras da Câmaras dos Representantes na Dieta Nacional, no entanto, só terá 15% das candidaturas representadas por mulheres em sua legenda nas disputas desse outono

Por isso, o partido que ocupa 60% de todas as cadeiras da Dieta informou que 15% de seus candidatos deverão ser do sexo feminino.

O argumento é que por ter mais chances de vitória, as mulheres deverão ocupar posições de destaque.

Segundo Yamaguchi, não será possível apresentar melhores resultados a não ser que o secretário-geral do partido tome uma atitude mais enérgica.

Oposições

Diferente do partido dominante da política japonesa, os partidos de oposição aparentam um comprometimento maior com as candidaturas femininas em suas legendas (os partidos menores não estabeleceram nenhuma meta para essa eleição).

O DPFP ou DPP (Democratic Party for the People (Partido Democrático para Pessoas), antigo Kibo no To) disse que terá 35% das candidaturas femininas para as eleições desse outono.

Renho Murata, presidente do DPJ (Democratic Party of Japan), foi uma alternativa ao primeiro-ministro Yoshihide Suga. Foto por Akio Kon
Renho Murata, presidente do DPJ (Democratic Party of Japan), foi uma alternativa ao Primeiro-Ministro Yoshihide Suga. Foto por Akio Kon

Já o CDPJ (Constitutional Democratic Party of Japan [Partido Democrata Constitucional do Japão]) informou que terá 30% das candidaturas preenchidas por mulheres e visará 50% das candidaturas para as próximas eleições.

O JCP (Japanese Communist Party [Partido Comunista Japonês]), por sua vez, informou planos de ter 50% de mulheres em sua organização, no entanto, não ficou claro se essa meta será cumprida ainda nessas eleições para a Câmara dos Representantes, e se não, qual será a porcentagem para esta disputa.

Outras dificuldades

As dificuldades para as mulheres assumirem uma cadeira na Câmara dos Representantes vão além. Ainda há questões familiares e fazem muitas mulheres desistirem no meio do caminho.

Por se tratar de um cargo público, viagens e reuniões noturnas tornam o caminho ainda mais árduo. Para não causar problemas familiares, não é raro que candidatas abandonem a disputa eleitoral.

As mulheres que se aventuram em candidaturas políticas no Japão enfrentam dificuldades na estrutura partidária e em muitos casos, dentro de suas próprias famílias. Por causa desse conflito, muitas acabam abandonando a disputa
As mulheres que se aventuram em candidaturas políticas no Japão enfrentam dificuldades na estrutura partidária e em muitos casos, dentro de suas próprias famílias. Por causa desse conflito, muitas acabam abandonando a disputa

Não obstante, o assédio e desrespeito com parlamentares é uma realidade inerente a um universo dominado por homens.

Apesar das dificuldades, é esperado que os partidos políticos estejam cada vez mais cientes de que esse desequilíbrio em pleno século XXI não é mais aceitável, principalmente se tratando da terceira maior economia do mundo.

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