A Ryūkyū Daigaku, universidade nacional na cidade de Nishihara, Okinawa e a startup Mytech Inc. sediada em Kobe, Hyogo, desenvolveram em conjunto um novo teste a detecção para o COVID-19. O resultado sai em apenas dois minutos.
O método desenvolvido pela Ryūkyū Daigaku e a Mytech Inc faz com que o SARS-CoV-2 seja visível com microscópicos marcadores fluorescentes.

“Esse método é rápido e simples. Será extremamente eficiente para diagnosticar muitas pessoas ao mesmo tempo”, disse Takeshi Kinjo, professor assistente da universidade em entrevista coletiva.
Testes antígenos para COVID-19 não são eficientes comparados aos testes PCR. Os novos testes produzidos pela Ryūkyū Daigaku e pela Mytech Inc. por outro lado foram compatíveis com os testes PCR em um ensaio de laboratório de 72% a 94%.
A expectativa é que o novo teste comece a ser comercializado a partir de julho para auxiliar a realização do Jogos Olímpicos de Tokyo com testagens rápidas para o novo coronavírus.
Baixa testagem no país
Embora tenha um baixo número de óbitos relacionados ao COVID-19 em relação aos países mais afetados (8.682), o que revela um controle relativamente gerenciável da pandemia no Japão, o país tem um dos piores índices de testagem entre os países desenvolvidos.
A Coreia do Sul realiza em média 130 testes para cada mil habitantes, o Japão realiza em média 60 testes para cada mil habitantes, menos da metade. Porém, essa não é a única diferença entre esses dois vizinhos industrializados e desenvolvidos.

De acordo com os dados do Banco Mundial, o Japão tem uma população de 126.5 milhões, já a vizinha Coreia do Sul tem 51.6 milhões de habitantes, ou seja, o Japão tem uma população 2,45 vezes maior.
Em uma cidade como Utsunomiya, prefeitura de Tochigi, de 518.594 mil habitantes, por exemplo, cerca 600 pessoas realizaram testes PCR no dia 23 de fevereiro de 2021, mais ou menos 300 pessoas aleatórias nas ruas e outras 300 em uma escola.
Método amplo de pequena escala
As autoridades japonesas consideram que o atual modelo de testagem é suficiente para rastrear novas infecções em todo o país. A considerar o esforço coletivo e o respeito as normas de prevenção da doença, essa política teve um sucesso relativo.
No início da pandemia, o diretor da Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar disse em uma entrevista em março de 2020: “Não é porque o Japão tem a capacidade que devemos utilizá-la completamente”.

Atualmente o Japão realiza cerca de 40 mil testes por dia em suas 47 prefeituras, um quarto da capacidade de testagem que o país possui.
A justificativa para além do relativo sucesso da política de testagem é não sobrecarregar os recursos disponíveis.
Críticas internas
Nem todos concordam com essa política de baixa testagem, especialmente em um momento onde a transmissão local das variantes britânicas (B.1.1.7), brasileira (P.1) e sul-africana (E484K) é uma realidade.

Para o renomado geneticista e pesquisador sobre câncer Yusuke Nakamura: “A política do Ministério da Saúde de evitar os testes em massa para conservar recursos humanos e hospitalares está de cabeça para baixo, completamente equivocada”, disse em entrevista.
Para o Ph.D., as autoridades japonesas desperdiçaram muitas oportunidades em reduzir as contaminações a zero se tivessem investido na testagem em massa.
Yuichiro Tamaki, líder do partido de oposição DPP (Democratic Party for People – Partido Democrático para Pessoas) partilha da mesma opinião que o Dr. Nakamura: “Agora que os casos estão diminuindo, esta é a nossa chance de expandir os testes”.

Em sua proposta a Dieta, Yuichiro Tamaki sugere que o governo central forneça kits de autotestagem por antígenos para todos os cidadãos e estrangeiros residentes no país. Embora não seja o método mais eficiente de testagem, poderá dar uma boa margem ao governo
Testes rápidos poderão ser a solução
Embora os novos testes produzidos pela Ryūkyū Daigaku e pela Mytech Inc. devam ser disponibilizados no mercado em julho para auxiliar os Jogos Olímpicos de Tokyo, seus desenvolvedores não anunciaram quanto custará cada teste.

Ao que tudo indica, os novos testes deverão ter um custo acessível para todos os cidadãos, o que facilitará o rastreamento de novos contágios com a ajuda do app COCOA de rastreamento de contaminados desenvolvido pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.
Fontes e dados: Al Jazeera, Our World in Data, Kyodo News
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