O Jikei Hospital em Kumamoto é o primeiro hospital do Japão permitir que mulheres deem entrada para dar à luz de forma anônima.
Esse modelo de atendimento foi implementado em dezembro de 2019 e recebeu a primeira adolescente em dezembro de 2021.
Uma conferência com a imprensa foi realizada no hospital pelo diretor geral, Takeshi Hasuda, e a responsável pelas consultas anônimas, Makoto Hasuda para divulgar o fato e encorajar mais mulheres e adolescentes a utilizarem o sistema para evitar abandonos e infanticídios.

Embora o sistema implementado no hospital esteja em pleno funcionamento, não há nenhuma lei que regule o modelo adotado pela unidade de Kumamoto. Há dúvidas sobre questões como o registro dos recém nascidos, por exemplo.
Apesar da ausência de uma legislação que dê suporte a esse tipo de serviço, a equipe que dirige o Jikei Hospital de Kumamoto vem trabalhando com o governo local e central para criar uma lei que dê suporte e possa ser implementado nacionalmente.
Partos anônimos
A iniciativa da unidade de Kumamoto da rede Jikei Hospital surgiu por causa do alto número de mulheres que passavam toda a gestação sem acompanhamento médico para manter a gestação em segredo.
Esse sistema de atendimento a gestantes foi implementado e regulamentado na Alemanha em 2014 e serviu como base para o hospital japonês de Kumamoto. A identidade da mãe só é revelada para uma conselheira externa.

O Jikei Hospital também copiou do modelo alemão em 2007 um sistema chamado Konotori no Yurikago (berço de cegonha) para mães que não desejam ficar cuidar de seus filhos. Sob o Konotori no Yurikago os recém nascidos são entregues anonimamente.
Assim como na Alemanha, há a possiblidade das crianças nascidas sob condição de anonimato descobrir a identidade de sua mãe a partir dos 16 anos, em caso de a mãe optar por deixar alguma identificação guardada no hospital para a criança.
A primeira adolescente atendida
Durante a conferência foi informado, que a primeira adolescente a utilizar o sistema entrou em contato com o hospital pela primeira vez por e-mail em novembro, quando já estava no nono mês de gestação.
A jovem informou que gostaria de realizar o parto anonimamente por temer que sua mãe cortasse as relações com ela. Além disso, temia que seu companheiro pudesse agredi-la ao descobrir a gravidez.

Em dezembro foi ao hospital e recebeu alta após dar à luz. Também foi de sua vontade que seu recém nascido fosse entregue a adoção para que pudesse ser acolhido em um lar e recebesse cuidado e amor.
“A mãe e a criança estão saudáveis e em segurança. Nossa equipe já recebeu consultas semelhantes (ao caso mencionado) e seguiremos com a iniciativa”, disse Takeshi Hasuda.
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Encaminhamento após o parto
De acordo com o diretor Takeshi e a responsável Makoto, a adolescente visitou o bebê durante todo o período em que ficou hospitalizada. A equipe do Jikei afirmou que a jovem tinha uma profunda afeição a sua criança.
A equipe do hospital sugeriu para a jovem que ela revelasse sua identidade para no futuro a criança poder saber alguma coisa sobre sua mãe.

De acordo com Makoto Hasuda, a jovem deixou uma cópia de seu registro de estudante, documento que está guardado no cofre do hospital.
“Queremos que não apenas a cidade de Kumamoto, mas também o governo central implemente essa iniciativa o mais rápido para impedir que mães abandonem ou matem seus bebês”, afirmou o diretor.
Em comunicado, um oficial do Ministério da Justiça informou que em geral, os bebês deverão ter a nacionalidade japonesa e registro mesmo sem informações sobre a mãe biológica. Esse caso específico (da adolescente) será tratado individualmente.
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