Com os Jogos Olímpicos de Tokyo marcados para começar em 10 dias a partir da publicação deste artigo (abertura acontecerá em 23 de julho), os cidadãos da capital japonesa enfrentam frustração, aumento de casos de COVID-19 e problemas econômicos.
Por causa do aumento no número de infecções do SARS-CoV-2, o governo central anunciou nesta segunda-feira (12) um novo estado de emergência em Tokyo com fim previsto para 22 de agosto. Essa é a quarta declaração na prefeitura desde o início da pandemia.

Além de restrições durante as competições Olímpicas, as férias de verão do feriado Shichigatsu Bon (Festival Obon) também serão afetadas já que no ano de 2021 cairá no dia 22 de agosto.
Mas a realização dos Jogos Olímpicos no momento é a principal preocupação da sociedade civil e das autoridades sanitárias, afinal, a possibilidade de o Japão importar uma nova cepa e/ou gerar uma variante olímpica é imensa.
Ameaças
Pela primeira vez na história, as competições das Olimpíadas acontecerão sem a presença, torcida e apoio dos espectadores. O peso psicológico e o desempenho dos atletas em relação ao vazio nos estádios são desconhecidos.
Porém, não é apenas a pandemia e as restrições de torcedores que ameaçam o sucesso das Olimpíadas em Tokyo, existem fortes preocupações quanto ao clima.

Os verões no Japão costumam castigar severamente a população pelo calor e pela umidade do ar. Durante o período, não é incomum milhares de internações causadas pelo calor intenso, que aumentam ano após ano.
E na trilha do calor, há forte risco de chuvas intensas, tufões, alagamentos e outras catástrofes próprias da emergência climática. Por último, mas não menos importante, há também o risco de terremotos durante o evento.
Prejuízos econômicos
Quando Tokyo foi escolhida para sediar os Jogos Olímpicos em 2020 na cerimônia de encerramento dos Jogos Rio 2016, muitos japoneses viram uma das melhores oportunidades comerciais de suas vidas com um boom no turismo doméstico e internacional.
Porém, a pandemia destruiu incontáveis sonhos, e os mais afetados pela maior emergência sanitária do século XXI, foram os que abriram pequenos comércios (bares e restaurantes) ainda em 2019 com os olhos no verão de 2020.

No entanto, mesmo nos estabelecimentos já consolidados a situação foi crítica. Fornecedores perderam volume de venda, funcionários foram demitidos e um pequeno estímulo econômico ajudou muitos comércios não fecharem suas portas.
Mas, há outros setores que também foram fortemente abalados com é o caso das hotelarias. Taxistas também foram afetados, especialmente pelas restrições impostas pelo estado de emergência e pela proibição de estrangeiros durante o evento.

Alguns taxistas esperavam oferecer uma experiência de luxo aos visitantes de Tokyo, mas dada a situação, eles serão utilizados para transportar atletas em ônibus e outros veículos oficiais do evento.
Setores de bares e restaurantes também serão forçados a não vender bebidas alcoólicas a partir das 19:00, uma medida que, apesar do auxílio financeiro disponibilizado pelo governo central, é insuficiente se comparado com a perda em vendas por causa das restrições.
Cansaço restritivo
O anúncio de um novo estado de emergência em Tokyo foi um balde de água fria para trabalhadores e demais cidadãos da prefeitura. Há também outras prefeituras em estado de quase-emergência e que deverão encerrar ou estender as restrições: Chiba, Saitama, Kanagawa, Osaka, Hokkaido, Aichi, Kyoto, Hyogo e Fukuoka.
Apesar do aumento expressivo no número de vacinas aplicadas diariamente, o atual ritmo ainda não é o suficiente para assegurar a queda nas infecções causadas pelo coronavírus.

Especialistas apontam que o governo não tem muito mais o que fazer além vacinar e decretar estado de emergência para tentar controlar novos casos. Esse verão deverá se ainda problemático por causa do calor e das aglomerações.
Além disso, a variante Delta, a mais contagiosa até o momento vem aumentando. Na semana do dia 27 de junho, dos testes PCR que deram positivos da prefeitura de Tokyo, 14,7% eram da variante Delta, na semana seguinte já eram 18,7%.
A maior cidade do mundo está enfrentando uma crise sem precedente e a população demonstra sinais de cansaço. O governo central tem certeza de que os japoneses vencerão mais esse desafio, mas isso dependerá de como o governo ajudará seu povo a superar-se.
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