Munchkin é uma raça de gato americana muito popular no Japão e sua característica principal fica por conta das pernas curtas.
Pernas ou apenas patas?
Antes de continuar lendo o texto, uma curiosidade. Algumas pessoas afirmam que gatos não têm pernas, apenas humanos.
No entanto, a anatomia felina possui sim essa característica e o Munchkin tem pernas de até 7 centímetros no máximo.
Gato Munchkin

Essa raça de gato possui além da estética super fofa pelo tamanho mini das pernas e patas, uma personalidade curiosa, cativante e travessa.
Além disso, é amigável, dócil, inteligente e um ótimo companheiro para vida. Costuma se dar bem com outros animais de estimação, dos felinos até os cachorros.

Apesar de suas pernas curtas, ele corre rápido, escala e é super brincalhão. A única diferença fica por conta da dificuldade em dar saltos muito altos, mas dá seus pulos de alturas medianas. Não costuma miar, mas precisa de muita atenção e afeto.
Apoio em duas patas
Uma característica curiosa, esse gato costuma se apoiar em duas patas para ter uma visão mais ampla, o que dá ilusão de que está sentado como humano ou de pé, como um suricato faz de vez em quando.

É preciso lembrar que apesar das características marcantes da raça, o gato possui personalidade única e individual, por isso, seu comportamento pode variar.
Suas principais características além das pernas, é o corpo longo, peito e patinhas arredondadas, quadril firme, testa chata, olhos redondos e alerta.

As cores variam bastante e ele é encontrado de pelagem longa e sedosa, como também com pelo médio ou curto e denso.
Em se tratando desta raça, é possível encontrar o Munchkin de tudo quanto é jeito. A expectativa de vida varia entre 12 a 15 anos.
Leia também
Confira 25 comidas japonesas únicas e curiosas do país
Yoshitomo Nara: artista faz arte para refletir, estimular filosofia e espiritualidade
Necolipa: agência de imóvel do Japão especializada para quem tem gatos
Origens, nome e reconhecimento da raça
Existem registros de gatos com pernas curtas na Inglaterra na década de 30. Além disso, ainda tem relatos históricos na década de 50 na antiga União Soviética (atual Rússia).
Canguru de Stalingrado
Na Antiga União Soviética era apelidado de gato canguru de Stalingrado, devido a sua habilidade de ficar apoiado em duas patas.
Mas, foi nos Estados Unidos em Louisiana que ele foi procriado e reconhecido como raça.
Aliás, existe uma grande controvérsia e foi uma batalha ao longo dos anos. Além disso, ainda causa polêmica entre associações e criadores ao redor do mundo até os dias atuais.
Duas gatinhas embaixo de uma caminhonete
No ano de 1983, a professora de música Sandra Hochenedei de Rayville em Louisiana achou dois gatos embaixo de um carro picape encurralados por um cachorro.
Pernas curtas
Eram dois gatos fêmeas e ambas estavam esperando filhotes. Elas tinham pernas mais curtas e o resto do corpo era do tamanho normal.
Blackberry e seu filhote Toulouse
Ela acabou adotando a gata preta e peluda Blackberry e doou a Blueberry que era cinza.
Blackberry teve filhotes de pernas de tamanho normal, mas um macho nasceu com as mesmas pernas curtas da mãe.
Ele recebeu o nome de Toulouse em homenagem ao pintor Toulouse-Lautrec.
Lautrec teve uma doença óssea e por isso acabou ficando com as pernas curtas e o resto do corpo do tamanho considerado normal entre adultos.
Toulouse vai para Monroe
A professora de música presenteou o gato Toulouse para uma amiga chamada Kay LaFrance de Monroe no mesmo estado de Louisiana.
Gato livre
Kay tinha uma plantação e criava seus gatos livres no seu terreno da área rural. Desta forma, acabou criando uma colônia de Munchkins semi ferais, já que ela não castrou Toulouse.
O gato não teve problema em competir com os outros gatos de pernas longas por caça ou acasalamento.
Sua mãe Blackberry acabou desaparecendo após dar à luz a mais algumas ninhadas.
Colônia formada
As duas amigas, Kay Lafrance e Sandra Hochenedei, se deram conta de que este poderia ser o começo de uma nova raça de felinos, já que uma colônia de gatos de pernas curtas havia se estabelecido na propriedade e no entorno do terreno de Kay.
Nome Munchkin

As duas batizaram a raça de Munchkin por causa do filme O Mágico de OZ. No filme, pessoas pequeninas vivem em um país chamado Munchkinland.
Mutação espontânea e gene dominante
Elas contataram a Dra. Solveig Pflueger, Ph.D e juiza no comitê de genética da TICA (The International Cats Association – Associação de Gatos Internacional).
Ela fez alguns estudos e descobriu um gene dominante autossômico. Ele fazia os ossos das pernas ficarem mais curtos e era uma mutação espontânea.
Raio X
Preocupada que essa mutação pudesse causar doenças ósseas, disfunção espinhal ou alguma degeneração, como acontece com a raças de cachorros Dachshund, Corgi e Basset Houd, ela pediu alguns exames de raios x em alguns felinos Munchkin.
Os exames foram feitos pelo chefe de radiologia da Universidade de Medicina Veterinária do Kansas David Biller.
Sem evidências de problemas, mas sem conclusão
Não foram descobertos problemas de saúde nos gatos, mas os resultados foram considerados indefinidos, já que a raça era recente e sem histórico de linhagem sanguínea, já que o Munchkin vivo mais velho tinha apenas 13 anos de idade.
Essa indefinição é uma das razões para muita gente na comunidade não gostar do Munchkin.
Por isso, nessa época, já surgiram oponentes. No entanto, as duas amigas traçaram características da raça e começaram um programa de criação, já que todos os gatos eram saudáveis.
Luta pelo reconhecimento
Então, em 1991, o Munchkin foi apresentado ao público na competição televisionada da INCATS TICA realizada na Madison Square Garden em Nova Iorque.
No entanto, elas foram rejeitadas pelo júri, pois a raça era recente demais e não existia conhecimento o suficiente.
Raça oficial
Em 1994, elas tentaram novamente e o Munchkin foi aceito no programa de novas raças com estudo de genética.
Eles confirmaram que o gene de pernas curtas era dominante autossômico e ele sempre prevaleceria se estivesse presente no felino, seja fêmea ou macho. No ano seguinte foi oficialmente reconhecido pela TICA.
Polêmicas, preconceito e resistência
No entanto, quando o anúncio foi feito uma pessoa do júri com dez anos de experiência na TICA se demitiu afirmando que a nova raça era uma afronta a ética de qualquer criador.
Logo, outros simpatizantes surgiram e o Munchkin acabou sendo chamado de aberração, apesar de não haver evidências científicas sobre tendências em ter problemas nos ossos.
Amor ao Munchkin
No entanto, outras pessoas do júri se tornaram simpatizantes e ele caiu nas graças dos amantes de gatos.
A polêmica acabou atraindo a atenção do público em geral após vários artigos terem sido dedicados no The Wall Street Journal, um dos periódicos mais lidos nos Estados Unidos atraindo milhares de simpatizantes.
Ao longo dos anos, não foi descoberto nenhuma doença ligada à sua mutação genética espontânea no meio científico e seus problemas de saúde costumam ser comuns a qualquer outro gato doméstico.
Por isso, deve ser vacinado, vermifugado, comer uma dieta balanceada, escovado, ser castrado (se não for criar) e levar ao veterinário regularmente.
No entanto, ainda existe muita desinformação e alguns criadores de gatos continuam não gostando do Munchkin.
Quando existe problemas
Os problemas de saúde acontecem quando o criador não segue algumas orientações básicas de diretrizes da raça.
Além disso, nem todos os filhotes nascerão com esse gene. É muito comum ter ninhadas de gatos com pernas longas e apenas um deles ser Munchkin.
Na época que ele ficou popular nos anos 90, houve uma corrida para ter um filhote nos Estados Unidos, muitos não seguiram as diretrizes e fizeram experiências desastrosas visando apenas dinheiro.
O Munchkin possui um gene dominante autossômico, mas quando o filhote recebe dois genes ao mesmo tempo, ocorrem problemas. Muitos morrem ainda na barriga da mãe.
Por isso, os criadores apenas cruzam o Munchkin com um gato de uma raça diferente para isso não ocorrer.
Como o Munchkin conquistou o Japão?
Após o fim da segunda guerra mundial e principalmente na década de 90, o Japão foi muito influenciado pelos Estados Unidos.
Influências e tendências estadunidenses
Além da cultura pop, muita tendência foi importada ao país e isso pode explicar o amor dos japoneses a esta raça, além de outros quesitos terem influenciado.
Cultura kawaii e adoração aos gatos
Além da cultura kawaii (fofo, bonitinho, meigo) ser forte, existe uma adoração aos gatos, apesar de nem todo mundo gostar de felinos por lá.
Lembrando que apesar de existirem tendências, as pessoas também tem suas personalidades e não é porque nasceu no Japão e existe adoração aos gatos, que todo japonês será assim. Não é porque nasceu no Brasil que vai obrigatoriamente gostar de Carnaval, por exemplo.
É uma adoração presente através de símbolos auspiciosos (Maneki Neko), festivais dedicados, dia especial e até ilhas habitadas. Faz parte da cultura japonesa.
Estética compacta
Ele é um gato muito fofo e suas pernas curtas, que já foram chamadas de aberração, conquistaram os japoneses. A estética compacta e sua personalidade o fizeram ser amado por muitos.

Segunda raça de gatos mais popular do Japão
Uma pesquisa de 2020 realizada pela seguradora de pets Anicom e divulgada pelo site Nippon mostrou que o Munchkin foi a segunda raça de gato mais popular do Japão, atrás apenas do Scottish Fold.
Aliás, existe cruzamento entre os dois resultando em um Munchkin Scottish Fold.
Leia também
Super Nintendo World: conheça um guia completo do novo parque do Japão
Daruma: confira nosso guia completo
Yakuza: saiba como é a vida e a reintegração de ex-membros na sociedade
Chava
A gata Chava da raça de pernas curtas e o irmão Chata de pernas longas se tornaram famosos no Japão através de fotos do Instagram @Chavata
Quando Chava era filhote em 2019, atraiu bastante gente na página porque dormia deitada como um humano e suas fotos viralizaram.

Abaixo dois vídeos fofos, um de um gato com um sono pesado e deitado de costas e outro apoiado em duas patas.
0 comentário em “Munchkin: um dos gatos mais amados do Japão”